Principais setores de Brusque tiveram reajuste salarial acima da inflação

Crise prejudicou avanços salariais e sociais, mas cenário foi melhor do que o previsto

Principais setores de Brusque tiveram reajuste salarial acima da inflação

Crise prejudicou avanços salariais e sociais, mas cenário foi melhor do que o previsto

Embora a crise nacional tenha dominado o discurso e os noticiários neste ano, as negociações salariais de alguns dos principais setores da economia brusquense garantiram pelo menos a inflação para os trabalhadores, de acordo com levantamento do Município Dia a Dia.

O referencial usado pelos sindicatos laborais como base para os reajustes anuais é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que fechou em 9,6% antes da maioria das negociações. Esse valor representa quanto os preços de modo geral subiram nos últimos 12 meses.

O setor do vestuário, que inclui as costureiras, uma mão de obra forte no município, por exemplo, tem a sua data-base em setembro. O reajuste foi de 9,62%, ou seja, apenas a reposição da inflação.

Já o têxtil, os metalúrgicos e os empregados da construção civil e mobiliário conseguiram acordos mais vantajosos. Todos tiveram reposição de 9,83%, um modesto ganho real de 0,2% em relação ao INPC.

A construção civil teve uma particularidade: o aumento de 9,83% foi para quem ganha mais que o salário-mínimo da categoria. O piso, por sua vez, aumentou cerca de 11%, uma política adotada pelo sindicato empresarial.

Os aumentos concedidos à classe trabalhadora em Brusque não foram dos melhores, se comparados com anos anteriores. Lideranças sindicais reconhecem que o ideal seria existir o chamado ganho real, mas, por causa da crise, isso não foi possível.

Sem perdas

Se há alguns anos os movimentos de trabalhadores batiam o pé em aceitar só a inflação, em 2016 eles concordaram de bom grado em não ter perdas. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Têxteis (Sintrafite), Aníbal Boettger, diz que, dentro do cenário econômico, a negociação “foi razoável”.

Segundo ele, os trabalhadores decidiram em assembleia que este não é o momento por pressionar por aumento e aceitaram os 9,83%. O reajuste foi pago em uma vez, mas o patronal, diz o sindicalista, chegou a propor o parcelamento.

O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgica, Mecânica e de Material Elétrico de Brusque (Sintimmmeb), José Isaías Vechi, afirma que a negociação deste ano “foi muito mais difícil”.

O sindicalista ressalta o pequeno ganho real de 0,2% e a renovação de todas as outras cláusulas sociais da convenção coletiva – outra pauta constante dos sindicatos, que inclui vale-refeição, licenças e outros benefícios.

Setor em recuperação

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Vestuário de Brusque (Sintrivest), Marli Leandro, diz que o setor já não sofre tanto com a crise. Segundo ela, a alta do dólar fez com que a produção de roupas focasse no mercado interno.

Automaticamente, segundo a sindicalista, as empresas locais tiveram maior demanda de serviço. “O cenário não está tão ruim”, diz. “Lógico que tem empresas com problemas, como sempre tem em qualquer período”, ressalva. Marli reconhece que não houve ganho real, mas, no contexto nacional, considera que a negociação foi satisfatória.


Crise prejudica empresários

Se por um lado os trabalhadores tiveram de se contentar com a manutenção do seu poder de compra, sem aumento, os empresários também tiveram de se esforçar para conseguir pagar os reajustes.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), Fernando José de Oliveira, diz que não foi fácil pagar o aumento. No entanto, o sindicato buscou aumentar os salários na inflação.

O piso subiu quase 11% porque, segundo Oliveira, o valor de hoje está muito abaixo da realidade de mercado. Para evitar a informalidade, na qual o patrão paga menos do que o piso e o restante “por fora”, o sindicato tem tentado aumentar o salário-base.

Ingo Fischer, presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica de Brusque (Simmmebr), diz que a negociação foi tranquila, mas teve forte influência da crise financeira. “A classe patronal entendeu que era possível dar o reajuste, e a laboral entendeu o momento”, resume.


20161116_07_ec

Colabore com o município
Envie sua sugestão de pauta, informação ou denúncia para Redação colabore-municipio
Artigo anterior
Próximo artigo