Programa do IFC de Brusque promove o conhecimento sobre as ervas de uso medicinal
Iniciativa envolve diversos projetos ligados ao meio ambiente
Conscientizar os mais jovens sobre o meio ambiente e aproximar a instituição da comunidade são alguns dos objetivos do programa “Ervaterapia – O uso de ervas medicinais no dia a dia”, do campus de Brusque do Instituto Federal Catarinense (IFC).
O programa de extensão está em andamento desde o ano passado, mas começou a funcionar mais fortemente neste ano. A professora Tatiane Sueli Coutinho é uma das integrantes do quadro docente que desenvolve a iniciativa.
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O IFC tem como uma de suas premissas atividades de pesquisa e extensão, além do ensino médio regular. Esses programas de extensão são desenvolvidos por professores, que depois os inscrevem em editais para conseguir bolsas e recursos.
No caso do IFC de Brusque, a professora Tatiane conta que a ideia surgiu de uma situação percebida no dia a dia: muitos estudantes a procuravam para pedir remédios para algum desconforto.
“Não podemos dar nenhum tipo de remédio aos alunos. Então pensei que estava assustador a quantidade de pedidos e a gente bolou esse projeto, para mostrar que nem todo sintoma necessita de um remédio de imediato”, conta a professora.
Tatiane afirma que o uso excessivo de medicamentos pode prejudicar a saúde. “Ficar tomando muito remédio causa dano para o fígado, principalmente. O projeto foi uma ideia tanto dos alunos quanto minha”.
A partir daí, o programa de extensão foi elaborado. O começo foi ano passado, quando o IFC funcionava no antigo prédio do Colégio Honório Miranda.
O programa engatinhava e não havia espaço para plantar as mudas. Os trabalhos ficavam mais no campo das pesquisas.
Neste ano, o programa de extensão foi contemplado em três editais. Com isso, vieram bolsas para os alunos e uma verba para que os materiais fossem comprados, já no campus no Jardim Maluche.
O programa de extensão é subdividido em cinco projetos. Todos são relacionados ao meio ambiente.
Interdisciplinar
Além de Tatiana, professores de outras disciplinas também fazem parte do programa de extensão, assim como servidores técnicos do IFC. Ela diz que o objetivo é pôr o conhecimento na prática com a interação de diversas matérias.
“Sempre buscamos interdisciplinaridade. Para os alunos entenderem que não existe uma caixinha da biologia, da física, da história”, explica a professora.
Ela afirma que os programas de extensão são um diferencial. “É a grande qualidade do IFC, tem a parte de ensino, que é excelente, e tem a parte de pesquisa e extensão, que dá essa formação completa. Para nós, é maravilhoso”.
Conheça os projetos que integram o programa
Horta comunitária com ervas medicinais: o objetivo é desenvolver um horta comunitária com ervas medicinais para uso da comunidade interna e externa e conscientizar sobre a importância dessas como alternativa ao consumo excessivo de remédio alopáticos.
Roberta Mascarenhas, aluna do terceiro ano, explica que os alunos trabalham em equipe. Cada um tem um papel definido, por exemplo, regar as mudas em um dia. Quando é preciso limpar o canteiro, todos participam.
“Sempre gostei, lia antes mesmo de começar o projeto. A Tati chamou e começamos a fazer isso. É legal porque realmente tem esse negócio de equilibrar entre remédios tradicionais e ervas medicinais”, diz a aluna.
Ainda dentro deste projeto será elaborada uma revista em quadrinhos para conscientização da rede pública de ensino de Brusque e região. A estudante do terceiro ano Emile Polheim participou dessa iniciativa, já que gosta de escrever.
“A gente fez uma Liga das Ervas. São quatro ervinhas super-heróis que contam os benefícios delas e falam dos malefícios do uso de remédios, agrotóxicos, etc”, afirma.
O trabalho teve significado ainda maior para Emile. “É algo que sempre gostei, quando entrei na escola, decidi seguir a área da biologia. Acho que a educação ambiental é uma das coisas mais importantes que precisamos ter porque o Brasil é o país com maior biodiversidade do mundo”.
Reaproveitamento de água para fins não-potáveis: o objetivo é educar os alunos sobre a importância do consumo consciente de água diante da crise de racionamento desse bem fundamental para a vida.
Vinicius Verwiebe, do terceiro ano, explica que a primeira parte foi colocar um barril para recolher a água do destilador, que usa 70 litros de água para destilar um litro d’água.
O estudante diz que o projeto é importante e ajuda na manutenção do instituto. “Sempre gostei da natureza e da questão ambiental, mas fomos aprendendo e evoluindo com o projeto”.
Desenvolvimento de website ou aplicativo sobre a Ervaterapia: a ideia é criar uma página na internet para divulgar a importância das ervas medicinais e facilitar o acesso da população para seu modo de utilização, cultivo e importância.
Eduarda Nunes e Adrian José Ramos, do terceiro ano, estão nesse projeto. Adrian explica que o site será dividido em duas partes: em uma delas a pessoa poderá pesquisar pela erva, enquanto na outra a busca será pelo sintoma.
“A gente aprende bastante coisa. Nosso objetivo é ajudar a comunidade, mas aprendemos junto”, diz Adrian.
A colega dele Eduarda também avalia positivamente. “Acho muito bom que, neste projeto, podemos ter contado com várias áreas , é interdisciplinar”.
Estufa ecológica de viveiro de mudas de ervas medicinais: o intuito é fazer uma estufa com garrafas PET, para desenvolvimento de mudas de ervas medicinais para distribuição para a população de Brusque e região. A elaboração deve iniciar no segundo semestre.
A professora Tatiane diz que em palestras e ações é comum que as pessoas peçam alguma muda. Até agora, não tem, mas com a estufa eles terão o que doar.
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A aluna do segundo ano Isadora Bombassaro é uma das integrantes do programa de extensão. Ela acredita que o programa como um todo é importante.
“É uma coisa que eu tinha interesse e com o decorrer do projeto comecei a gostar bem mais. Acho interessante a área da botânica e ervaterapia, porque é uma forma de cuidado que foge da alopatia que temos de tomar remédio sempre e passa a tomar remédios mais naturais”, diz Isadora.
Produção de sabonetes medicinais: para a fabricação é usada uma abordagem indígena, com o objetivo de conscientizar sobre a cultura indígena na população de Brusque e região.
Para a produção do sabonete, utiliza-se ervas medicinais. A professora Tatiane explica que são feitas oficinas para ensinar a fabricação.
“A gente enfatiza que seja alguém de fora, pode ser pai de aluno ou qualquer pessoa que ler o jornal. As inscrições são sempre por e-mail e a gente divulga em nosso site”, diz a professora.