Raio-X das Unidades Básicas de Saúde: saiba quantos médicos há em cada posto de Brusque

Secretário de Saúde comenta estrutura, filas e traz orientações sobre atendimento

Raio-X das Unidades Básicas de Saúde: saiba quantos médicos há em cada posto de Brusque

Secretário de Saúde comenta estrutura, filas e traz orientações sobre atendimento

Brusque conta com 27 Unidades Básicas de Saúde (UBS) espalhadas pelo município. As estruturas são a porta de entrada do cidadão ao Sistema Único de Saúde (SUS), onde são realizados os primeiros atendimentos, como no caso de pessoas com sintomas da dengue.

No sistema municipal atuam 35 equipes, de uma a três por UBS. Dentro de cada equipe, há ao menos um enfermeiro, técnico em enfermagem, dentista, auxiliar de saúde bucal, farmacêutico e um médico, além dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS).

Contudo, no total, a rede conta com 45 médicos atuantes nas UBS. A diretora da Atenção Básica, Camila Souza, explica que a quantidade de profissionais por unidade depende do número de equipes, sendo que há ao menos um médico em cada uma delas.

Nas últimas semanas, o jornal o Município tem recebido diversas reclamações e, sobretudo, dúvidas acerca do atendimento nas unidades de saúde – leitores reportam que, ao chegar ao local, o atendimento pode levar bastante tempo. Filas de espera logo cedo também têm sido registradas com frequência.

Segundo a prefeitura, as unidades com mais demandas de usuários contam com um número maior de médicos, como a do Santa Rita, com dois em uma equipe, e o do Centro, com quatro em uma equipe, além dos médicos suporte.

“Tem unidades que atendem 6 mil usuários cadastrados, como no Paquetá, que tem uma equipe, mas tem três médicos. É um médico na equipe e mais dois residentes em Medicina de Família e Comunidade”, pontua.

Aumento da demanda

Apesar do número de profissionais, a Secretaria de Saúde também observa o desafio de lidar com as filas. O secretário da pasta, Osvaldo Quirino de Souza, explica que o aumento da demanda causado pela Covid-19, e agora pela dengue, afetou os atendimentos gerais.

“Evidentemente, esse serviço contemplava muito bem toda a população. Porém, durante a pandemia houve uma queda, não só do número de médicos, mas de outros profissionais que foram transferidos para o Centro de Triagem e, consequentemente, do número de atendimentos. Então, houve uma grande dificuldade de se manter essa estrutura”, diz.

Camila complementa que, neste período, muitas pessoas também migraram dos planos de saúde para o SUS e, após a pandemia, muitos pacientes de doenças crônicas retornaram aos postos de saúde. “Nossa demanda duplicou”, ressalta.

Hoje, o município atende na saúde pública uma população de cerca de 120 mil pessoas. Para o secretário, ao olhar este grande número, dificuldades pontuais podem acontecer.

“O atendimento foi prejudicado primeiro pela Covid-19. Quando começamos a voltar a normalidade, veio a dengue, que também exige um esforço. Só em abril, passaram 22 mil pessoas pelas 27 UBS e mais de 7 mil pela policlínica, isso fora os hospitais. Foram cerca de 44 mil atendimentos públicos no mês. É um sistema grande, sobrecarregado, pesado e caro. Não é fácil assistir um terço da população em um mês”, continua.

Osvaldo assegura que, apesar das dificuldades, a população de Brusque é bem atendida, na sua avaliação, ao comparar com os atendimentos em outros municípios no país. “A gente entende que é uma população exigente, procuramos atender todas as demandas e contemplar todos os anseios das pessoas, mas infelizmente tem vezes que você não consegue”, completa.

Especificidades das UBS

A diretora geral de Saúde, Camila Pereira, explica que a UBS tem um cronograma semanal, com dias de atendimentos específicos, como os das gestantes em pré-natal. “Antes o paciente pagava fichas para o mês todo. Hoje, temos a metodologia para atender às demandas do dia ou para resolver a demanda em até 7 dias, além de direcionar”, inicia.

Em relação às unidades de saúde, a diretora salienta que cada uma tem especificidades. “Depende do território, a unidade da rua Azambuja é diferente da unidade do Jardim Maluche. No Guarani tem muitos idosos, que demandam mais agendamentos do que crianças”, exemplifica.

