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Pulseira Inteligente e Obesidade Infantil

Li, num jornal, que autoridades da educação básica do Chile estão empenhadas em combater a obesidade infantil. Pesquisa apontou que 25% das crianças são obesas e outros 25% estão acima do peso. Ou seja, metade das crianças chilenas são obesas ou estão com uns quilinhos a mais. Num país ainda pobre, dizem os estudiosos que […]

Li, num jornal, que autoridades da educação básica do Chile estão empenhadas em combater a obesidade infantil. Pesquisa apontou que 25% das crianças são obesas e outros 25% estão acima do peso. Ou seja, metade das crianças chilenas são obesas ou estão com uns quilinhos a mais. Num país ainda pobre, dizem os estudiosos que esses números são alarmantes, porque se o país ficar mais rico, a tendência é ficar mais gordo, também. Mais prosperidade, mais comilança, mais gente acima do peso normal, que não deve ser confundido com a magreza esquelética das manequins de passarela. Afinal, a beleza está no equilíbrio entre a carne e o osso.

Diante do preocupante número de crianças acima do peso, as autoridades chilenas aprovaram o Plano Contrapeso. Ao que tudo indica, pretendem investir forte na educação alimentar infantil. De forma correta, sabem que é muito difícil mudar a prática alimentar dos mais velhos, habituados a uma dieta já consolidada e herdada da geração anterior. Então, o caminho é educar as crianças para que, um dia, sejam adultos acostumados a uma dieta saudável.

O Plano Contrapeso contém 50 medidas para estimular hábito alimentar e prática esportiva saudáveis. Entre tais medidas, uma chamou-me a atenção. É a proposta de entregar 130 mil pulseiras inteligentes aos alunos do 7º ano do ensino básico. Receberão, também, um computador que poderá ser conectado ao bracelete eletrônico. Assim, devidamente orientadas, essas crianças, com seus relógios da dieta saudável no pulso, poderão fazer o autocontrole da sua caminhada, do seu sono e, o mais importante, das calorias ingeridas. Enfim, estarão sendo estimuladas a comer melhor, em quantidade e em qualidade.
Não sei se essa tal de pulseira eletrônica ajudará a reduzir o peso das crianças chilenas. As próprias autoridades educacionais sabem que se trata apenas de uma ferramenta e que o mais importante é uma sólida e convincente educação alimentar. Na sociedade em que vivemos, somos bombardeados por uma intensa propaganda a nos convidar para consumir sem limites.

No Brasil, ainda de tanta violência e criminalidade, estamos a colocar tornozeleiras eletrônicas em nossos condenados da justiça criminal. No país andino, sem tanta delinquência para enfrentar, darão pulseiras espertas. No futuro, certamente, suas crianças terão uma vida adulta mais saudável.

Pulseira eletrônica à parte, é interessante notar que o Estado contemporâneo, além de tantas outras funções, assume a tarefa de cuidar também do peso das pessoas. Vejo aí, uma certa contradição. Queremos liberdade para comer bem e melhor. Mas, se ficarmos mais gordos, o Estado que resolva o nosso problema.