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Primeiro evento sobre Consciência Negra de Guabiruba é realizado pela Fundação Cultural

Encontro Roda de Conversa sobre Consciência Negra ocorreu na noite de sexta-feira

Um encontro rico em conhecimento aconteceu na Fundação Cultural de Guabiruba, na noite da última sexta-feira, 19. Cultura, história e respeito foram abordados na I Roda de Conversa sobre Consciência Negra, celebrada todos os anos em 20 de novembro.

Instituída em 2003, a data é marcada pela morte de Zumbi dos Palmares, um afro-brasileiro líder do maior quilombo do país no período colonial, um refúgio para os negros escravizados. Zumbi foi caçado e assassinado pelo governo. Hoje, ele é considerado um dos maiores símbolos da resistência negra no Brasil.

Gabrieli Kohler/Divulgação

O evento reuniu cerca de 40 pessoas. Estiveram presentes membros do Conselho Municipal de Cultura, do grupo de Capoeira de Brusque Barro-Negro, as alunas de Jazz Dance da Fundação Cultural de Guabiruba com a coreógrafa Maiara Eleutério, a atriz Janaína Garcia, a vereadora de Brusque Marlina Oliveira Schiessl (PT) e demais cidadãos.

A conversa foi mediada pela conselheira municipal de Cultura titular da cadeira de História e Preservação Tatiane Mendes da Rocha, guabirubense graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).

O evento teve início com apresentações de capoeira e do grupo de dança. A capoeira, que hoje é um esporte de luta e acrobacias, é registrada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônio imaterial, mas nem sempre foi contemplada desta forma. Ela nasceu no Brasil no século XVI, meados de 1500, a partir dos negros escravizados. Muitas são as teorias sobre o seu surgimento. Alguns dizem que nasceu como uma celebração africana, outros como um esporte, outros afirmam que surgiu como uma rinha, em que os fazendeiros apostavam seus escravos na luta até a morte. Atualmente, a medicina confirma que a capoeira é benéfica para a saúde, auxiliando na melhora do condicionamento físico e emocional.

Conversas

Após as apresentações, foram tratados os assuntos pertinentes. Na ocasião, o padre Airton Franzner, pároco de Guabiruba, que também esteve presente, contribuiu com as suas experiências de missões sociais no Congo (África) e no Maranhão. Eliomar Gomes das Neves, o Mestre Urso da capoeira, e sua esposa Daiana Santos colaboraram com a roda compartilhando suas vivências de migração do nordeste para o sul, o que levantou um debate acerca do preconceito e acolhimento na região.

A vereadora Marlina abordou questões históricas e sociais que permeiam a região e o país. Dentre elas, o preconceito enraizado entre as gerações e a omissão escolar de negros que marcaram história no Brasil com política e educação, além dos escravizados.

“Hoje nós lutamos tanto pelo respeito e igualdade para que no futuro nossas crianças e jovens não precisem lutar”, afirma Marlina. “O sonho do negro é de que a gente não precisasse de eventos como este, porque então seríamos uma sociedade igualitária”, completa Janaína Garcia, atriz do Trama Grupo de Teatro que também esteve presente na roda.

Gabrieli Kohler/Divulgação

Primeiro evento

Este é o primeiro evento sobre consciência negra realizado em Guabiruba. Para a superintendente da Fundação Cultural Jenifer Schlindwein, abrir espaço para o assunto é de extrema importância, uma vez constatada a intensa migração de negros para o município e região, em busca de emprego e melhor qualidade de vida.

“Num contexto geral, ao longo da nossa trajetória, recebemos pouca informação e de forma devida a respeito da cultura afro-brasileira. Esta ação visa celebrar e expor mais sobre a cultura que temos atualmente em nossa cidade. Que sejamos integração e que não somente no Dia da Consciência Negra tenhamos respeito às diferentes manifestações culturais, mas sim no nosso dia-a-dia”, diz.

Jenifer ainda destaca que a Fundação Cultural segue de portas abertas para atividades e promoções do protagonismo da cultura afro-brasileira em Guabiruba. “Celebramos em conjunto a realização deste ato importante realizado, formativo e cultural”, completa.

Para dúvidas ou sugestões, o fone/WhatsApp da Fundação Cultural de Guabiruba é o 47 3308-3114. A sede fica localizada na rua Brusque, anexo à Cooperativa Viacredi. Ela é aberta de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 13h às 17h.

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