Órgãos internos de controle falharam no caso da compra dos respiradores pelo governo de SC
Porta arrombada
O caso dos respiradores é mais um exemplo, sempre o penúltimo, de que os órgãos públicos carecem de uma big reforma nas suas estruturas administrativas e de gestão de controle de gastos. Tem controladorias, ministérios públicos, Tribunal de Contas, etc. e tal, mas os escândalos se sucedem, descobertos sempre após a porta arrombada. O chamado processo de modernização que varre empresas privadas no ritmo do enxugamento ao essencial precisa ser aplicado com urgência nas esferas públicas. Só a Secretaria Estadual da Saúde, entre diretorias, coordenadorias, superintendências e gerencias tem mais de 50, só considerando a administração central. Logo após o posto de secretário e do adjunto vem uma coordenadoria de auditoria, uma controladoria de controle interno, uma ouvidoria e uma corregedoria. Por estas peneiras passou, incólume, a polêmica compra dos tais respiradores.
“Repúblicas”
Governadores recentes de SC sempre receberam certas alcunhas quando edificaram estruturas de poder a partir de pessoas, nem sempre com a devida qualificação mas por fazer parte de relações políticas e até pessoais em suas cidades de origem, os chamados currais eleitorais. Luiz Henrique da Silveira tinha a sua “República de Joinville”; Eduardo Pinho Moreira montou a “República de Laguna e Criciúma”. A Carlos Moisés, através da Casa Civil, está sendo atribuída a arquitetura da “República de Biguaçu”, município vizinho de Florianópolis, com 68.400 habitantes. Seu titular, Douglas Borba, tem junto a si, no segundo escalão, meio time de conterrâneos. E alguns com tinta na caneta tanto quanto à do chefe deles. A novidade é que ela vem sendo alvo de ataques dos que acham que ela (e Douglas) tem poder demais.
Valor
Se aceitar ou não sã outros quinhentos. O convite feito pelo governador Carlos Moisés à deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania-SC) para que assuma a Secretaria de Estado da Saúde, decorrente da exoneração de Helton “respiradores” Zeferino, é sobretudo uma homenagem à congressista. Reiteradas vezes, principalmente agora com a pandemia, lideranças do Congresso pedem a opinião dela, que é enfermeira de profissão, em muitos assuntos de saúde. Além de tudo, é uma doçura em pessoa.
Sob nova direção
O empresário Leandro Ferrari foi oficializado na presidência da Santur. Ele já fazia parte da diretoria e assume após um período de interinidade com a saída de Flavia Didomenico. Ferrari era o diretor de Planejamento e Desenvolvimento Turístico desde fevereiro de 2019. Também é presidente da associação de marinas de SC (Acatmar) e dono de uma delas. Flavia é uma consultora e vinha fazendo elogiado trabalho, totalmente focada em uma gestão técnica do turismo. Mas é do Oeste, região da vice-governadora, Daniela Reinehr, que entrou em choque com Carlos Moisés. Quando saiu, postou despedida amarga e com acusações em rede social, retirando-a em seguida, e não publicamente explicadas até agora.
Diferenças
Há mais de 15 dias que as autoridades de Munique, na Alemanha (onde os casos de covid-19 nem se comparam com os do Brasil), oficializaram o cancelamento da sua Oktoberfest deste ano, para a qual esperavam superar os seis milhões de visitantes do ano passado. Enquanto isso, em Blumenau, cidade que está nos primeiros lugares de covid-19 em SC, há ainda muita indecisão quanto ao cancelamento do evento, também em outubro. Seria muito melhor decidir logo.
Cebola
A pandemia da covid-19 exige estratégias inimagináveis. No momento, autoridades estaduais e produtores de cebola de Ituporanga, no Alto Vale do Itajai, estudam como viabilizar o plantio da safra deste ano, que começa em junho e conta, há anos, com a ajuda de 3 mil trabalhadores que vem de todo o país, principalmente do Nordeste.
Paridade
O Sindicato dos Auditores Internos do Poder Executivo de SC (Sindiauditoria) encaminhou ofício ao governador pedindo a substituição do atual controlador-geral por um auditor de carreira. Alerta que que somente com gestão técnica, como já existe na Procuradoria-Geral, Defensoria Pública, Epagri, Casan e outras organizações, se terá uma nova dinâmica à execução da fiscalização e acompanhamento das despesas, transformando substancialmente para melhor e para sempre a transparência e o controle dos gastos públicos em SC. Justo.
Inacreditável
A Advocacia-Geral da União (AGU) defende na Justiça a manutenção de sentença de primeira instância que vetou o pagamento pela União a um suposto proprietário de terras no Paraná. Valor do pagamento: R$ 77,3 bilhões. Este não é um país sério, realmente. A ação teve uma tramitação assombrosamente extraordinária: foi ajuizada no dia 7 de junho de 2019. Socorro!