Professora dá aula há 50 anos e pretende continuar na profissão para fazer a diferença
Dona Nice troca experiências com as colegas e serve de inspiração para as professoras da escola
Professora dá aula há 50 anos e pretende continuar na profissão para fazer a diferença
Dona Nice troca experiências com as colegas e serve de inspiração para as professoras da escola
- 15/10/2019
- 7:01
Quando era menina, Eunice Tavares, hoje com 68 anos, ensinava os irmãos mais novos quando brincava de escolinha com eles. Ela não recorda do dia que a vontade de ser professora surgiu, mas sabia que a vocação para a carreira já existia no seu coração. Em junho deste ano ela completou 50 anos como professora e jamais imaginou que alcançaria essa marca.
Ela sempre chega na escola às 7h e confessa que não tem preguiça de trabalhar. Eunice sente muito amor pela profissão e não consegue se imaginar longe das salas de aula. A professora percebe que serve de inspiração às colegas de trabalho que esperam ter a mesma disposição que ela quando tiverem sua idade.
“Meus alunos são uns amores, eles vivem me abraçando e beijando. Por isso que eu gosto de trabalhar com os menores. Eu acho que não serviria para os mais velhos, cada um tem a sua vocação”, conta a professora do terceiro ano da escola Augusta Knorring.
Trajetória da professora
A moradora de Vidal Ramos veio sozinha para Brusque estudar o magistério em 1968, aos 16 anos. Ela estudava no colégio Cônsul Carlos Renaux e na segunda série conseguiu uma vaga para atuar como professora das crianças.
Em 16 de junho de 1969, ela foi substituir uma professora que entrou em licença prêmio, na escola Dom João Becker. “Eu era uma mocinha de 17 anos entrando em uma sala de aula sem experiência nenhuma. Fui pedindo ajuda e dei conta. Lembro com carinho dos meus primeiros alunos que estavam com sete para oito anos”.
Depois ela começou a dar aulas na escola no bairro Ponta Russa. Além disso, precisava conciliar o trabalho com os estudos no magistério. Posteriormente, ingressou em uma escola em Vidal Ramos. No entanto, no mesmo período a família dela veio morar em Brusque.
Certo tempo depois ela conseguiu transferência para a escola Germano Brandt, no bairro Aymoré, em Guabiruba. Foi lá que a dona Nice, como é chamada pelos alunos, criou raízes. Ela diz que até hoje é convidada para aniversários, casamentos e primeira comunhão de netos dos ex-alunos. “Fui na festa da escola há pouco tempo e quando cheguei lá a recepção deles foi incrível”.
Ela recorda do carinho da comunidade, que chamava ela para almoçar e lhe presenteava pelo serviço prestado às crianças. Pouco tempo antes de se aposentar, começou a trabalhar como secretária na escola João Hassmann, além de ser professora durante todo dia no Aymoré.
Ela se aposentou em 1995, porém continuou a trabalhar na biblioteca do educandário e depois foi para direção da escola do bairro Guarani, onde atuou por 10 anos. Em 2000, ela realizou o sonho de fazer a faculdade de Pedagogia.
Em 2009 ela começou a trabalhar na escola Professora Augusta Knorring, na localidade Cerâmica Reis, onde foi efetivada e atua até hoje. “Percebo que as mães torcem para eu pegar a turma dos filhos delas”, conta.
Agora ela pretende se aposentar pela rede municipal de ensino, aos 70 anos. “Graças a Deus eu tenho saúde e nunca perco o trabalho. Sou sempre a primeira a chegar na escola. Nesses dois anos eu ainda quero fazer a diferença na vida dessas crianças que passarem por mim”, revela. “Nesses 50 anos de magistério eu participei de todas essas mudanças, eu evolui junto”, acrescenta.
Homenagens
No dia 18 de junho ela foi duplamente homenageada pelos 50 anos de carreira. A primeira ocorreu na escola. Vários ex-alunos, familiares, amigos, alunos e colegas de profissão participaram do evento. A emoção tomou conta da professora que teve até uma crise de labirintite e na hora de discursar precisou sentar em uma cadeira para agradecer todo o carinho.
No mesmo dia, ela foi homenageada na Câmara de Vereadores de Brusque, onde recebeu a comenda do mérito profissional. Também participaram da sessão ex-alunos, colegas de profissão e familiares.
“Eu gosto do que eu faço e se você fizer o que gosta, você não está trabalhando está se divertindo”, finaliza com um sorriso no rosto.