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Pronegócio surgiu em momento de dificuldade para empresários da confecção de Brusque

Primeira edição da rodada aconteceu em agosto de 1997

A Pronegócio foi criada em 1997 como uma tentativa de ajudar as pequenas empresas do setor têxtil de Brusque. Naquela época, as confecções passavam por um período complicado, pois com a inflação controlada devido à implantação do Plano Real, os ônibus com compradores, que por muitos anos iam até a rua Azambuja em busca de mercadorias, abandonaram a cidade.

Integrante da Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque (Ampebr) na época, o empresário Luiz Carlos Rosin foi um dos convidados para participar de uma rodada de negócios em Buenos Aires, na Argentina, naquele ano.

Ele decidiu conhecer o evento, ao lado de empresários de vários segmentos de várias regiões de Santa Catarina. Chegando lá, porém, a rodada de negócios não saiu exatamente como o esperado. A ideia era ir até lá para vender os produtos para os participantes da rodada, no entanto, os argentinos também queriam vender para os brasileiros.

“Foi uma indignação. Os argentinos queriam vender pra nós e nós para eles. Todo mundo voltou bravo. Na volta, já no avião, eu falei que aquele modelo era fantástico, que a ideia era excelente, mas a execução precisava ser diferente. Eu cheguei em Brusque e falei sobre o evento na reunião da Ampebr”, lembra.

A associação, então, decidiu apostar na ideia e os empresários começaram a se movimentar para realizar o evento ainda naquele ano. “Foi algo bem rápido. Acho que fui para Argentina em junho ou julho e a primeira rodada aqui já aconteceu em agosto. Cada um deu cinco clientes, e começamos a organizar”.

A primeira edição da Pronegócio aconteceu em 20 de agosto de 1997, com alguns fabricantes da cidade e compradores convidados. “No primeiro dia não apareceu ninguém para comprar. Eu pensei que daria errado, mas no segundo dia já veio comprador e no fim daquela semana alguns conseguiram vender. Isso foi um estímulo”. 

“Tivemos que nos reinventar pela dor”

A semente da rodada de negócios foi lançada e logo começou a dar frutos. Rosin, que já foi presidente da Ampebr por quatro mandatos e atualmente é vice-presidente da Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas e dos Empreendedores Individuais (Fampesc), lembra que as edições seguintes da Pronegócio tiveram resultado bastante positivo e o evento nunca mais parou.

“Já chegamos a vender 1,5 milhão de peças durante uma edição da Pronegócio. Deu muito certo. Tanto os fabricantes que participam da rodada, quanto os compradores cresceram junto com a Pronegócio”.

Primeiras edições da Pronegócio foram no Hotel Monthez | Foto: Ampebr/Divulgação

De lá pra cá, a Ampebr em parceria com o Sebrae, já promoveu 56 edições da Pronegócio. São realizadas, em média, de três a quatro edições do evento por ano. Em cada edição, são cerca de 200 vendedores e 600 compradores participantes. De acordo com a entidade, a média de peças comercializadas, por edição, é de 940 mil.

Olhando para o início, Rosin afirma que nunca imaginou que o evento chegaria a essas proporções. “O início foi uma questão de sobrevivência. Pensávamos que seria uma solução momentânea, mas foi dando resultado, chegamos até a exportar para alguns países. Foi um avanço muito grande. Naquele momento, tivemos que nos reinventar pela dor. E deu muito certo. Assim como foi no ano passado durante a pandemia”.

Garantia para ambos os lados

A Pronegócio, que é considerada a maior rodada de confecção do Brasil, é o principal canal de vendas de muitas empresas da região. O modelo é extremamente importante para as micro e pequenas empresas, e ainda mais para aquelas que estão começando. “A minha empresa, até o ano passado, dependia 40% da Pronegócio, mas para muitas, a dependência é de 100%”, ressalta o empresário.

Para as pequenas empresas que estão iniciando no mercado, a rodada de negócios consegue facilitar o contato com os clientes, que são selecionados. Com isso, o índice de perdas é muito baixo, já que a Ampebr faz todo o controle da entrega da produção e também do pagamento.

“Isso é fundamental para quem é pequeno. Tanto o vendedor quanto o comprador tem garantias. É um ambiente de total confiança”, destaca o vice-presidente da Fampesc.