João Vítor Roberge

Recordista mundial visita Brusque para aumentar maior coleção de publicações esportivas

José Renato Sátiro recebeu parte das coleções do escritor e ex-goleiro Valdir Appel

O engenheiro José Renato Sátiro, dono do maior acervo de publicações esportivas do mundo segundo o Guinness World Records, esteve em Brusque na última quinta-feira, 5, para receber parte da coleção de livros e revistas do escritor e ex-goleiro brusquense Valdir Appel. Paulistano de origem cearense, Sátiro possui mais de 2,5 mil livros, 15 mil revistas e 3 mil jornais de mais de 50 países, todos sobre futebol.

As influências para ter a coleção vieram do avô, que colecionava jornais e também foi o fundador do Floresta, de Fortaleza. A paixão pelas histórias relacionadas ao futebol, aliada à herança material e passional, deram início à coleção. Hoje, todo o acervo é catalogado, em processo que foi necessário para a comprovação ao Guinness.

Entre o imenso acervo, há anuários de países como Romênia, Bulgária, País de Gales, Luxemburgo, Japão, Holanda, entre outros. O livro mais antigo  é sobre a história do futebol de São Paulo, de 1917, quando o Brasil sequer tinha três décadas do esporte. “Os livros das décadas de 10 e 20 são em sua maioria livros de regras, porque o futebol se popularizava”, comenta.

“São algumas caixas. Só das revistas de esportes, devem ser umas 300, entre Manchete Esportiva, Esporte Ilustrado e outras, que datam das décadas de 60 e 50”, estima Valdir Appel.

“Eu conheço o Valdir há um tempo, já, há uns cinco, seis anos atrás. Eu já colecionava, escrevia livros. E ele também escreve. Eu já havia comprado um, o primeiro, Na Boca do Gol. Agora todo ano a gente se encontra em algum lugar”, explica Sátiro.

Em um acervo com quantidade típica de livrarias e sebos, é possível até que Sátiro já tenha alguns exemplares de livros e revistas dentre os doados por Valdir Appel, mas isto não torna a ação menos importante para o engenheiro, pesquisador e colecionador. Afinal, materiais em mau estado podem ser repostos, e há mais exemplares disponíveis.

“O material vem no estado que vem, às vezes em mau estado de conservação. É bom substituir. Mas por pior que esteja o registro, é um registro. Muitos materiais meus são abertos para pesquisa. Sempre tem pessoas me procurando pedindo por pesquisa. O acervo parado não faz muito sentido.”

A coleção de José Renato Sátiro está totalmente catalogada, com indicação precisa de localização na estante. O estudioso também desenvolveu um índice temático. “Se eu quiser saber, por exemplo, sobre algum time ou alguma Copa do Mundo, posso verificar quais exemplares possuem material sobre o tema.”

Ainda em 2019, Appel recebeu a coleção de revistas Placar do fotógrafo Erico Zendron, mas depois de um tempo, a transferiu para a Casa de Brusque, onde está à disposição do público. O ex-goleiro começou a doar diversos livros para escolas e para a biblioteca pública de Brusque.

“São livros que não são para pesquisa, sobre os temas do meu trabalho. Quantas vezes eu peguei um livro de literatura em geral, por exemplo, para ler uma segunda vez? É muito raro. Parecia melhor doar estes livros para locais onde muitas pessoas poderiam ter acesso. É como me falaram durante uma das doações: acabei liberando espaço em casa e os livros estão guardados em outros lugares, ainda disponíveis.”

A importância das fichas técnicas

Escritores, Sátiro e Appel debatem também sobre a importância das fichas técnicas, com os dados das partidas de futebol. A ausência ou até o desaparecimento deste tipo de documento em determinados períodos pode ser crucial para determinar a precisão de uma pesquisa e dos levantamentos estatísticos sobre uma equipe, por exemplo.

Ou seja, Sem fichas técnicas ou súmulas arquivadas, o trabalho historiográfico em recortes do futebol fica prejudicado.

“É um complicador. Estou trabalhando na atualização do almanaque do São Paulo, que tem dados até 2013, com 4,5 mil jogos. São seis anos recentes, de um clube como o São Paulo, e não se encontra nos sites esportivos”, comenta Sátiro.

“Daqui a 10 anos alguém vai escrever a história do título da Série D conquistado pelo Brusque, vai precisar destas informações por exemplo. É bom que elas estejam à disposição”, comenta Appel.