X
X

Buscar

Produtos começam a faltar em Brusque por causa da greve dos caminhoneiros

Dois supermercados da cidade estão limitando a quantidade de leite comprada por cliente por causa do baixo estoque

O reflexo da greve dos caminhoneiros que prejudica o país há mais de uma semana já pode ser sentido em Brusque. Alguns supermercados da cidade estão impondo limites de itens por clientes em certos produtos porque não há reposição. O leite é a mercadoria mais afetada, já que o Oeste catarinense ainda está bloqueado e é de lá que vem boa parte da produção laticínea.

Um exemplo desta situação de quase racionamento é o supermercado Bistek. “Está complicado, eu tenho o leite, que estamos racionando a uma caixa (que contém 12 litros) por cliente. Pães terceirizados, exemplo Thabrulai e Seven Boys, tenho bem pouca coisa para vender, as empresas não estão conseguindo entregar”, afirma o gerente do estabelecimento, Evandro Bez.

E não são apenas os produtos prontos que estão sendo atingidos, a matéria-prima para a produção da padaria do Bistek também está comprometida. Segundo o gerente do superpermercado, está tudo nas carretas, que, por sua vez, estão paradas nas rodovias, nos bloqueios que os grevistas fizeram nas principais vias de Santa Catarina. “Frios, congelados e embutidos estão faltando bastante também”, diz.

No O Barateiro, a situação não é muito diferente. O proprietário do supermercado, José Francisco Merizi, conta que está com problemas na aquisição de leite e carnes, por isso ele instituiu a limitação de 24 litros de leite por cliente. “Tivemos que fazer isso por causa da escassez do produto”, explica.

Na sexta-feira, 27, a empresa de pães também não conseguiu realizar a entrega e este poduto também começou a escassear nas prateleiras. O prognóstico para esta semana não é bom, caso nada mude. “Se não liberarem as estradas, vão faltar mais produtos nas prateleiras”, adverte Merizi.

No Archer, o gerente comercial Udo Wandrey diz a rede de supermercados está conseguindo atender a demanda, mas nesta semana a situação se complica. “[Esta semana] vamos estar vivendo cada dia. Tem que ver as notícias, por exemplo, segunda [hoje] temos muitas mercadorias para receber. Vem ou não? Não sabemos. Vamos ter que avaliar a cada dia”, resume.

No caso dos postos de combustíveis, a situação não atingiu o nível de racionamento, mas preocupa. “Por enquanto temos estoque normal, mas a empresa já nos avisou que tem caminhão que está parado há cinco dias na estrada. Até sexta-feira chegou combustível normal, mas se continuar, vai faltar”, afirma Josiane Isleb, proprietária do Auto Posto Gaivota, que tem a bandeira WDCom.

O Procon estadual não recomenda aos consumidores que façam estoques em casa, para evitar o desabastecimento. No Bistek e no Archer, por exemplo, foram registrados picos de compras de produtos como o leite. A diretora do Departamento de Defesa do Consumidor, Elizabete Fernandes, diz que a lei permite a limitação de produtos em prol do bem coletivo. “Por exemplo, se um único consumidor se dirige até o estabelecimento varejista, e em razão de sua exclusiva vontade adquire todo o estoque de leite, estará prejudicando os demais membros de sua comunidade. Por isso, é justo que a oferta seja limitada a certa quantidade por consumidor”.

Negociações

Depois de dias com as estradas do país bloqueadas por caminhoneiros reivindicando melhor remuneração por fretes e redução do preço do diesel, o governo federal recebeu na última quarta-feira, 25, repsentantes da categoria para dar fim à greve. O governo propôs a sanção da Lei dos Caminhoneiros sem vetos – que institui as condições de trabalhos para os profissionais -, uma carência de 12 meses para todos os financiamentos do BNDES e a Petrobras garantiu que não haverá aumento do diesel nos próximos seis meses.

Apesar disso, a greve continuou, com focos de resistência no Oeste de Santa Catarina, principalmente. Sem sucesso na negociação, o governo de Dilma Rousseff adotou uma linha legalista e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou que os caminhoneiros que estejam bloqueando as rodovias estão sujeitos a multas de até de R$ 10 mil. Ainda assim, algumas vias estão fechadas para veículos de cargas.