Se tem uma coisa sobre a qual ninguém pode reclamar, nos últimos anos, é falta de polêmica. Seja fake ou real, todo dia tem um assunto novo para mandar para os amigos no Whatsapp. VOCÊ JÁ VIU???
Uma das muitas polêmicas dos últimos dias causou um monte de bate-bocas nas redes sociais, petições online e até o pedido de cancelamento vindo da Sociedade Brasileira de Pediatria. Tudo isso tendo como alvo a série Super Drags, um desenho animado brasileiro, para público adulto, lançado na última sexta-feira pela Netflix.
Não, não é o primeiro desenho animado voltado a maiores de 16 anos da História. Existem muitos, alguns tão populares como os Simpsons, South Park e outros mais pesados ainda, alguns abrigados pela própria Netflix, como Big Mouth ou BoJack Horseman. Mas a gente não vê tanta indignação em relação a eles, vê?
A palavra mágica que levantou a onda de rejeição é… drag. Como assim, como ousam fazer um desenho animado, “uma linguagem que atrai criancinhas“, como li em uma guerra de comentários no Facebook, sobre homossexuais, sobre homens vestidos de mulher, falando aquele monte de gíria que foi chamada de dialeto no Enem – aliás, provocando uma outra onda de indignação? Como assim, uma das vozes é dublada por Pablo Vittar, aquela drag que virou meme (será que agora ela foi longe demais, mesmo?)? Como assim?
Muito segura, a Netflix reagiu às críticas explicando que Super Drags não estaria disponível no menu Kids, ou seja, não estaria ao alcance das crianças. Ensinou, também, a ativar o controle de pais que a própria plataforma disponibiliza para seus assinantes. Prático e indolor.
Claro que o que os indignados querem não é uma solução individual. Eles querem impedir a escolha de todo o público, não só exercer o próprio direito de escolha. E isso não é lá muito democrático…
Aposto que os críticos nem se deram ao trabalho de experimentar ver um pouquinho dos cinco episódios que compõem a primeira temporada de Super Drags.
Se tivessem parado para espiar, chegariam à conclusão de que, sim, é um desenho para adultos, mas que o foco principal é o de conscientizar contra o preconceito e elevar a autoestima de quem é diferente dos padrões aceitos. Tem palavrão? Tem. Tem humor específico? Evidentemente. Mas não tem o que os indignados devem imaginar que tenha. Em Super Drags, ninguém quer doutrinar criancinhas e pesar a mão no que se poderia chamar de pornografia.
Com certeza, depois de tanta polêmica, não vai demorar para anunciarem a segunda temporada… Bem feito!
RuPaul nos Simpsons
E já que o assunto é drag e desenhos animados que não são feitos para as crianças… Não é que Homer Simpson vai ter seu momento drag queen? O episódio que será exibido nos States no dia 18, próximo domingo, traz o pai da família Simpsons para a passarela do RuPaul’s Drag Race, com direito à própria RuPaul em versão “animada” (veja aí ao lado!). Além da Mama Ru, Raja, drag que ganhou a terceira temporada da Drag Race, também estará no episódio. Que estará, com certeza, disponível rapidinho nos melhores blogs do ramo, já que a curiosidade é grande.
No final das contas, a questão é simples: o movimento pela inclusão é mundial e seu único efeito realmente revolucionário é o de diminuir o preconceito e, consequentemente, a violência a que as pessoas LGBTs se expõem diariamente, apenas por serem quem são.
Drag Race All Stars 4
Pensa que acabou? Nope! A semana teve ainda uma outra notícia “drag” – esta muitíssimo aguardada pelos fãs do reality RuPaul’s Drag Race. Foi “ruveilado” o elenco da quarta edição do All Stars, aquelas temporadas especiais que reúnem ex-participantes da competição.
Para quem acompanha os dramas das dos últimos anos, teremos a volta da drag mais amada e criticada da nona temporada, Valentina – aquela que foi eliminada por tentar dar o truque de fazer sua performance no lip sync com a boca coberta… já que não tinha decorado a letra da música que teria que dublar.
Além dela, estão escaladas Monét X Change (10ª temporada), Latrice Royale (4ª e AS1), Trinity Taylor (9ª), Farrah Moan (9ª), Monique Heart (10ª), Jasmine Masters (7ª), Naomi Smalls (8ª), Gia Gunn (6ª) e Manila Luzon (3ª).