R.I.P. Miranda
As más notícias, ultimamente, chegam todas primeiro via redes sociais. De repente, sem nenhum aviso prévio, a gente sofre o impacto de mais uma morte. A da semana passada, na noite de quinta-feira, foi a morte de Carlos Eduardo Miranda, aos 56 anos.
Putz. Já que o assunto hoje é a Bizz, ficamos no mesmo círculo. Quem acompanhou, ainda que de longe, o rock brasileiro dos anos 80, não tem como ignorar a presença do Miranda. Como músico, primeiro. Depois, como jornalista (da Bizz, inclusive). Estourou depois como produtor e se tornou conhecido do púbico mais geral como jurado de competições musicais na TV aberta.
Além disso tudo, esses dias pós sua morte só reforçam o que sempre ficava claro em seus textos e entrevistas: não há quem não tenha uma história boa para contar sobre ele, uma palavra positiva. Miranda era acolhedor, além de uma força da natureza a serviço da música. Quer exemplos?
Do Facebook do Castor, do DeFalla: “quando o guitarrista do Urubu Rei, o Rodrigo Correa, foi morar na Europa, ele deixou a guitarra no Miranda… Além da bateria, eu tocava um pouco de violão. Daí, uma tarde, num intervalo dos ensaios, eu peguei a guitarra, liguei e fiquei tocando e fazendo uns barulhos… O Miranda escutou um pouco, gostou e decretou que dali em diante eu seria guitarrista! E a Biba Meira finalmente podia ir pra bateria, pois já sabia tocar o suficiente! Ele era assim. Sacava as coisas na hora, criava situações e projetos assim, do ar, com total confiança.”
Mas nem só de grandes sacadas e histórias incríveis viveu o Miranda. Como não amar esse tipo de declaração rápida e cortante? Direto de uma entrevista na… sim, na Bizz, em 2007, em que foi perguntado sobre ter recusado o Mamonas Assassinas: “neguei e negaria 30.000 vezes, não curto. Não tinha música, só tinha piada, não me interessava, fiquei puto porque nego confundia com o lance dos Raimundos… neguinho queria comparar Graforréia com Mamonas! Não vou discutir o valor de entretenimento, divertimento do Mamonas, mas não é o que me interessa.”
Urubu Rei, Atahualpa Y Us Panquis, Banguela, Mundo Livre S/A, Trama, Ídolos, aquela igreja doida que ele inventou nos anos 90, até Gaby Amarantos…
E agora, como vamos ficar sem ele?