Quais as medidas do Samae e da população sobre estiagem que afeta abastecimento
Autarquia anuncia medidas para minimizar efeitos enquanto população de alguns bairros passam por apuros
Em um período de estiagem, bairros de regiões periféricas de Brusque como Dom Joaquim, Zantão e Ribeirão do Mafra têm tido o abastecimento de água do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) seriamente afetado. No caso destes locais, o serviço é provido por meio de sistemas isolados.
Alguns sistemas chegam a estar praticamente secos porque as chuvas têm sido raras neste período do ano. O diretor-geral do Samae, Dejair Machado, pede à população que economize mais água do que de costume até que volte as chuvas voltem com mais intensidade. Ele garante ainda que a autarquia está trabalhando em medidas que diminuam os impactos.
“Estamos providenciando medidas emergenciais que vão desde manobras do abastecimento nos pequenos sistemas, abastecimento de reservatórios com caminhões-pipas. Uma estiagem tão prolongada como a que estamos sentindo nunca foi vista”, enfatiza Machado.
O diretor-geral ainda afirma que não há previsão para novas chuvas significativas, que ajudem o reabastecimento. O diretor da Defesa Civil de Brusque, Carlos Alexandre Reis, afirma que estão previstas chuvas para este domingo, 19, à noite. No entanto, não ultrapassariam os 6 mm, sendo insuficientes para causar algum efeito positivo à situação atual, que deve continuar pelos próximos 18 dias.
De acordo com Ciro Groh, do blog Observador do Tempo, Brusque está há cinco meses com déficit pluviométrico. Confira os dados a seguir:
- Abril: 56,9 mm
- Maio: 51,4 mm
- Junho: 67,5 mm
- Julho: 10,7 mm
- Agosto: 23,1 mm (até dia 13)
A última chuva minimamente relevante foi no em 3 de agosto, com 14,9 mm. Ainda de acordo com Groh, o rio Itajaí-Mirim registrou nesta segunda-feira, 13, seu nível mais baixo de 2018, com apenas 79 cm de profundidade.
Moradores do Dom Joaquim passam dificuldades
Uma moradora do bairro que preferiu não se identificar na reportagem relata que, desde julho, sua residência fica sem água em um a cada seis dias. Até esta segunda-feira, 13, ela e a família tinham que visitar a irmã para tomar banho, mas acabou a água do local também.
A população tem tentado entrar em contato com o Samae frequentemente. De acordo com a moradora, a única resposta recebida foi de que é necessário aguardar pelas chuvas.
“Minha louça está toda na pia desde 9 de agosto, a roupa está acumulada desde o mês anterior porque tive que deixar a água que utilizaria na lavação das roupas para o banho. Nunca aconteceu isso, já houve meses sem chuva, mas nunca faltou água”, conta.
Osmar Júnior mora na rua Manoel Leopoldo de Pinho com a família e também sofre com a falta d’água no bairro. Ele consegue, por enquanto, se manter com a ajuda de uma construção próxima que puxa água do matagal que fica nos arredores. O transporte para casa é feito com baldes. O morador conta ainda que uma vizinha que não tem parentes na região já chegou a ir para Biguaçu, na casa de familiares, apenas para tomar banho.
“Imagina uma pessoa que não tem água em casa e quando vai pedir explicação, solução, dizem que tem que esperar chover. É o que acontece com o Samae. Também tem o problema do frio, tendo que ir buscar água gelada, de balde, às vezes à noite. Completamos sete dias sem água”, relata.
Morando na mesma rua, a família de Juliana Bernardes passa pelo mesmo problema. Ela conta que o jeito de lidar com a situação é ir para a casa da mãe, no Centro. Há anos, sua residência no bairro Dom Joaquim tem o problema da falta de água, principalmente durante a tarde. A caixa d’água só é reabastecida durante a noite, mas agora a situação se agravou.
“Já não temos mais refeições em casa por causa deste problema. Eu deveria preparar comida em casa, tenho um filho pequeno e faz diferença”, lamenta.