Produtos químicos colocam em risco tratamento de água em Brusque e Itajaí
Nos últimos 20 dias, foram feitos pelo menos três descartes danosos no rio
Nos últimos 20 dias, foram feitos pelo menos três descartes danosos no rio
O rio Itajaí-Mirim, nas últimas duas semanas, apresentou uma coloração escura. As manchas que apareceram na água foram monitoradas pela Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema) de Brusque e pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), que fiscalizam, desde a última sexta-feira, 13, dois vazamentos ou descartes de efluentes industriais.
A primeira mancha apareceu no bairro Dom Joaquim, na sexta-feira e, na segunda-feira, 17, voltou a aparecer, próxima à Unifebe. Inicialmente uma mancha, ela se dissolveu na água do rio, alterando a coloração da água como um todo. De acordo com o diretor da Fundema, Paulo da Silveira Mayer, os produtos causadores da mancha são danosos ao meio ambiente, à fauna presente no rio e à vegetação do entorno.
De acordo com o presidente e engenheiro civil do Samae, Roberto Bolognini, nos últimos 20 dias, houve dois lançamentos indevidos de produtos acima do ponto de captação de água para tratamento, no bairro Guarani. “Os lançamentos indevidos colocam em risco o tratamento. Nosso sistema é convencional e não identifica a presença de produtos tóxicos e substâncias químicas na água bruta captada do rio”, explica.
“Quando identificamos uma coloração diferente no rio, paralisamos a captação e interrompemos o tratamento”, diz Bolognini. “Essa cor é um sinal para a interrupção, mas não é determinante, pois ela se dissolve e desaparece em outros pontos do rio.”
O engenheiro afirma que, nesta semana, houve mais um despejo de produtos químicos no rio Itajaí-Mirim. Porém, o lançamento foi abaixo do ponto de captação do Samae, portanto, não afeta o tratamento de água no município, e sim a captação de água feita em Itajaí, pelo Serviço Municipal de Água e Saneamento de Itajaí (Semasa).
Natália Pires, assessoria de comunicação do Semasa, afirma que a captação de água em Itajaí não precisou ser interrompida, pois a mancha de produtos tóxicos se dissipou antes de chegar ao ponto de captação. “Mas nós nos prevenimos e garantimos o armazenamento de água e também da água bruta, para caso fosse necessário paralisar”, afirma.
Para Bolognini, falta maior fiscalização sobre os despejos. “O despejo de segunda-feira não afetou a captação no Guarani, mas certamente afetou a empresa de águas de Itajaí. Os lançamentos indevidos afetam diretamente a qualidade de vida da população e também a administração. Essas agressões têm endereço certo e são uma prática recorrente há anos.”
Ele ressalta que, devido ao período de estiagem, a coloração da água fica mais visível por conta do menor volume de água no rio. “Os responsáveis pelos lançamentos os fazem à noite, em dias de chuva, finais de semana, quando não há fiscalização”, diz.
Fiscalização continua
O diretor da Fundema, Paulo da Silveira Mayer, afirma que o monitoramento do órgão ambiental permanece enquanto não forem identificados os responsáveis pela mancha. Em parceria com o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), a Fundema pretende tornar mais severa a fiscalização.
Até o momento, nenhuma empresa foi autuada por não ter ocorrido flagrante. “Estamos buscando comprovações para autuar o responsável”, explica Mayer. “Para isso, buscamos mais informações, estamos fazendo uma fiscalização em conjunto para apurar a autoria da responsabilidade do vazamento e poder dar uma punição.”
A empresa responsável, quando identificada, será punida civil e criminalmente, pela Fundema e pelo Ministério Público. Da parte do órgão ambiental, a multa prevista pode variar entre R$ 5 mil e R$ 50 milhões, dependendo da proporção dos danos ambientais e do grau de dolo, além de ter colocado em risco a captação de água no município e em cidades vizinhas.