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Quem é o povo?

A semana passada começou com as megamanifestações contra Lula e Dilma, as maiores da história do país. O que não faltaram foram tentativas de desqualificar tão estrondoso fenômeno. Para alguns o movimento foi “organizado”, para outros não representava o verdadeiro povo, além de outras expressões que não merecem ser mencionadas em uma discussão séria. Mas quem, afinal, é o verdadeiro povo? Qual o seu interesse?
Essa divisão do povo em dois grupos antagônicos, que Lula, como ademais, todos os socialistas, fazem questão de estabelecer, é absolutamente estúpida. Um governo não pode abraçar uma classe em detrimento das outras, afinal a cidadania pertence a todos. Ademais, se se pretende fazer inclusão social, o que é sempre louvável e necessário, não se pode esquecer que o dinheiro a ser usado nos programas sociais deve ser produzido no bojo das riquezas do país. Então, quanto mais a pessoas prosperarem, quanto mais gente puder ascender para a tal “classe média”, mais riquezas estarão sendo produzidas e circulando, oxigenando a economia e abrindo espaço, tanto para os financiamentos sociais de emergência quanto para a geração de empregos, que representa a inclusão definitiva.
Para que tudo isso aconteça com equilíbrio e possa se consolidar no longo prazo, é preciso que o governo aja com responsabilidade. Um governo que realmente promova políticas de inclusão social não pode simplesmente sair estourando o orçamento para atrair eleitores beneficiados com seus programas. Isso não durará muito além de uma ou duas eleições. Se esse governo irresponsável for também corrupto, e dilapidar o patrimônio nacional, a falência estará decretada. É apenas questão de tempo.
O que assistimos nos últimos 13 anos foi uma mistura de irresponsabilidade fiscal, corrupção grossa e assistencialismo eleitoreiro. O resultado não poderia ser outro. A saída que se apresenta é aumentar impostos, estrangulando ainda mais a produção de riquezas, mas o governo nem pensa em parar de gastar com seus incontáveis ministérios, cargos inúteis e mordomias.
E quando saímos às ruas para pedir responsabilidade e corruptos na cadeia, somos coxinhas, golpistas alienados pela Globo. Da minha parte, exijo mais respeito!
Outra parte do povo foi às ruas na sexta, mesmo que em número muito inferior, para apoiar Lula. Eles têm todo o direito de cultuar seu ídolo de barro, tentando impedir que um criminoso de grosso calibre escape da justiça. Não me parece, porém, que sejam os “trabalhadores”. A estes (que, aliás, somos todos nós) interessa a defesa das instituições, a responsabilidade e a transparência nos negócios públicos, para que o país prospere e para que cresçamos todos juntos.
Essa luta de classes forjada em discursos inflamados e desprovidos de bom senso é um tremendo desserviço à nação.