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Professores participam de palestra sobre autismo na Comunidade Bethânia, em São João Batista

Guédria Motta, mãe de dois filhos com o espectro autista, palestrou para cerca de 70 pessoas

A proposta de discutir a educação especial e inclusão dentro das escolas está em evidência. Por isso, na quinta-feira, 13, o Centro Educacional Juscélia (Ceju), em parceria com as professoras Sabrina Hames, Suzi Hames, Jacilene Rios e Daiani Albino Veloso, promoveu a palestra “Autismo: não desvie o olhar”.

A jornalista Guédria Motta, de Brusque, foi quem ministrou a palestra para cerca de 70 pessoas, entre professores da rede municipal de São João Batista, profissionais da alimentação das escolas, rede privada, professores de Major Gercino, técnicos e professores da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e alguns pais de crianças autistas.

A palestra ocorreu na sala da Casa de Retiros, na Comunidade Bethânia, e teve como propósito estimular a empatia e celebrar as diferenças.

Daiani Albino Veloso

Esta é a sétima vez que Guédria apresenta o material, inspirado nos aprendizados que vivencia na criação dos dois filhos autistas. “Ele sintetiza alguns momentos da minha infância, também marcada pelo autismo e bastante comprometida pela dificuldade de socialização”, detalha.

Durante a palestra, a jornalista também destacou fatos que a acompanham na própria vida adulta e que, apesar de engraçados, demonstram a falta de habilidade para lidar até mesmo com situações banais.

“Apresentei vídeos dos meus filhos desde quando eram bebês, para mostrar os primeiros sinais do autismo. Vale lembrar que, apesar de irmãos, o comportamento dos dois e a forma que o espectro se manifesta em ambos é bem diferente”, conta.

Um dos momentos que prendeu bastante a atenção dos espectadores foi quando Guédria desconstruiu algumas informações que são equivocadas sobre o autismo. Entre elas, o fato das pessoas acharem que uma pessoa com o espectro “surta por nada, é mal-educada ou birrenta, não tem limites, prefere ficar no seu mundinho, é enjoada para comer e não é inteligente”.

O filho mais velho da jornalista teve o diagnóstico inicial de autismo nível dois com sinal severo.

Entretanto, hoje aos seis anos, depois de quatro anos de intervenção, ele já está no nível 1, chegou ao primeiro ano de escola, e consegue acompanhar o conteúdo sem fazer uso de medicamento. “Foi por isso que senti a necessidade de abrir minhas redes sociais também para compartilhar com outras famílias como foi o caminho percorrido até aqui”, explica.

Aprendizado novo a cada dia
Atualmente, Guédria cursa uma especialização em autismo, e informa que a doença hoje já atinge uma a cada 58 crianças no Brasil. Foi durante todos esses anos que ela percebeu que assumir seu protagonismo de mãe foi decisivo para chegar aos atuais resultados.

“Tenho a plena certeza de que o milagre aconteceu dentro da minha casa, e não apenas nas salas de terapia. Todo esse desenvolvimento veio em decorrência do compromisso assumido em família de brincar todos os dias, sem exceção”.

A jornalista ressalta a importância de sentar no tapete, fazer menos uso da tecnologia e se envolver e propor atividades cognitivas que, para a criança, não passam de jogos interessantes, mas que contribuem para o desenvolvimento.

“Se eu fosse professora, vibraria com a possibilidade de ter em sala de aula uma criança especial. Os autistas têm mesmo essa missão de nos tirar da zona de conforto. Não importa se a professora leciona há três décadas. Tudo que aprendeu pode não ser suficiente para ensinar seu novo aluno. E que maravilha deve ser a oportunidade de voltar a aprender, de se desafiar”, conclui a palestrante.