Equipes de pesquisadores de Covid-19 têm enfrentado resistência para concluir estudo
Equipes de pesquisadores de Covid-19 têm enfrentado resistência para concluir estudo
- Por Raul Sartori
- 18/05/2020
- 13:00
Obscurantismo
Nesse infeliz país não bastam os desafios esperados no enfrentamento da covid-19. Os imprevistos são maiores. Um caso exemplar: está quase no final o maior estudo mundial sobre o novo coronavírus, coordenado pela Universidade Federal de Pelotas e financiado pelo Ministério da Saúde, que vem sofrendo resistência em cerca de 40 municípios onde as equipes de pesquisadores são detidas pela polícia e impedidas de trabalhar por determinação de prefeitos, que exigem autorização. O estudo pretende testar amostra de 33.250 pessoas em 133 cidades, em todos os estados, e seu objetivo é estimar quantos brasileiros já foram infectados pelo novo coronavírus, o que auxilia o planejamento do combate à doença e o seu estudo científico. É triste registrar que entre elas está Caçador, em SC. O município tem 16 casos confirmados de covid-19. O próprio Ministério da Saúde divulgou que a polícia levou a equipe da pesquisa para a delegacia e apreendeu os testes para a covid-19. Vergonhoso e deprimente.
Quebra de contratos
O que mais se vai ouvir falar de agora em diante é em quebra de contratos. No Congresso Nacional há 352 propostas em estudo, como também em 15 Assembleias Legislativas (inclusive a de SC) propondo corte de juros em empréstimos, descontos em mensalidades escolares e suspensão de pagamentos por serviços essenciais durante a pandemia da covid-19.
Excluídos digitais
Essa pandemia está mostrando realidades que estavam escondidas no Brasil, entre elas a existência de 42 milhões de pessoas que nunca acessaram à internet. O comitê gestor da rede no Brasil, a partir de dados de 2018, diz que a cada 100 casas no país, 47 tem internet banda larga fixa. E depois do Distrito Federal (72,4) a segunda maior densidade está em SC: 70,2 das residências estão conectadas à rede mundial de computadores. Na outra ponta está o Maranhão: humilhantes 16,2.
Sem sigilo
A Procuradoria-Geral do Estado que, em tese, defende o Executivo, pediu a retirada do sigilo da ação protocolada dia 30 de abril para recuperar prejuízos ao erário no caso da compra dos 200 respiradores pulmonares para tratamento da covid-19. A solicitação foi feita pelo Tribunal de Justiça na última sexta-feira. O governador Carlos Moisés quer dizer, com isso, que como não deve, não teme.
Abandono
Que sirva de alerta a todos os municípios de SC decisão do TJ-SC que ao julgar ação civil pública, sexta-feira, determinou que Rio Negrinho implemente programa voltado à promoção de medidas protetivas aos cães e gatos abandonados, tais como vacinação, recuperação e castração. Também deverá organizar campanhas públicas de conscientização, de forma a atender da melhor forma ao bem-estar animal. Devido à pandemia, terá 36 meses para cumprir a sentença.
Exibicionismo
Foi a partir da análise de vídeos postados nas redes sociais que foi possível ao Ministério Público de SC não só instaurar inquérito policial para apurar possíveis crimes cometidos por pessoas que participaram de festas promovidas em Florianópolis no início de maio, contrariando o isolamento social e assim afrontando decretos estaduais e municipais para enfrentamento da covid-19, configurando, em tese, crime contra a saúde pública, como a identificação da maioria dos participantes que neles aparecem. Como não poderia ser diferente, uns exibicionistas inconsequentes, da chamada “alta sociedade”. Entre eles um conhecido médico, que terá que se explicar no Conselho Regional de Medicina.
Novas leis
Como o veto do governador Carlos Moisés foi derrubado, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Júlio Garcia, promulgou duas novas leis estaduais. A 17.292/2020 estabelece normas e incentivo fiscal às pessoas jurídicas que apoiam financeiramente a realização de projetos culturais no estado e institui o Programa de Incentivo à Cultura (PIC). A 17.943/2020 possibilita ao Detran-SC incluir na Carteira Nacional de Habilitação, no campo específico destinado às observações de restrição médica, o tipo sanguíneo de seu portador.
Pode, não pode
Na privilegiada Ponta do Coral, uma área particular em plena Avenida Beira Mar Norte, em Florianópolis, ecochatos de plantão (e corruptos no poder público esperando a providencial propina de sempre, aparentemente negada) impediram a construção de um complexo hoteleiro que prometia 1.200 empregos diretos. A alegação é que isso não poderia em área tão nobre, que deveria ser de “uso público”. Mas uma associação de pescadores, que ocupa uma parte, só faz crescer as construções tipo palafita no local. A mais recente tem dois andares, comportando uma espécie de cobertura com direito a varanda e maravilhosa vista panorâmica. Isso pode.