Professor de robótica de Brusque analisa vídeo em que robô quebra dedo de criança em jogo de xadrez: “erro humano”
Júlio Frantz acredita que a responsabilidade pelo acidente foi das pessoas que realizaram a programação
Veículos de imprensa russo divulgaram na última semana um vídeo onde um robô quebra o dedo de um menino de 7 anos durante uma partida de xadrez em Moscou. Presidente da Federação de Xadrez de Moscou, Sergey Lazarev confirmou a informação em declaração à agência de notícias Tass.
No vídeo, o menino faz uma jogada e, na sequência, o robô agarra o dedo dele. Quatro adultos se apressaram para socorrer a criança, que é libertada e retirada da mesa. O presidente da Federação de Xadrez de Moscou afirmou que o robô já havia jogado diversas partidas sem que nenhum incidente fosse registrado.
Mestre e doutor em Engenharia Mecânica e gestor de Projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Centro de Inovação de Brusque, o professor de robótica da Unifebe, Julio Cesar Frantz explica que a causa do acidente foi um erro humano.
“O robô é uma máquina burra, só vai fazer o que o humano mandar. Toda a programação é feita por uma pessoa e, infelizmente, acabou machucado uma criança. A responsabilidade é das pessoas que programaram”.
O professor conta que não encontrou qual o modelo do robô em suas pesquisas, mas acredita ser um robô industrial e não colaborativo. “Pela imagem, não consegui perceber, mas me parece um robô industrial. O colaborativo tem uma tecnologia e detecta quando tem uma colisão, evitando machucar uma pessoa próxima”.
Normalmente, robôs industriais estão dentro de uma espécie de gaiolas, enquanto o ser humano fica em área externa, enquanto os colaborativos são projetados para serem utilizados em parceria com humanos.
“Robótica é usada para o bem”
Ele destaca que, na robótica, todas as ações são programadas por uma pessoa. Na análise dele, uma das causas prováveis do acidente foi que os responsáveis realmente não pensaram nesse risco, portanto foi um erro humano.
“Toda tecnologia tem seus riscos, cabe ao ser humano ter capacidade para programar e levar em conta os riscos envolvidos. A robótica é usada para o bem, mas precisam ser tomados cuidados”.
O professor destaca que a primeira lei da robótica diz que um robô não pode ferir um humano ou permitir que um humano sofra mal. “Quando programamos um robô, uma das primeiras coisas que vamos pensar é na segurança das pessoas envolvidas, os potenciais riscos da operação”.
Júlio elogiou ainda as habilidades soft incríveis da criança, resiliência, capacidade de adaptação, superação, porque voltou no outro dia para jogar. Segundo a Tass, o menino retornou à disputa do torneio após ter o dedo engessado.