Queda após salto nos índices: saiba como está o cenário da mortalidade infantil em Brusque
Coordenadora do comitê que trata questão relata medidas atuais que facilitam controle e diminuição da taxa
Brusque teve um índice de mortalidade infantil de 11,6 óbitos a cada 1 mil nascidos vivos em 2017, de acordo com o relatório Brusque em Números, elaborado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e encomendado pela Prefeitura. O número supera as médias nacional e estadual daquele ano, e representa um aumento de 213,51% em relação a 2016, com uma taxa digna de países europeus: 3,7.
Após a alta, os indicadores voltaram a baixar. Em 2018, Secretaria de Saúde de Brusque registrou 8,6 óbitos no primeiro ano de vida para cada mil nascidos vivos.
Outra ocasião recente na qual a média brusquense ficou acima do registrado em Santa Catarina e em municípios semelhantes (o chamado cluster) foi em 2014: 10,2, contra 9,3 no estado e 9,1 no cluster.
A coordenadora do Comitê de Mortalidade Infantil do município, a enfermeira Sheila Neves, afirma que atualmente não é possível verificar com clareza as causas de um salto tão grande no índice de 2016 para 2017. No entanto, sugere que seja uma consequência das múltiplas trocas de gestões municipais, que afetaram o trabalho da Saúde.
“O comitê não existia até 2019. Começamos as reuniões em meados de fevereiro. Em 2016 foi um ano de muitas trocas, e dá uma desestruturada. É sempre um novo secretário, um novo diretor, uma nova estratégia, e sobram algumas lacunas. Acreditamos neste reflexo. Isto acaba desorganizando um pouco os processos de trabalho”, comenta.
Ela também descarta qualquer hipótese de erro no levantamento. Como são dados levantados diretamente de certidões de óbito. “O que é difícil é avaliar o real motivo destas oscilações. Nos indicadores mais recentes, com a presença dos grupos de trabalho, da discussão, é mais possível.”
Sheila explica que os índices de mortalidade infantil são resultados, consequências de alguns fatores, incluindo a qualidade do serviço pré-natal oferecido á população. A assistência ao parto e o acompanhamento da saúde da criança nos dois primeiros anos de vida também são fundamentais.
“Os números que temos hoje são fruto deste trabalho. Antes, não tínhamos um protocolo municipal de pré-natal. Era apenas o do Ministério da Saúde, não tinha nada nos moldes do município. Ele foi feito em 2015, e revisado em 2018.”
O Hospital Azambuja e o comitê também iniciaram uma aproximação. O comitê tem como função o estudo dos dados de mortalidade infantil, identificando as causas, as possibilidades de evitar mortes em determinados casos. Sheila dá o exemplo da toxoplasmose, doença que, se diagnosticada precocemente por meio dos exames dos protocolos de pré-natal, pode evitar complicações na saúde do bebê.
Para a enfermeira, os grupos de trabalho ligados ao tema tem conseguido verificar quais áreas estratégicas são mais frágeis e necessitam de mais atenção do poder público.
“Há alguns meses do ano com altas. Por exemplo, o final do ano é um período de aumento das taxas, por conta das férias, das férias e ausências de médicos, plantonistas inexperientes na área. São hipóteses levantadas, e sabemos que precisamos estar mais atentos, tentando sanar os problemas.”
Desde março, as reuniões do Comitê de Mortalidade Infantil estão suspensas por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).