PSB e PPS podem formar novo partido
Em Brusque, legenda nasceria com dois integrantes do primeiro escalão da prefeitura
O anúncio oficial do início do processo de fusão entre o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Popular Socialista (PPS) pelas executivas nacionais de ambas as siglas poderá ter impactos no cenário político de Brusque. O PPS conta com um vereador, André Rezini, e o PSB é coligado com o Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB), representado na Câmara por Moacir Giraldi. Em caso de união, poderá surgir uma legenda com lideranças com envergadura política para o ano que vem.
O fator motivador das fusões entre partidos é a reforma política, que deve ser votada em breve pelo Congresso Nacional. Ainda há muita discussão acerca de alguns pontos – como o melhor sistema de votação, se o distrital, em lista ou misto -, no entanto, o fim das coligações nas eleições para o Legislativo é um ponto quase pacífico entre as principais lideranças políticas.
Se for aprovado o fim das coligações, os partidos nanicos deverão ter mais dificuldades para conseguir eleger candidatos, porque possuem menos estrutura e força política. Por exemplo, em Brusque, nas eleições de 2012, o PSB coligou com o PTdoB e o PTB e conseguiu eleger um vereador. Se não houvesse a união entre as legendas, o número de votos necessário para que um parlamentar fosse eleito seria maior.
Esta dificuldade enfrentada pelos pequenos está motivando as fusões, a do PSB com o PPS é a primeira após o início das conversas de reforma política, bandeira defendida pela maior parte dos partidos no Congresso Nacional. No ano passado, os dois partidos já tinha a intenção de se unir, no entanto, o processo parou antes das eleições presidenciais.
Dagomar Carneiro, presidente municipal do PSB, avalia a provável fusão entre os partidos como benéfica. “É positivo para o PSB e também é interessante para o PPS, porque nesta reforma política um dos pontos é acabar com as coligações e isso vai fazer com que os partidos pequenos tenham muita dificuldade de se manter”, afirma Carneiro, que já foi deputado estadual e vice-prefeito de Brusque.
Segundo Carneiro, a tendência é que haja outras fusões no plano nacional. “Hoje, são mais de 30 partidos. Acredito que sete ou até dez partidos é o bastante”, diz o presidente do PSB.
Célio de Camargo, presidente municipal do PPS, diz que está acompanhando o processo de fusão, contudo, ainda não recebeu orientações do diretório estadual e da executiva nacional sobre o que será feito. Segundo ele, não houve contato com o PSB brusquense para tratar da fusão. “O PPS é pequeno, embora tenha muita história. É um partido que desde o primeiro momento é oposição no governo federal. É um partido extremamente bem posicionado no seu ideário, mas a gente não pode esconder que é pequeno”, afirma Camargo.
Novo partido chegaria forte em 2016
Com vistas nas eleições de 2016, ambos os partidos poderiam lucrar com fusão no cenário municipal. De acordo com Dagomar Carneiro, o PSB tem, aproximadamente, 200 filiados em Brusque. Dentre eles, o superintendente da Fundação Cultural de Brusque (FCB) e empresário Michel Belli. Com nomes conhecidos, o novo partido, que deverá permanecer com o nome de PSB e o número 40, teria maiores chances de conquistar assentos na Câmara de Brusque.
“A nossa intenção é fortalecer o grupo. Na eleição passada, fizemos a coligação com o PTdoB e mesmo com o partido recém-criado fizemos a maioria da legenda, mas acabamos elegendo o vereador Moacir Giraldi. Queremos fazer pelo menos dois vereadores. Este é o nosso projeto”, afirma Dagomar Carneiro.
O pessebista avalia que se a fusão entre os partidos se concretizar, a base de apoio para o novo PSB será forte para o pleito de 2016. Com dois vereadores na Câmara – Moacir Giraldi e André Rezini – e dois integrantes do atual governo (caso seja mantido no poder), Belli na FCB e o diretor-presidente do Instituto Brusquense de Previdência (Ibprev), Célio Camargo. “Em uma possível coligação, o projeto seria eleger quatro vereadores”, afirma.
Já o PPS conta com cerca de 240 membros em Brusque, segundo o presidente municipal Célio Camargo. Atualmente, o partido conta com um vereador e o próprio Camargo no Ibprev, em comparação com o PSB que tem um secretário no governo interino. “Em Brusque, está em aberto. Com certeza, se houver a fusão vai haver um crescimento com o surgimento do novo partido”, afirma.
PTdoB e partidos nanicos
O PTdoB, que se coligou com o PSB em 2012, é uma terceira parte envolvida neste processo de fusão. Segundo Dagomar Carneiro, já existem tratativas com os integrantes do partido para que eles componham a nova sigla. O presidente municipal do PTdoB, Geraldo José Duarte, diz que as conversas são “bem preliminares” e que elas envolveriam não só sigla dele, mas outros quatro ou cinco partidos.
Neste caso, não haveria a união entre os partidos, porque no âmbito nacional não houve tratativas neste sentido. O que aconteceria é uma debandada de membros dos outros partidos para o novo PSB.
Após tentativa frustrada, PSB e PPS anunciam fusão
Na quarta-feira, 29, a executiva nacional do PSB decidiu com apenas um voto contra pela fusão com o PPS. Após o encontro, Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, e Roberto Freire, presidente do PPS, concederam entrevista coletiva para explicar como irá funcionar a fusão.
Segundo Freire, a nova sigla já nascerá fazendo oposição ao governo de Dilma Rousseff. Siqueira diz que o PSB passará por três fases antes de sacramentar a fusão. Siqueira se reunirá com os presidentes estaduais do PSB e com as bancadas federais na Câmara e no Senado. Além disso, haverá Congresso Nacional Extraordinário em junho para aprovar a fusão.
A expectativa é consolidar a fusão o mais breve possível. Se a união se confirmar, a nova legenda terá 45 deputados federais; oito senadores, contando com a entrada da ex-prefeita de São Paulo pelo PT, Marta Suplicy; três governadores; 92 deputados estaduais; 588 prefeitos, sendo quatro deles de capitais; 5.832 vereadores e 792 mil filiados.