Professor que sofreu campanha homofóbica é eleito diretor de escola de Gaspar
Eleição ocorreu durante esta sexta-feira, mas áudios difamando o candidato vazaram na quarta-feira
Eleição ocorreu durante esta sexta-feira, mas áudios difamando o candidato vazaram na quarta-feira
Após sofrer homofobia, o candidato a direção da Escola Professora Dolores L. S. Krauss, em Gaspar, Lodemar Luciano Schmitt foi eleito para ocupar o cargo. A eleição ocorreu nesta sexta-feira, 22.
O professor foi vítima de uma campanha homofóbica promovida pela mãe de um aluno da escola que não queria Schmitt como diretor. O motivo da campanha foi a homossexualidade do educador.
O professor era o único candidato para vaga da direção. Participaram da votação 50 professores e funcionários, dentre os quais 42 votaram sim. Também votaram 135 pais ou responsáveis, com total de 85 votos sim. Por fim, entre os 248 alunos que também votaram, 170 confirmaram o voto favorável ao novo diretor.
Schmitt ficou sabendo da campanha para boicotar sua candidatura por meio de um amigo, que recebeu os áudio através da mãe de um aluno na quarta-feira, 20. “Os três áudios eram bem pesados. Tentamos resolver isso internamente, mas na quarta, feira, às 18h, os áudios viralizaram. Estavam por toda cidade e também fora dela”, explica o professor.
Segundo ele, a mulher responsável pela difamação se retratou em partes. “Ela achou que publicando aquele texto, nós não levaríamos o processo adiante. Eu estou com 45 anos, já tive esse tipo de preconceito, mas agora resolvi dar um basta nisso. É uma forma de mostrar para essa senhora e também para outras pessoas que hoje, graças a Deus, preconceitos como racismo e homofobia são considerados crimes”, afirmou.
Ele declara que pretende entrar com uma ação por danos morais contra a responsável pela campanha. “Sempre que estamos em uma eleição, esperamos que seja o mais honesto possível, com lisura. Mesmo sendo candidato único , era para acontecer o mais tranquilo possível, mesmo assim teve alguém que usou de má fé e de maneira grotesca para mostrar que não me quer como diretor da escola”.
O colegiado da Escola de Ensino Médio Profª Elza H. T. Pacheco, de Blumenau, criou uma moção de apoio a Schmitt. No documento, os funcionários se solidarizam com a causa do então candidato a diretoria.
Além disso, eles argumentam que segundo determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) em junho, homofobia e transfobia são crimes passíveis de punição.
A mulher encaminhou mensagens em um grupo voltado para mães de alunos. Nos áudios ela diz que “as crianças sempre imitam os adultos, então pensa teus meninos imitando o Lodemar? Ele é afetadíssimo. Acho que tem lugar pra ele numa escola secundária, ou numa faculdade, não estou duvidando da competência dele. Eu só não queria que as crianças, tão precocemente, tivessem contato com esse tipo de pessoa”.
A mulher segue afirmando que Lodemar, que tem uma carreira de quase 30 anos como professor, não deveria ser o diretor porque ‘seu lugar não é ali’. “Tem criancinha de seis anos ali, o que vão pensar? É professor ou é professora? Pensem nisso gente”.
Ela conclui o áudio fazendo uma campanha para que o maior número de pais possível vá até a escola votar para que Lodemar não seja o novo diretor – não pela sua competência ou qualificação profissional, mas, como já dito, por ser um professor gay.
Em suas redes sociais, a mãe do estudante pediu desculpas para Lodemar e pelos áudios que encaminhou, após a repercussão negativa.