Osvaldo também relata uma situação na unidade do Rio Branco, que conta com residentes em medicina no serviço.

“Veio uma queixa, tempo atrás, que não tinham médicos lá, que eram só estagiários. Não são estagiários, são três médicos do programa de residência do Estado. São pessoas da melhor qualidade, residentes muito bons, que podem fazer todo o atendimento”, complementa.

Confira número de médicos por Unidade Básica de Saúde

Número de médicos por Unidade Básica de Saúde de O Município

Dificuldades de contratação

Uma grande dificuldade da pasta é na contratação de profissionais. O secretário explica que médicos são contratados no início do ano e, atualmente, são sete vagas em aberto no município.

“Às vezes, vem para cá aquele médico que ou optou um tempo antes de fazer a residência ou que não passou na residência. Então, ele fica um ano trabalhando aqui e depois vai fazer a prova da residência de alguma especialidade, passa e vai embora. Aquela vaga fica ociosa, mesmo com um salário muito bom”, conta.

Conforme Camila Souza, a UBS do São Luiz conta com um médico em atuação e um médico em fase de contratação. Já na unidade do Dom Joaquim um profissional se demitiu recentemente e a vaga está para ser preenchida.

Filas e espera

Sobre as filas, o secretário orienta a população a ir em horários com menor movimento para fazer os atendimentos comuns, como aferimento de pressão. “A dona de casa, por exemplo, tem entre 8h e 12h para ir na UBS, ela pode ir às 10h para evitar a fila”, diz. O horário da tarde é das 13h às 17h.

Segundo Camila Pereira, no cotidiano, os atendimentos de urgência são priorizados e, mesmo que não seja atendido por um médico, ela afirma que todo cidadão será acolhido.

“Àqueles que chegam às 10h30, podem encontrar gestantes sendo atendidas e o médico que já atendeu 12 pacientes e não vai poder atender naquele momento. Mas a população será acolhida, pois tem os enfermeiros que têm autonomia para as consultas de enfermagem. Ele pode prescrever alguns medicamentos, colocar curativo e aplicar vacina”, explica.

Osvaldo também orienta ao usuário estar atento em seguir os protocolos do atendimento. Em um caso, uma paciente conduziu o processo de forma errada e aguardou por 6 meses por uma consulta com especialista que sequer foi marcada.

“Ela ligou para o vereador e reclamou. Mas na UBS nem tinha o nome dela. Ela não voltou, não seguiu o protocolo. O médico pediu os exames, pois para ser encaminhado a um especialista é preciso ter exame alterado”, aponta.

Osvaldo reforça que os casos são manejados na própria unidade e acompanhados. Assim, muitos deles não necessitam de atendimento especializado. “O neurologista não atende aquela consulta de dor de cabeça. O paciente passa na UBS e o médico de lá tem todo um protocolo, criterioso. Depois de toda essa etapa, ele vai ao especialista. Aí não tem fila, não tem espera, se seguir o protocolo”, completa.

Necessidade de investimentos

Luiz Antonello/O Município

O secretário detalha que algumas áreas estão com o atendimento mais afetados, como as consultas oftalmológicas, impactadas na pandemia. “Não falo das cirurgias. No ano passado tínhamos 2 mil cirurgias gerais para serem realizadas, hoje estamos com 200. Houve um avanço muito grande”, contrapõe.

Entretanto, ele afirma que, tanto em atenção primária, quanto nos hospitais, não faltam atendimentos médicos com urgência, mesmo com as filas. Conforme o secretário, fazer exames em outros caminhos, como convênios, pode demorar o mesmo tempo ou mais.

“Hoje, não cabe mais falar na abertura de novas unidades de saúde na cidade. São estruturas complexas de se manter, que demandam um grande número de pessoas. O município gasta hoje na Secretaria de Saúde em torno de 51% com folha de pagamento, no limite na lei de responsabilidade fiscal, são 900 funcionários”, afirma.

Osvaldo completa que boa parcela do Fundo Municipal de Saúde com a atenção terciária, que são os hospitais. Segundo ele, por conta da pandemia, sobrou menos de 10% para investimentos.

“A Covid nos consumiu bastante e a gente espera que agora, a partir do ano que vem, possamos ter novos aportes, do governo federal e estadual. Que sobre mais dinheiro, para se investir em novas frente na saúde. A gente está sempre correndo atrás e pedimos a compreensão da população”, finaliza.


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