Procura por consertos de eletrodomésticos e roupas cresce em Brusque
Consumidor tem procurado consertar em vez de comprar eletrônicos, eletrodomésticos e roupas novas
O setor de reparos de eletrodomésticos e eletroeletrônicos experimenta um boom no volume de serviços com a crise financeira que atinge o país. Com a situação financeira complicada, muitas pessoas estão preferindo mandar aquela máquina de lavar ou o smartphone estragado para o conserto em vez de comprar um novo. Em algumas lojas da cidade, o movimento subiu consideravelmente.
Um exemplo deste momento vivido pelas lojas de consertos de eletrônicos é a Teksonic, que possui duas unidades em Brusque. O proprietário, Osmar Hassmann, diz que a quantidade de equipamentos que deram entrada nos últimos dois meses aumentou de 15% a 20%. Ele afirma que sem consultar os números já é possível perceber este aquecimento do mercado nos atendimentos feitos no balcão. “No momento, as pessoas procurando consertar os aparelhos em vez de comprar um novo. É uma realidade”, diz Hassmann.
De acordo com o empresário, este aumento representa uma mudança no comportamento dos consumidores. Até o ano passado, muitas vezes as pessoas não autorizavam orçamentos mais caros. Hoje, em alguns casos, até mesmo quando o reparo custa a metade do valor do smartphone novo ele é aprovado. “A procura por conserto de smartphone é que a mais tem crescido”, diz.
Assim como a Teksonic, a Zata Celulares e Informática também registrou aumento no número de consertos de eletrônicos. Um dos proprietários, Tiago Daniel Rosa explica que o estabelecimento trabalha tanto diretamente com o consumidor quanto com serviços terceirizados para outras lojas. Segundo ele, por um tempo o volume de serviço baixou, no entanto, o mercado voltou a registrar alta. “Neste ano, aumentou pelo menos 35% o número de pedidos de conserto”, conta.
“Antes, o orçamento mais caro não era muito aprovado. Hoje, tem smartphone de R$ 1,5 mil que o conserto sai R$ 700 e o pessoal aprova”, diz Rosa. Para o empresário, este comportamento do consumidor é reflexo da situação difícil com a inflação e o endividamento da família brasileira em alta.
Eletrodomésticos também são reparados
E não são apenas os eletrônicos que os brusquenses estão mandando mais para o conserto. Aquela máquina de lavar ou ar-condicionado que quebra também está sendo reparado para aguentar por mais algum tempo. Lilian Graciane Heinz, proprietária da Heinz Conserto de Máquinas e Refrigeração, afirma que no começo da crise o “serviço deu uma trancada, mas voltou”.
Segundo ela, atualmente o número de consertos de seu negócio está de volta aos patamares antigos. “Às vezes, vêm coisas que não compensam consertar. Nós falamos e damos esta opção para o cliente, mas há casos em que mesmo assim a pessoa prefere consertar”, comenta.
Vânio Zanca é proprietário da Zanca Consertos e Instalações. Ele trabalha reparando aparelhos da linha branca em Brusque e região. Ele afirma que a crise teve impacto nas atividades da sua empresa, contudo, a procura por consertos se mantém em nível elevado. “Quando não dá metade do valor de um novo, eles preferem consertar, porque muitas vezes é uma máquina que durou cinco ou sete anos. Então, para que trocar esta máquina que já funciona bem e ele conhece?”, diz.
Até mesmo outros produtos estão sendo reciclados ou reparados para aguentar mais um tempo e assim ajudar os seus donos a aguentar a crise que assola o país. A Oficina de Costura Dona Antonia está cheia de serviço. A proprietária Antonia Rodrigues de Oliveira diz que “não falta trabalho”. “Eu não posso dizer que tem crise”, diz a empresária. A loja dela conserta todo tipo de roupas, desde jeans até camisas. De acordo com ela, muitas pessoas tem preferido refazer aquelas peças já usadas em vez de comprar mais.
Parcelamento é a principal forma de pagamento
Os empresários consultados também indicaram outro traço do comportamento do consumidor de Brusque: o parcelamento. Rosa, da Zata Celulares e Informática, afirma que a “aumentou muito” o número de clientes que pedem para consertar e parcelar o valor. O estabelecimento dele divide o custo em até três vezes. “Antes, as pessoas faziam em uma vez. Hoje, fazem em três, e se fizéssemos em quatro pediriam em quatro”, conta. Isto se reflete também no custo para o lojista, uma vez que as taxas das operadores de cartões são maiores conforme o número de parcelas.
Na Teksonic, Hassmann afirma que a situação não é diferente. “Muitas vezes, os clientes só consertam se nós damos condições de pagamento, de parcelamento”, afirma. Vânio Zanca, que trabalha em consertos da linha branca – como geladeiras, freezers e lavadoras -, também sente isso. Ele considera o mercado brusquense rico, no entanto, muitos dos seus consumidores pedem para parcelar, às vezes no cheque, outras, no cartão de crédito.
Pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-SC) do mês de maio deste ano informa que 13% dos catarinenses dizem estar muito endividados, enquanto outros 26,1% responderam estar mais ou menos endividados. O mesmo levantamento indica que o cartão de crédito corresponde à maior parte das dívidas.