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Recado de Natal

Só Lucas e Mateus, evangelistas, relatam algo a respeito da infância de Jesus de Nazaré. Os outros dois evangelistas, Marcos e João, nada referem a respeito do nascimento ou da infância do Menino Jesus. Claro que nem Lucas, embora seja um pesquisador atento, nem Mateus estão fazendo um relato de fatos estritamente históricos. Menos ainda, […]

Só Lucas e Mateus, evangelistas, relatam algo a respeito da infância de Jesus de Nazaré. Os outros dois evangelistas, Marcos e João, nada referem a respeito do nascimento ou da infância do Menino Jesus. Claro que nem Lucas, embora seja um pesquisador atento, nem Mateus estão fazendo um relato de fatos estritamente históricos. Menos ainda, estão exercendo o papel de jornalistas, repórteres ou correspondentes de alguma rede de notícias. Estão realizando, em linguagem teológica e pastoral, a leitura do fato do nascimento do Messias, prometido e anunciado pelos profetas e outros escritos sagrados da Antiga Aliança ou Antigo Testamento.

É bom sempre ter presente esse intuito dos evangelistas para não fazer interpretações ou dar explicações que não correspondem com a verdade bíblica. O que é verdadeiro e próprio de nossa fé é que o Pai prometeu que iria enviar um Libertador ou Redentor, sem especificar, precisamente quando e onde aconteceria. Este seria o Messias tão desejado e esperado tantos séculos pelos homens e mulheres do Povo Eleito. E, como diz a Sagrado Escritura, na “plenitude dos tempos”, um Salvador no foi dado, Cristo Jesus. O Natal é o Memorial desse evento único e indizível que é o Nascimento de Jesus de Nazaré. Para o cristão (ã), a celebração do Natal não é celebração do passado, como se fosse, apenas, mais um aniversário natalício de Jesus, mas é uma atualização do mesmo fato salvífico, no tempo e no espaço, agora, para nós do século 21. Esse é o nosso tempo da nossa libertação, da nossa redenção, da nossa salvação.

Tudo isso, porém, não acontece sem um compromisso da parte de quem quer ser liberto ou redimido e salvo. É o compromisso da fé. A fé que é dom de Deus, sim, mas é também resposta do ser humano. A resposta é construída, por meio de um encontro pessoal com o Deus-Conosco, que aceitou fazer parte de nossa História. Tomou um rosto humano. Tem um nome próprio: Jesus de Nazaré, filho de Maria de Nazaré, por obra do Espírito Santo de Deus, e tem como Pai Adotivo José da descendência do Rei Davi. É o Mistério da Encarnação (“O Verbo se fez carne e fixou sua tenta no meio de nós” Jo 1, 14). Mistério que escapa a compreensão da pequenez e limitação da nossa razão humana. Só a fé é capaz de abrir nosso entendimento, palidamente, para nossa compreensão limitada desse mistério. Todavia, não é a compreensão plena que opera nossa libertação da miséria de nossa iniquidade humana. Mas, nossa aceitação e adesão ao Libertador que vem, para nós, no nosso “agora histórico” para nos libertar. E a nossa libertação tem seu início no Mistério da Encarnação (Natal) e se completa no Mistério Pascal (Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão do Senhor Jesus), plenificando-se no Reino definitivo na Casa do Pai.

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Nesta festa do Natal, tentemos olhar com os olhos da fé, pois todos fomos educados a olhar com os olhos da razão, tudo o que nos rodeia. Com esse olhar apenas, não vamos sair do âmbito do círculo dos que estão imbuídos do “mundo” dos presentes, dos cumprimentos formais de Boas Festas, do consumismo, do “Papai Noel”, da Ceia de Natal de comes e bebes, de “alguns gestos concretos” de dar presentes para pessoas, crianças ou famílias carentes”… tudo, somente, como expressão de humanidade. Claro que tudo isso é melhor do que nada! Não resta a menor dúvida. Mas, para um cristão ou uma cristã que professa e diz que vive a fé, ficar só nisso é muito pouco. Quase nada!

Deixemos que a acolhida e a celebração do Natal do Senhor seja, à luz da fé, uma renovação de nossa vida e nos encaminhe sempre mais no comprometimento com a construção da justiça, do amor, da paz não só no Natal, mas ao longo de toda a nossa vida. É assim que nos tornamos, de fato, parceiros (as) na construção da Boa Nova (Notícia) que celebramos, justamente, no Natal.

PS. Desejo aos leitores e leitoras um Abençoado Natal de esperança, pois precisamos dela, e um Feliz Ano Novo, cheio de saúde, paz e alegria de viver.

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