Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Que “imagem” você faz de Deus? (2)

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Que “imagem” você faz de Deus? (2)

Pe. Adilson José Colombi

Na semana passada, vimos a imagem de um Deus patrão que tem seus súbditos submissos e as consequências de uma espiritualidade baseada nessa imagem. Tem, porém, outros que formam a imagem interior de Deus como um Magnata extremamente rico. Seguindo à risca o que está no salmo 49, 12: “A terra inteira me pertence.” Daí, nasce a atitude: se ele é dono de tudo, deve ter um jeito de conseguir um pedaço desse bolo. Vai-se procurar um modo de acertar o caminho para pôr a mão em algo desse tesouro. Chega-se a conclusão que a melhor via é a obediência ao que ele pede. Custosa, mas paciência. É o que sobra para poder ter o que desejo. O desejo de ter me faz ser absorvido pela posse do que vou receber.

Se Deus é visto e imaginado como possuidor de todas as riquezas, a relação com ele não será a de Pai para filho (a). E a obediência não será filial. Então, concebe-se uma relação comercial, de homens e mulheres de negócios. Presto-lhe obediência, desde que seja como um contrato entre negociadores: eu dou para receber em troca algo de sua riqueza. É claro que para levar alguma vantagem, que sirva para a prosperidade, para ter boa saúde, sucesso garantido em todos os empreendimentos, vida tranquila e possivelmente longa, enfim, tudo que favoreça um bem-estar cheio de atrações.

Para conseguir esse estilo de existência e de vida, é capaz até de grandes sacrifícios desde que esteja claro que tenha um retorno benéfico, em ganhos individuais. É capaz de se submeter a demonstrações de apreço, de serviços os mais diversos. Tudo sempre com esse espírito comercial, visando um possível lucro. Os seguidores são, portanto, autênticos “mercenários” (merces em latim, significa salário, pagamento) ou “assalariados”.

Infelizmente, têm cristãos (ãs) que “imaginam” um Deus assim e “seguem” esse deus. Suas orações são sempre comerciais (pedir, pedir, pedir). Tudo gira em torno do “interesse próprio” ou de seu “grupo”. Fazem tudo sempre para tirar alguma vantagem. Não são capazes de gestos ou atitudes de gratuidade, de voluntariado, de generosidade… para com Deus.

É evidente que essa “imagem” é também paradigma do relacionamento entre as pessoas. Aquele (a) que cultiva essa “imagem” de Deus e vive segundo ela, também vai tratar seus semelhantes como parceiros comerciais. As relações interpessoais serão sempre colocadas no âmbito de negócios. Será sempre uma relação comercial: dou isto, mas quero aquilo em troca. Não há espaço para gratuidade, generosidade, para serviço desinteressado… tudo será sempre cobrado e bem cobrado.

Nessa relação com Deus não há possibilidade de um autêntico amor. Se na relação patrão- escravo era o medo, o temor que me levava a obedecê-lo, segui-lo, nessa relação de comerciantes é a de bajulador, interesseiro, de busca de lucro, embora não goste nem ame meu parceiro de negócios. O importante é conseguir o máximo de proveito próprio. Conseguir um pedaço do bolo da riqueza desse Magnata rico.

Aqui, também, é bom rever a imagem interior que cada um (a) tem de si. Isso para não se submeter a viver uma existência de “comerciante” interesseiro, sem uma perspectiva que abra para horizontes mais altos e assim sentir-se amado (a), por um Deus que nos amou primeiro e que nos deu seu Filho que escolheu dar sua vida, em uma Cruz, para que todos nós tivéssemos “vida e vida em abundância”. E se fez nosso irmão, na mesma família.

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