Professores de Brusque visitam escolas para mobilizar colegas sobre greve estadual da categoria
De acordo com sindicato, número de adesão ao movimento tem aumentado
Os professores da rede estadual de ensino seguem em greve buscando soluções para as reivindicações para a categoria. Os profissionais, apoiados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte) de Brusque, têm passado pelas escolas da região para conversar com colegas de profissão para aumentar o número de aderentes da greve.
De acordo com o representante do sindicato, Agenor Leal, o comando da greve já passou pelas escolas Araújo Brusque, Feliciano Pires, Padre Lux e Santa Terezinha. Na manhã desta sexta-feira, 26, o grupo foi à escola Ivo Silveira para conversar com os professores e debater o andamento da greve. A principal reivindicação é a descompactação do plano de cargos e salários.
Segundo Agenor, o maior problema enfrentado pelos profissionais de educação está na falta de evolução do salário entre o início e o fim da carreira. “Não há diferença nenhuma. Você inicia hoje a vida no magistério e você está se aposentando, o salário é o mesmo. Então isso é inadmissível em um estado rico como o nosso”.
Ele conta ainda que a região atingiu um índice significativo de adesão à greve. “Estamos com cerca de 130 professores paralisados na nossa regional, que compõem oito municípios. A mobilização está forte”, pontua.
Nas próximas semanas, o sindicato pretende visitar as instituições de outras cidades do Vale do Itajaí.
Em Guabiruba e Botuverá, Agenor conta que ainda há um número pequeno de profissionais aderentes à greve, mas que a partir de segunda-feira, 29, novos professores informaram que vão participar do movimento.
Negociações
Os grevistas seguem aguardando uma proposta concreta do governo do estado para resolver a situação. “A gente espera que o governo tenha a preocupação de fazer com que essa greve não se estenda por um período longo. O desejo dos professores é terminar a greve para ontem”, garante. “Não dá pra ser só na palavra, precisamos de algo escrito”, completa.
Ele conta que, no ano passado, ainda sob a administração do ex-governador Carlos Moisés, houve uma situação semelhante em que houve três meses de greve, mas que nada foi apresentado.
E diz que o problema da greve no setor da educação é diferente do problema de um banco. “Quando um banco para, tem um mês para resolver o problema financeiro. Já na educação [o reflexo] é a longo prazo”.
Ato estadual
Na terça-feira, 30, o Sinte de Santa Catarina fará um ato em Florianópolis. A expectativa dos representantes é de que seja uma grande mobilização.
Na avaliação de Agenor, Brusque tem o costume de “construir a greve dentro da greve”, como um sinal de que os profissionais costumam entrar nos movimentos de forma mais tardia. “Muitos vão aguardando. Vamos ver como é que vai se comportar o movimento a nível de região e a nível de estado”.
Pronunciamento
Na terça-feira, 23, o secretário de Administração de Santa Catarina, Vânio Boing, fez um pronunciamento à imprensa afirmando que o governo estadual estaria disposto a retornar às negociações com os profissionais da educação assim que as atividades fossem retomadas normalmente nas escolas estaduais.
O secretário explicou ainda que, das quatro reivindicações feitas pelos servidores, três já foram atendidas no final de 2023, quando o governo do estado anunciou um concurso público, aumentou o valor do vale-alimentação e iniciou a redução progressiva para encerrar a cobrança de 14% na previdência dos aposentados.
“A proposta feita pelo sindicato faria com que o estado ultrapassasse em muito o limite permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Nós pretendemos retomar as negociações assim que todos os servidores voltarem aos seus postos de trabalho”, finaliza.
De acordo com um levantamento da Secretaria de Estado de Administração, a variação da folha bruta da educação foi superior ao acumulado do INPC dos últimos cinco anos. Na comparação com demais estados da região Sul, Santa Catarina é o que melhor remunera seus servidores públicos.
Ainda segundo nota da Secretaria de Administração, atualmente, a categoria conta com 83.617 profissionais, número que representa mais de 50% do total de servidores do estado. Com o concurso público anunciado, e que deve ter o edital lançado ainda no primeiro semestre de 2024, serão admitidos 10 mil servidores efetivos.
O representante do sindicato de Brusque disse que o posicionamento do secretário é “jogo político”.
“O governo não falou isso na mesa, depois falou isso na imprensa. Isso é um jogo político. Então, isso é uma forma do governo esvaziar o movimento. Então, ele também está medindo força”.
Sobre a Responsabilidade Fiscal, Agenor diz que há dinheiro para o cumprimento das reivindicações. “O governo, cumprindo a pauta do Sinte, não vai entrar na Lei de Responsabilidade Fiscal, não vai acontecer”, menciona. “Nós temos dados concretos. O governo faz uma avaliação e joga, mas ele não apresenta números. O Sinte apresenta números”, afirma.
Expectativa de negociação
Ele garante que as reivindicações da categoria estão dentro da lei e que é possível cumprir dentro da legislação que trata dos gastos públicos. “O secretário sabe que se tivermos uma greve forte, ele vai nos receber. Ele vai apresentar propostas. Ele está apostando, eu acredito, no esvaziamento da greve, uma greve fracassada”, avalia.
Para Agenor, com o andar da situação no estado, o governo deve se reunir para fazer uma negociação com a categoria antes do ato de terça-feira.
Reivindicações
Entre as reivindicações da categoria está a hora-atividade para todos os trabalhadores da educação, benefício do qual os profissionais possuem direito, mas que, segundo eles, não é cumprido.
A descompactação da tabela salarial da categoria é a principal das reivindicações. Professores que possuem uma carreira mais longa, que possuem especializações, mestrado e doutorado, têm, praticamente, recebido o mesmo valor que profissionais em início de carreira.
Assim como a solicitação para realização de concursos públicos, que, também de acordo com eles, o número de professores contratados de forma efetiva é bem menor do que o número de profissionais contratados por regime em caráter temporário.
Outro ponto mencionado é a revogação da contribuição dos 14% para professores aposentados.
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