Quem escolheu aquele governo?
Esta é uma pergunta que se pode fazer ao escutar as notícias que chegam até nós, vindas da Venezuela. Governo conduzido, com mão de ferro, pelo presidente Nicolás Maduro que sucedeu a Hugo Rafael Chávez. Mas, quem lhe deu os mandatos para esses dois presidentes? Quanto consta não surgiram de uma revolução, derrubada de governo, […]
Esta é uma pergunta que se pode fazer ao escutar as notícias que chegam até nós, vindas da Venezuela. Governo conduzido, com mão de ferro, pelo presidente Nicolás Maduro que sucedeu a Hugo Rafael Chávez. Mas, quem lhe deu os mandatos para esses dois presidentes? Quanto consta não surgiram de uma revolução, derrubada de governo, etc. Foram colocados, lá onde estão, via voto dos cidadãos e cidadãs venezuelanos. Portanto, via eleições gerais. Por escolha.
Salta aos olhos e à mente de qualquer observador atento a importância de uma eleição para qualquer função pública. Mas, sobretudo, a eleição daquela pessoa que vai conduzir o rumo da vida de um País, de uma Nação: o (a) Presidente da República. Claro que não sozinho. Todavia, tem o poder nas mãos de condicionar boa parte das decisões que dará o rumo da vida sociocultural do País.
Por que estou dizendo tudo isso? Por causa de uma notícia que li, ontem, (estou escrevendo essas linhas, no dia 01/03), publicada pelo Estadão dia 27/02 pg. A11, cujo título: “Igrejas do País não têm hóstia para comunhão”. Motivo: “falta de farinha de trigo faz padres pedirem ajuda a colegas colombianos”. Acentua que não é só farinha de trigo, mas também vinho necessário para celebração da Eucaristia (Missa). Diz a reportagem que não se trata de uma ocorrência pontual, em uma localidade, mas, “segundo bispo auxiliar da Arquidiocese de Mérida, Luiz Enrique Rojas Ruiz, o problema não é novo, mas agravou nos últimos meses, assim como a crise humanitária no país”. Portanto, afeta todo do país. Além do mais, o governo dificulta a sua aquisição no mercado interno como no externo. O governo restringiu ao máximo a oferta de tudo e “tomou para si a responsabilidade de importar e abastecer o mercado interno, o que acabou não acontecendo”.
Tudo isso faz pensar: Como um país com tantos recursos (sobretudo, com todo petróleo sob seu solo) pode chegar a tal situação? É lamentável! É trágico! Mas, é a realidade nua e crua. O povo passando fome. O bispo também acentua que “a crise tem prejudicado o trabalho da Igreja junto aos pobres. Com cada vez mais gente passando fome no país – 87% da população está abaixo da linha da pobreza e 64,3% emagreceu mais de 11 quilos em 2017 com a escassez -, muitos recorrem à Igreja por um auxílio”.
Que situação calamitosa! A reportagem ainda lembra o que o bispo relata: “Até o ano passado, saíamos distribuindo sopa para os mais necessitados, mas está cada vez mais difícil”, afirma Ruiz. “Muitas vezes, eles deixam as crianças nas paróquias com a esperança de que nós lhes daremos comida”.
Toda essa realidade relatada, em parte, por essa notícia, no meio de uma página de um jornal, lido por um percentual mínimo dentro do conjunto da população brasileira, pouco “incomoda”. Poucos param para refletir o que tudo isso significa ou diz, inclusive, para a nossa realidade nacional. Estamos, nós cidadãos (as) brasileiros (as) sendo, gradativamente, convocados a exercer o nosso direito e o nosso dever de votar (aqui, no Brasil, o voto é obrigatório). O mesmo direito e o mesmo dever que os cidadãos (as) venezuelanos (as) exerceram. E elegeram o governo que tiveram e ainda têm. Pode-se talvez levantar a hipótese de possíveis fraudes. Mas, houve chances de opção, de escolha. Fizeram sua escolha. Deu o que deu.
É bom desde agora começar a refletir sobre como exercer esse direito e esse dever de votar. Mais ainda, em nosso momento histórico atual. Já fizemos algumas experiências amargas, em nossa História republicana. Será que vamos reprisá-las?