A qualidade de vida dos trabalhadores da atenção primária de saúde, em Brusque, é considerada baixa, segundo uma pesquisa realizada pela Secretaria de Saúde.
A pesquisa científica, assinada por Inajá Gonçalves de Araújo, Jones Trajano Ceci Emann e Roselaine Silvana Pereira Favaro, foi realizada em 2022. Na ação, 270 pessoas que atuam nas 27 unidades básicas de saúde (UBS) do município foram avaliadas.
“Não foi possível atingir a todos, devido a afastamento por motivo de saúde, licença, férias e por alguns estarem em visita domiciliar no momento da aplicação do instrumento, apesar disso, dos 488 servidores, 59% participaram da amostra deste estudo”, ressalta o documento.
Outros 40 servidores estavam afastados do trabalho, segundo levantamento de informações no portal de transparência do município. A pesquisa avalia que este número expressivo pode estar relacionado com o cenário demonstrado no estudo, já que uma baixa qualidade de vida causa adoecimentos. Contudo, não foi verificado para a pesquisa o que motivou cada afastamento.
Além disso, dos que responderam a pesquisa, 83% eram mulheres e 17% eram homens. O maior percentual contempla a faixa etária de 31 a 50 anos, com 64%; entre 20 e 30 anos, 25%, e 51 a 70 anos, 11%. A maioria dos avaliados são técnicos de enfermagem, 70 pessoas, e agentes comunitários de saúde, 65.
Conforme Inajá, que é coordenadora de Saúde Mental Municipal, o objetivo da análise foi criar ações para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, a partir de discussões de novos projetos e processos de trabalhos mais saudáveis.
“A gente vai dar continuidade na pesquisa e teremos uma ação, em parceria com a Unifebe, em 27 de setembro com os profissionais referente a essa análise. Será um trabalho psicológico visando a melhoria da qualidade de vida, realizado com os acadêmicos de psicologia do 7º e 8º período, junto com as unidades de saúde”, anuncia.
Metodologia
A pesquisa foi feita por meio do teste WHOQOL-bref, uma versão abreviada do WHOQOL-100, desenvolvido e recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Foram avaliados profissionais de ambos os sexos, com idade entre 20 e 70 anos e com nível de escolaridade diversas.
O WHOQOL-bref detecta a qualidade de vida a partir da leitura de alguns domínios como: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. Além disso, foi usada uma abordagem quantitativa, com idas a campo para coletar informações.
Ainda, a pesquisa abordou outros aspectos, tais como doenças prévias, uso de medicamentos, satisfação com o trabalho, bem como análise socioeconômica e pessoal. Estes aspectos englobam tanto a percepção da qualidade de vida quanto a satisfação com a saúde.
O questionário usou a escala de Likert, que avalia de 1 a 5 – sendo 1 muito ruim, 2 ruim, 3 nem ruim nem boa, 4 boa e 5 muito boa.
Resultados
Considerando na escala de Likert, a média geral obtida foi de 3,45, o que corresponde a uma pontuação de 64,58 do total dos domínios. Portanto, como o mais próximo de 100 indica melhor qualidade de vida, foi constatada uma percepção regular de modo geral nem boa nem ruim.
O domínio do meio ambiente apresentou a menor pontuação, com 61,91 na escala entre 0 e 100. Ele aborda questões sobre segurança diária, ambiente físico, clima e poluição, transporte, saúde, acesso à informação e moradia.
A segunda menor pontuação se deu no domínio relações sociais com 63,44, que considera questões sobre satisfação com amigos e familiares, apoio e vida sexual.
O terceiro menor escore foi o psicológico com 65,68, que aborda o sentido da vida, concentração, aceitação e sentimentos negativos.
Já a melhor pontuação foi no domínio físico com 66,60. Nele, são tratados de questões como dores, locomoção e satisfação pessoal.
Por fim, a média da autoavaliação sobre a qualidade de vida alcançou 66,25. Após a análise dos dados, foi concluído que todos os domínios tiveram média regular.
Baixa qualidade de vida
Conforme a pesquisa, os resultados evidenciam que a qualidade de vida dos trabalhadores das UBS de Brusque é considerada baixa e não se enquadra na classificação ideal, que seria boa ou muito boa de acordo com a escala de Likert.
O psicólogo Jones Emann, que atua no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (Caps AD), avalia que é preciso olhar com cuidado para esses profissionais, pois a saúde mental deles impacta diretamente no atendimento prestado à população.
“Sabemos que não é nada fácil estar na linha de frente desses serviços, que exigem muito do psicológico e do emocional do servidor, dar conta dos problemas de saúde da população e das dificuldades da alta demanda dos atendimentos que são geradores de estresse no ambiente de trabalho”, aponta.
Jones reforça que o estudo cita algumas sugestões que podem ser implantadas e/ou incentivadas para melhorar a qualidade vida dos servidores, tais como: atividade física, exercícios para melhorar a postura corporal, caminhadas, Hatha Yoga, ginástica laboral, programas visando a redução de peso. “E outro ponto interessante seria a implantação exclusivo de serviço de atendimento em saúde mental para os servidores”, continua.
Novas pesquisas
Agora, segundo Inajá, a rede prepara uma nova pesquisa com os professores e monitores da rede municipal de ensino.
“A gente identifica que após a pandemia, as classes mais atingidas foram os profissionais de saúde, da educação e da segurança pública. É importante a gente ter, como gestão pública, um olhar para quem cuida, cuidar do cuidador. Neste momento, é de suma importância parar e ver a saúde de quem cuida de nós, dos nossos filhos e da nossa segurança”, explica.
Por fim, Inajá adianta que o trabalho também será feito com as equipes de saúde mental, nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). “Esses profissionais trabalharam muito no período e continuam trabalhando após a pandemia, pelo aumento significativo de doenças mentais pós-pandemia. Eles serão acolhidos e cuidados neste momento”, completa.
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