VÍDEO – Moradores utilizam canoa para atravessar rio após queda da ponte pênsil da Cristalina
Quando a manutenção terminar, ponte terá nova altura
Quando a manutenção terminar, ponte terá nova altura
A ponte pênsil da Cristalina, que faz a ligação entre as cidades de Brusque e Guabiruba, continua caída e causando transtornos significativos para os moradores. A estrutura, que há anos era utilizada para a travessia de pedestres e veículos, foi interditada (para veículos maiores) há alguns meses, interrompendo o fluxo entre as duas comunidades. Atualmente (após interdição total), moradores e famílias utilizam canoas para realizar a travessia.
A queda da ponte pegou os moradores de surpresa. A situação, desde a interdição inicial, gerou preocupação e incômodo, uma vez que a ponte desempenhava um papel crucial na rotina diária dos habitantes locais, facilitando o acesso ao outro lado do rio.
A queda aconteceu na quarta-feira, 17, e a reportagem do O Município visitou a ponte na manhã desta segunda-feira, 22. No local, moradores foram ouvidos e uma travessia de canoa foi realizada para ver de perto como estava a situação.
Diante da impossibilidade de utilizar a ponte, as famílias que residem nas proximidades estão recorrendo a uma alternativa improvisada: pequenas canoas. A medida é considerada emergencial, porém insuficiente para atender às demandas das famílias.
Com capacidade limitada, os moradores são obrigados a fazer inúmeras viagens para transportar a si mesmos, bem como pequenas cargas e mercadorias. A travessia é lenta, mas já ajuda. Porém, pessoas com mobilidade reduzida, como idosos e pessoas com deficiência, não podem enfrentar a situação.
Armando José Becker, de 69 anos, sempre morou na localidade e utilizava a ponte quase todos os dias. Segundo ele, o que mais incomoda é o fato da ponte estar interditada há meses.
“Tenho uma filha que mora aqui perto também, prejudicou todo mundo. Era uma travessia simples e rápida, agora, se não puder ser de canoa, precisa ser de carro, e isso já aumenta a viagem em mais de trinta minutos”, diz o morador.
Arley Polheim, de 48 anos, trabalha em uma empresa que fica próximo à saída da ponte (lado de Brusque). A travessia fazia parte da rotina diária do trabalhador, já que demorava 10 minutos para chegar na empresa saindo de casa.
“Hoje levo cerca de 45 minutos fazendo a volta toda pelo bairro Rio Branco. Está ficando insustentável essa situação. Antes passava a pé e hoje não há como”, diz Arley.
O desafio é o mesmo vivido por Wesllen Andriani, funcionário de uma empresa do ramo de baterias que fica do outro lado. “O trajeto da minha casa levava 6 minutos e hoje demora cerca de 30. De 6 km foi algo em torno de 25 km. Sou obrigado a gastar muito mais com gasolina. A demora na resolução deste problema é o que incomoda todo mundo”, desabafa.
Outra reclamação dos moradores é quanto à altura da ponte, que deve ser diminuída. Segundo o secretário de Obras de Guabiruba, Jair Brambila, a ponte não terá mais 2 metros de altura, mas sim 1,80.
“Foi um acordo que fizemos com a Prefeitura de Brusque. Os dois lados terão essa nova altura. Com isso queremos evitar que veículos maiores e pesados passem pela ponte, pois acreditamos que isso prejudica a estabilidade dela. Com tantos veículos passando ao longo dos anos, ela não foi suportando”, diz o secretário.
Questionado se a prefeitura pretende fazer uma ponte de concreto, ou de alguma estrutura mais resistente para resolver de vez o problema dos moradores, Jair comenta que é possível, porém demandaria mais tempo, investimento e uma nova parceria entre as prefeituras.
“Se for para ter todo esse trabalho que estão tendo agora, que façam uma ponte nova, mais resistente. Se baixar a altura, não adianta quase nada. As famílias precisam atravessar, mas também precisam ir mais longe. A travessia de carro era comum, auxiliava muitos trabalhadores. Estão tapando o sol com peneira”, diz um morador local que não quis se identificar.
A Secretaria de Obras lançou uma nota na quarta-feira, 17, esclarecendo o caso e explicando esta fase da manutenção. Segundo o órgão, a ponte não caiu. Confira a nota completa:
“A Secretaria de Obras e Serviços Urbanos esclarece que a ponte da Cristalina, que está em manutenção, não caiu. No local, ocorrem as trocas das torres de sustentação e, para isso, os cabos que seguram as pranchas do piso foram soltos. Consequentemente, a estrutura cede momentaneamente.
Com a manutenção da ponte a passagem de carros, motociclistas e pedestres está proibida. A interdição deve ser mantida por pelo menos 10 dias, dependendo das condições climáticas para execução do trabalho.”
Se o prazo mencionado pela secretaria for cumprido, os reparos devem ser concluídos no sábado, 27.
Impaciente com a situação, a Associação de Moradores da Localidade da Cristalina emitiu nota na sexta-feira, 19, rebatendo a Prefeitura de Brusque e afirmando que a ponte pênsil da localidade continua do mesmo jeito.
No comunicado, a Amocri fala de todo o histórico de reclamações sobre a situação precária da estrutura e os vários contatos com as prefeituras de Brusque e Guabiruba para buscar reparos. “Durante os reparos, a estrutura da ponte acabou cedendo e desabou”.
Apesar das alegações da Secretaria de Obras de Brusque de que a queda fazia parte do planejamento, para a Amocri, a estrutura colapsou devido à deterioração das torres.
Confira parte da nota divulgada pela Amocri:
“Durante os reparos a estrutura da ponte acabou cedendo e a ponte caiu. Apesar das alegações da Secretaria de Obras de Brusque de que a queda fazia parte do planejamento para os reparos, é nítido que a estrutura colapsou devido a podridão observada nas atuais torres.
Ora, qual seria o sentido de uma queda programada se a Prefeitura de Guabiruba, poucos dias antes, havia realizado a substituição de todo o assoalho de sua parte da ponte? E embora alguns veículos da imprensa tenham noticiado que horas após a queda a ponte havia sido reerguida, nós, moradores, confirmamos que a estrutura permanece colapsada.
Com tudo isso, o sentimento dos moradores é de abandono do Poder Público das duas cidades, pois não bastasse a falta de infraestrutura, com a má conservação das vias e a poeira ou lama que sempre precisam enfrentar, sem a ponte, parte da Comunidade fica isolada, pois a ligação mais próxima fica no Bairro Rio Branco, aproximadamente 7 km distante do local da Ponte Pênsil”.
A versão completa da nota pode ser lida clicando aqui.
A ponte foi interditada em março de 2023 por apresentar riscos, permitindo apenas o acesso de motocicletas, ciclistas e pedestres. Após cerca de 60 dias de interdição, a Prefeitura de Guabiruba substituiu o assoalho de madeira e a Prefeitura de Brusque iniciou a substituição das torres de madeira.
De acordo com a Associação de Moradores da Localidade da Cristalina (Amocri), contrariando a promessa de instalar torres de concreto.