Programa na Unidade Básica de Saúde Steffen auxilia fumantes a largarem o cigarro

20% a 30% das pessoas que fizeram o tratamento conseguiram largar o vício

Programa na Unidade Básica de Saúde Steffen auxilia fumantes a largarem o cigarro

20% a 30% das pessoas que fizeram o tratamento conseguiram largar o vício

Deixar de fumar não é uma tarefa fácil. É preciso dedicação, muito esforço e, acima de tudo, apoio. No bairro Steffen, alguns fumantes estão encontrando este apoio no grupo contra o tabagismo formado na Unidade Básica de Saúde Steffen, criado em abril e que, apesar de ser novo, já começa a colher frutos. Segundo estimativa do doutor Antônio Rabelo, que comanda os trabalhos, de 20% a 30% das pessoas que frequentaram as reuniões e fizeram o tratamento conseguiram largar o vício.

Um dos casos considerados mais emblemáticos para o médico é o do casal Gorete e Sérgio Cavichioni, fumantes de longa data. Dona Gorete tem 53 anos, dos quais passou 39 fumando. Ela conta que tinha problemas de saúde por causa do cigarro. “Eu tinha muita tosse. Deixei de ir à igreja porque tossia muito e o pessoal começava a olhar e eu ficava com vergonha. Também não conseguia dormir direito por causa da tosse”, diz.

Dona Gorete fez parte do primeiro grupo formado na unidade de saúde, ainda em abril deste ano. Ela começou a frequentar o programa de cinco semanas e está seguindo as prescrições médicas. Hoje, fala orgulhosa que não fuma mais. “Faz dois meses que não coloco um cigarro na boca”, afirma. O caminho até chegar a este estágio, contudo, foi difícil. Gorete diz que começou o tratamento junto com a sua amiga, Nair Bruns, e chegou a chorar porque não conseguia parar. “No último dia, eu consegui parar. Eu olhei para a carteira e para o isqueiro na lavação e disse: ‘eu não vou te acender, tu vais ficar aí e apodrecer'”, relembra. Na última reunião, Gorete e Nair puderam dizer que haviam conseguido dar o primeiro passo de ficar um dia sem fumar.

Gorete conseguiu carregar o marido, Sérgio, que fumou por 44 anos, para as reuniões e hoje ele está sem fumar há um mês. Sérgio frequentou o último grupo, que encerrou as atividades em junho. “Se depender de mim, não coloco mais um cigarro na boca”, afirma. Ele também está usando o adesivo de nicotina e diz que esta iniciativa do posto de saúde é importante, porque não teria como comprar os adesivos. “Sem eles seria bem complicado. Dá muita vontade de fumar, mas com os adesivos dá bem menos”, diz.

O casal é unânime em afirmar que a qualidade de vida da família melhorou muito depois que o cigarro foi deixado de lado. Dona Gorete não precisa mais usar a bombinha para seus problemas respiratórios, vez ou outra faz nebulização, mas se diz melhor de saúde. Já Sérgio faz planos. “O dinheiro que a gente gastava em cigarro vamos usar para passear”, diz. Segundo ele, mensalmente, ele gastava de R$ 450 a R$ 460 para sustentar vício.
“A gente sente mais sabor”

Nair, a amiga da dona Gorete, tem 51 anos e fumou por 33 anos. Assim como a colega, ela conseguiu largar o cigarro na última reunião do primeiro grupo contra o tabagismo. O processo não foi fácil, conta. “Foi difícil, tive pressão alta, labirintite e fiquei estressada”, diz. Ela usa os adesivos de nicotina para inibir a vontade fumar e também está há dois meses sem colocar um cigarro na boca, motivo de orgulho.
Em casa, Nair diz que as coisas mudaram e que ela quis parar também por causa do filho, que tem rinite e se incomoda com cheiro do tabaco.

“Depois que a gente para de fumar, a gente sente mais o sabor das coisas, é maravilhoso”, diz. Ela brinca que até mesmo o café tem que ser melhor. Dona Gorete, do início da reportagem, concorda e brinca que a marca mais barata ela não consegue mais tomar, tem que ser do melhor.

Tratamento é longo e exige dedicação

O doutor Antônio Rabelo é o responsável pelo grupo, junto com a enfermeira Danieli Martins. Ele afirma que os medicamentos para o tratamento do tabagismo estavam estocados na Secretaria de Saúde sem utilidade e ele resolveu tomar a iniciativa de dar um fim para aquilo. Os comprimidos, adesivos e chicletes são fornecidos pelo Ministério da Saúde, que tem uma política nacional contra o cigarro.

O programa funciona da seguinte forma: as turmas contam com até 15 pessoas, que passam por uma avaliação na primeira reunião. Elas são consultadas individualmente pelo médico, que define se devem tomar o comprimido ou usar o adesivo. Os chicletes estão em falta. Daí em diante, encontram-se semanalmente para falar do progresso. Ao fim das cinco semanas, o tratamento continua até o terceiro mês, com os medicamentos, e por meio dos grupos de manutenção.

O doutor Antônio, como é chamado por todos, diz que o resultado do trabalho é bastante positivo. “Depois do grupo, conheço os pacientes pelo nome. Hoje, parece que quando vou falar com eles tenho mais intimidade”, diz o médico.
A enfermeira Danieli diz que há casos de desistências, mas que elas são associadas a dificuldades. Uma mulher que estava há dois meses sem fumar, do primeiro grupo, por exemplo, voltou ao vício depois que perdeu um ente querido. São situações como essa, ou o estresse, ansiedade ou angústia que dificultam largar o tabagismo, explica a profissional.

Para conseguir superar estas barreiras, ela destaca a necessidade de apoio. “O apoio da família é fundamental para conseguir largar”, afirma. O grupo de discussão funciona como um complemento a este trabalho que deve vir de casa e da força de vontade do paciente. “É trabalho muito satisfatório quando a gente vê o resultado”, diz Danieli.

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