Reivindicação antiga, terceira pista da Gentil Battisti Archer sequer tem projeto
Município Dia a Dia publica uma série de reportagens que irá mostrar a situação das sete rodovias que dão acesso a Brusque, Guabiruba, Botuverá, Nova Trento e São João Batista
Importante corredor de serviços entre Brusque e a região da Grande Florianópolis, a rodovia Gentil Battisti Archer (SC-108) sofre com a falta de infraestrutura. A terceira pista é uma necessidade, de acordo com relatos de moradores e empresários ouvidos pelos Município Dia a Dia.
A SC-108 é o terceiro acesso a Brusque abordado na série Raio-X das Rodovias. A reportagem visitou a Gentil Battisti Archer no último sábado, 12, no início da tarde, até o quilômetro 139, já em Nova Trento. Como feito com as outras rodovias, foram avaliadas as sinalizações vertical e horizontal, acostamentos, qualidade do asfalto e manutenção em geral.
No entanto, no caso da SC-108, que liga Brusque, primeiramente, a Nova Trento e é caminho obrigatório para quem vai a São João Batista e Florianópolis pelo interior do município, o maior problema apontado pelos moradores é a falta de duplicação ou terceira pista para o trânsito de veículos pesados.
Mesmo em um sábado à tarde, o movimento na Gentil Battisti Archer foi intenso e, por vezes, formaram-se filas nas subidas. A população local afirma que são comuns filas, sobretudo, pela manhã.
A sinalização vertical (placas) está coberta pela vegetação em vários pontos, dificultando a visão dos motoristas. A sinalização no pavimento está em bom estado, no entanto, não há faixas de pedestres, mesmo em trechos com bom número de moradores, em Nova Trento.
Acostamento é uma das maiores falhas na rodovia. São poucos trechos com espaço para parar. A qualidade do asfalto já esteve pior, na opinião de alguns moradores. Isso porque atualmente está melhor porque houve uma operação tapa-buraco recentemente.
Ainda assim, são observados vários buracos, depressões no pavimento e remendos que causam solavancos aos motoristas.
O resultado da falta de sinalização, acostamento, asfalto em bom estado e de infraestrutura é mais risco aos motoristas. Vários acidentes graves, inclusive com mortes, aconteceram no trecho da SC-108 de Brusque a Nova Trento nos últimos anos.
Novela antiga
A melhoria da SC-108 para o trânsito de caminhões é uma reivindicação antiga. Em julho de 2014, o Município Dia a dia veiculou matéria sobre a rodovia. O então secretário de Desenvolvimento Regional (hoje ADR), Jones Bosio, informou que não existia projeto ou dinheiro para a execução da melhoria, que incluiria uma terceira pista em alguns pontos entre Brusque e Nova Trento.
A obra foi incluída na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do governo estadual para 2015, porém, nada saiu do campo da promessa. Um ano depois, novamente, a mesma obra foi incluída na LDO de 2016. Resultado prático? Nenhum até agora.
Neste ano, a obra da terceira pista de Brusque a São João Batista foi incluída no Orçamento Regionalizado da Assembleia Legislativa. Contudo, a terceira pista não foi incluída na Lei Orçamentária Anual (LOA) do governo do estado para 2017.
Sem prazo para o início da obra
A reportagem entrou em contato com a Agência de Desenvolvimento Regional (ADR) de Brusque para questionar se existe, projeto, dinheiro ou prazo para que a terceira pista vire realidade sobre a SC-108. A Gerência de Obras de Transporte (GOT) do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) fez os esclarecimentos.
“Entre Brusque e Claraíba existe um pedido de terceira pista em alguns pontos, e que estão incluídos na Lei Orçamentária Anual (LOA) e no Plano Plurianual (PPA). Não há projeto e nem previsão de execução da obra”, informa.
Conforme o Município Dia a Dia já noticiou, a terceira pista não foi incluída na LOA, o que foi confirmado pela Secretaria de Estado da Fazenda. De concreto, a equipe de manutenção do governo fez uma operação tapa-buracos na rodovia Gentil Battisti Archer há cerca de 15 dias.
A GOT comunica, ainda, que a revitalização da Claraíba a São João Batista já tem empresa contratada desde 2015, mas não existe previsão para o início.
Sem fiscalização, velocidade é um dos maiores problemas
Inocesio Weber, proprietário do Casqueiro Colonial Weber, considera a imprudência e o abuso de velocidade como os maiores problemas atualmente na rodovia estadual. O estabelecimento fica em uma reta, onde, segundo ele, os motoristas pisam fundo no acelerador.
“A velocidade é o maior problema, sim”, afirma. “Já aconteceram acidentes por aqui. Um carro já caiu no pasto”, complementa o comerciante.
“Deveriam fazer alguma coisa para os motoristas andarem mais devagar, porque eles abusam”, cobra o morador de Nova Trento.
Buracos e falta de acostamento geram insegurança
Morador do bairro Zantão, Marcelo Cadilhac passa corriqueiramente pela rodovia. Aos fins de semana, ele tem ajudado um amigo em uma obra já em Nova Trento. Para ele, a via carece da infraestrutura mais básica.
“São buracos demais”, afirma. Ele diz que os tapa-buracos do governo não resolvem o problema e, às vezes, pioram. “Fazem uns remendos meio feios”.
Dona Valle Hlamn, moradora do km 139 da rodovia, tem a mesma opinião de Cadilhac. “Tem muitos buracos e falta acostamento”, diz a senhora que já mora no local há 30 anos.
Ela conta que já viu vários acidentes perto de casa e passar pela rodovia é uma preocupação. O filho dela transita por ali para ir trabalhar em Brusque todos os dias.
Falta de educação causa acidentes graves
Fabricio Vicentini, morador do km 139 da rodovia, acredita que, além da falta de infraestrutura, a má educação dos motoristas é um problema grave na região. “Aqui na frente é proibido ultrapassar, mas o pessoal não respeita”, conta.
Segundo Vicentini, o trânsito é intenso, sobretudo, pela manhã, com muitos caminhões. Isto causa filas. E a situação tende a piorar com o verão. “Em época de temporada de praia, tem muito trânsito”.
Para ele, seria importante que a terceira pista fosse construída, para desafogar o tráfego de veículos.