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Queda na produção eleva valor do pinhão

Em pelo menos três supermercados de Brusque, o preço subiu do ano passado para este ano

Um dos maiores produtores de pinhão do estado, o município de Painel, na Serra catarinense, deverá colher neste ano pelo menos mil sacos a menos do que no ano passado. A queda na produção já reflete nas prateleiras dos supermercados. Em Brusque, nos três estabelecimentos pesquisados pela reportagem, os valores estão mais altos do que os praticados em 2015.

Neste mesmo período do ano passado, o Bistek vendia o quilo a R$ 5,98. Hoje, o quilo está R$ 6,98. Segundo o gerente comercial, Evandro Bez, o produto chegou às prateleiras na semana passada. Ele afirma que a procura ainda é baixa, sobretudo devido ao calor registrado no município nos últimos dias. Ainda de acordo com Bez, o mercado recebe o produto três vezes por semana.

Assim como no Bistek, no supermercado O Barateiro, do bairro Azambuja, o quilo do pinhão também aumentou em comparação ao mesmo período do ano passado. Em 2015, custava R$ 4,98. Atualmente, o quilo está R$ 6,98 – dois reais a mais. O subgerente do local, Fabio Dalla, afirma que o produto chegou ao O Barateiro nesta semana e que, geralmente, a procura é grande.

Entre os três estabelecimentos pesquisados pela reportagem, apenas no Archer o valor do pinhão não subiu mais do que um real. O aumento foi de apenas 8 centavos – de R$ 5,90 para R$ 5,98, o quilo. De acordo com o gerente de compras, Udo Wandrey, as lojas do Archer vendem, em média, 200 quilos de pinhão por dia.

“Para essa época do ano o nosso preço geralmente é o mesmo. Depois da entrada do frio, temos que ver o que acontece. Às vezes sobe e às vezes entra em oferta”, afirma. “Quanto mais frio, mas vendemos. O pessoal gosta de cozinhar pinhão quando a temperatura está mais baixa”, completa.

Ainda segundo o gerente de compras, o Archer busca o produto três vezes por semana nas Centrais de Abastecimento do Estado de Santa Catarina (Ceasa).

Produção

A inconstância do clima é um dos argumentos de Raul Cerqueira, engenheiro agrônomo e responsável pelo escritório da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) no município de Painel, para explicar a queda na produção de pinhão deste ano.

“Na realidade, tem dado queda na produtividade nos últimos três anos. Há menos pinhas por pinheiro. E isso está relacionado ao clima. Mas há também quem diga que é sazonal, ou seja, a produção só é boa de quatro em quatro anos. Alguns também dizem que a planta esgota depois que produz bastante. Mas não há estudos que confirmem essa informação”, afirma Cerqueira.

Em janeiro de 2011, o governador Raimundo Colombo sancionou a lei nº 15.457 que regulamenta a colheita do pinhão no estado. Desde a entrada em vigor, ficaram proibidos a colheita, o transporte e a comercialização do pinhão antes do dia 1º de abril. Embora o descumprimento da lei preveja multa de R$ 500, o engenheiro agrônomo afirma que alguns estabelecimentos comercializam a partir do dia 1º.

Ainda segundo Cerqueira, a comercialização do produto segue até julho. Ele explica também que a pinha apenas começa a se formar depois de dois anos da polinização.