Projeto de estudante propõe a requalificação urbana de Brusque
Proposta é remodelar a região próxima à Fábrica Schlösser, criando um grande centro cultural
Proposta é remodelar a região próxima à Fábrica Schlösser, criando um grande centro cultural
A requalificação urbana e cultural de Brusque foi o tema escolhido pelo acadêmico de Arquitetura e Urbanismo da Univali, Anderson Beuting, para desenvolver seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
O projeto visa uma reestruturação de toda a área próxima à fábrica Schlösser, com a restauração dos prédios da fábrica e a criação de um novo espaço cultural, com praças, parques, espaço para biblioteca municipal, escola de música e de dança, além da reorganização de toda a área comercial e residencial do local.
“Eu quis fazer alguma coisa que evidenciasse a colonização alemã e italiana, mas que ao mesmo tempo não fosse simplesmente um centro cultural, mas algo que tivesse uma proposta de reestruturação da cidade inteira com base na evolução histórica”, explica.
Com base nisso, o estudante pesquisou a fundo a história de Brusque e percebeu que a evolução do espaço urbano da cidade se deu, principalmente, em quatro linhas coloniais. A primeira, foi a rua das Carreiras, atual Hercílio Luz, onde, segundo Beuting, existiam os edifícios sociais, de lazer e armazéns.
Alguns anos depois, a expansão da cidade foi para o lado da rua São Pedro, onde os imigrantes ganharam seus primeiros lotes. Depois, por volta de 1885, foi formada a terceira linha colonial por meio do rio Itajaí-Mirim, com o local onde hoje é Botuverá, onde ocorreu a colonização dos italianos.
Por fim, o quarto ponto de desenvolvimento do município foi onde hoje é a avenida Primeiro de Maio, após a chegada dos imigrantes poloneses, por volta de 1890. “Após estudar tudo isso, percebi que o ponto central, a ligação entre essas quatro linhas, é a região onde hoje está a praça Vicente Só, próximo da Schlösser, por isso, essa área é o ponto forte do projeto”.
Parques e VLT
Com os conhecimentos históricos, Beuting desenvolveu projetos para cada linha colonial, que, no final, se integram com o ponto central. “O conceito do projeto parte dessas quatro linhas coloniais, para que a partir desse ponto central, que funciona quase como um marco histórico, essas linhas fizessem uma reestruturação do município por si só”, explica.
Na linha colonial do rio Itajaí-Mirim, por exemplo, o estudante propõe a criação de vários parques em áreas que não são ocupadas, o que em época de alagamentos, funcionariam como um bolsão de contenção de cheias natural. “Como a ocupação da cidade se dá de uma maneira próxima do rio, esses parques abrangem grande parte da população”.
Para integrar os parques, o estudante elaborou também um projeto de prolongamento da avenida Beira Rio e uma proposta de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). “A ideia é o prolongamento da Beira Rio e o VLT poderia ocupar ou uma pista de estacionamento ou fazer ele elevado, quase como um sistema de monotrilho, conectando todos os parques”.
Entre a avenida Primeiro de Maio e a rua São Pedro, os chamados eixos culturais, o estudante propõe que seja criado o “Caminho das Vilas”. “Temos a Villa Quisisana, a Vila Schlösser, a Villa Renaux e a Vila Ida, residências das pessoas mais influentes da cidade. Propus nessas edificações a criação de museus, cada um com sua arquitetura própria, ao longo desse eixo cultural”.
Reestruturação do ponto central
O ponto principal do projeto é no cruzamento dessas linhas, ou seja, nas proximidades da Fábrica Schlösser.
O estudante percebeu que nesta área existem poucas pessoas morando, o que torna a região pouco aproveitada. “É uma área próxima do centro e que não é utilizada para quase nada. A ideia então foi reformular essa área de cruzamento entre os eixos”.
O estudante propõe mudar o estádio do Brusque do local para criar uma identidade para a região. “Essa área acaba sendo a porta de entrada para a principal intervenção inicial da cidade, que é a revitalização da fábrica Schlösser”.
A ideia do estudante foi mesclar as diretrizes do que foi proposto para as outras áreas, criando um grande parque urbano, com prédios, espaços comerciais, restaurantes e uma estação para o VLT, que iria até o bairro São Pedro.
Dentro do próprio espaço da fábrica, o estudante criou áreas de convivência para que o prédio que faz parte da história de Brusque pudesse se integrar com o restante do município.
A ideia de Beuting é apresentar o projeto para a prefeitura e tentar viabilizá-lo. “Gostei muito do resultado. É um projeto grande e viável. Quero mostrar para a prefeitura, não precisa tirar do papel 100% das propostas, pode ser feito em etapas, acredito que qualquer parte que for executada a cidade será beneficiada”.