Questões sociais e falta de informação levam famílias a morar em áreas de risco em Brusque
Construções em áreas de risco comprometem segurança durante períodos chuvosos e Defesa Civil busca informar moradores
Mais de 3,9 mil residências estão construídas em áreas de risco para ocorrências em Brusque. Os dados são da Defesa Civil local, que realiza um trabalho de informação e prevenção aos moradores. Fatores sociais e falta de informação levam as famílias a ocuparem estas áreas.
Há poucos casos em que o risco é muito alto ou que a família precisa desocupar a residência por definitivo. Muitas vezes, as saídas são temporárias, durante períodos chuvosos, em que há maior risco. Do total, aproximadamente 2,9 mil residências receberam notificação do órgão.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil, Edevilson Cugiki, obras podem ser realizadas para diminuir os riscos a uma residência. Ele detalha que, por exemplo, é possível rever a drenagem ou realizar uma revegetação.
“O objetivo da informação é para que a pessoa saiba que ali é um setor de risco e para que ela adote medidas que ajudem a reduzir a chance de deslizamentos no local. Não é porque a pessoa recebe uma informação de ciência de risco que ela precisa deixar a casa. A intenção é mais realmente para que ela tome cuidado”, diz.
Longos períodos de chuva fazem com que o solo fique encharcado, o que compromete ainda mais a segurança das pessoas que moram em áreas de risco. Como a terra não chega a drenar, o chão pode pesar e resultar em deslizamentos.
“É possível realizar obras para reduzir este risco. A engenharia existe para tudo. Quando a pessoa recebe a informação de ciência de risco em um período de normalidade, aos poucos é possível realizar as adaptações (obras)”, comenta o coordenador.
Casa demolida no Azambuja
No dia 6 de outubro, uma casa que corria risco de desabar na rua João Vanolli, no bairro Azambuja, foi demolida após aval da Justiça. A residência já estava desocupada e também comprometia a segurança de outros moradores do entorno.
Cugiki relata que, neste caso, já haviam sido registrados deslizamentos anteriores e, com o período chuvoso de outubro, havia riscos relacionados à estrutura da casa. Moradores da região sempre relatavam à Defesa Civil como estava a situação e o local era monitorado.
“Precisar sair de casa, às vezes, é mais necessário no momento do evento climático do que realmente abandonar a casa. Uma situação dessas [de abandonar a casa] é quando já houve, por exemplo, um deslizamento anterior que atingiu a residência e afetou a estrutura”.
Auxílios para quem precisa
Em Brusque, segundo o coordenador, há muitos casos também de construções irregulares. Quando a pessoa quer construir uma residência e o terreno estiver em área de risco, o Instituto Brusquense de Planejamento (Ibplan) indefere temporariamente a construção e a Defesa Civil vai ao local realizar uma avaliação.
“Um terreno em um morro mais íngreme será mais barato do que um terreno em uma área mais plana. Há muitas questões de ocupação irregular também. Quanto à situação de segurança, ocupar um morro é pior do que ocupar uma área plana”, afirma.
A Secretaria de Desenvolvimento Social, da prefeitura, atua para auxiliar os moradores que precisam deixar as casas. Quando a saída por um curto período é necessária, por exemplo, durante fortes chuvas, a secretaria auxilia na busca por familiares que podem receber os desalojados.
A abertura de um abrigo é a última opção, conforme detalha a secretária de Desenvolvimento Social, Fabiana Gascoin. Segundo ela, as equipes da pasta acompanham a pessoa no retorno para casa após o evento climático, para verificar os prejuízos.
“Há outras situações, como desmoronamento, ocasião em que as pessoas acabam perdendo a casa. Contamos com o auxílio moradia, para que a pessoa possa receber o benefício até conseguir se reestruturar”, relata a secretária.
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