Bruno da Silva
[email protected]
Em 2023, foram realizados mais de 30 mil atendimentos nos serviços de saúde mental em Brusque, de acordo com a Secretária de Saúde municipal. A pandemia aumentou ainda mais um problema que já vinha sendo potencializado no século XXI devido às demandas de trabalho e a popularização das redes sociais.
Dentre esses 30,7 mil atendimentos realizados no município, a ligeira maioria, 52,6% foram realizados para o público feminino, enquanto 15,3% foram destinados ao público de 0 a 18 anos. Pouco mais de um terço (35,4%) foram atendidos por psicólogos, e quase 6% por psiquiatras.
Fatores que afetam o estado mental
A saúde mental é formada não apenas por aspectos neuroquímicos, mas também por uma rede de fatores interconectados, destaca Rafael Franco, médico psiquiatra do município.
Ele ressalta que a saúde mental pode ser considerada um estado de bem-estar vivido pelo indivíduo, que possibilita o desenvolvimento de suas habilidades pessoais, como a realidade social, econômica, política, cultural e ambiental, não sendo meramente um problema individual.
Por isso, a pandemia de Covid-19 foi algo que causou tantos efeitos e que reflete até hoje. “Praticamente todas as famílias foram afetadas, pelo menos em um desses pontos, gerando importante impacto psíquico”.
O psiquiatra explica que o isolamento social, o medo da doença, as restrições de movimento e as incertezas em relação ao futuro contribuíram para o aumento do estresse, da ansiedade, da depressão e do abuso de substâncias.
“O distanciamento social e o isolamento levaram à solidão e ao sentimento de desconexão social, afetando negativamente a saúde mental. Além disso, a preocupação com a saúde própria e dos entes queridos, bem como as mudanças na rotina diária e as dificuldades financeiras, geraram um grande impacto emocional”.
O período pandêmico também afetou substancialmente os profissionais de saúde, que enfrentaram um grande desafio durante a pandemia. “Trabalharam em condições estressantes, lidando com uma carga de trabalho intensa, levando ao esgotamento e à exaustão emocional”, acrescenta.
Como solicitar atendimento
Coordenadora de Saúde Mental de Brusque, Inajá Gonçalves de Araújo explica que quem precisar de atendimento por problemas relacionados à saúde mental deve buscar apoio na Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de casa.
“Nesse local, a equipe de saúde da UBS fará o acolhimento da pessoa e avaliará a necessidade apresentada (sofrimento sócio psíquico, desde alterações leves até as mais graves). Assim, iniciará o cuidado de saúde e, em determinadas situações e agravos, é importante compartilhar o cuidado com a atenção especializada e/ou até mesmo, em última instância, com a atenção terciária, no caso, o hospital”.
A rede pública de Brusque conta com vários equipamentos para atendimento à população, três Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e a Equipe Multiprofissional de Atenção Especializada em Saúde Mental (Ament). Além disso, o município também conta com o Serviço de Atenção Integral as Pessoas em Situação de Violência Sexual (Savs), que serve como apoio para casos específicos, e quatro leitos de saúde mental no Hospital Azambuja.
“Em todos esses serviços contamos com equipes de saúde com vários profissionais, como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistente social, psicólogos entre outros para atuar com cada público específico”.
O psiquiatra Rafael destaca a importância de tomar medidas diárias para aliviar as pressões diárias. “A busca por atendimento médico ou psicológico aumentou vertiginosamente, em progressão geométrica. Mesmo aquelas pessoas que até então eram assintomáticas se desestrututaram, passando também a ficar doentes. É importante cuidar da saúde mental durante esses períodos críticos, mas também diariamente”.
Ações do Janeiro Branco
Em todo o Brasil, o primeiro mês do ano é dedicado à atenção à saúde mental. O Janeiro Branco reforça a necessidade de dar atenção a aspectos emocionais buscando bem-estar e qualidade de vida.
Neste mês, os serviços de saúde de Brusque estão desenvolvendo diversas atividades. Inajá destaca que o foco é na prevenção de doenças decorrentes do estresse, incluindo transtornos mentais comuns, como depressão, ansiedade e síndrome do pânico.
No mês de janeiro, as equipes do Caps AD, infantil e Caps 2 do município trabalharão o cuidado com a saúde mental através de dinâmicas, palestras e rodas de conversas. O tema também será abordado nos grupos de família que acontecem durante o mês.
No último dia do mês, pela manhã, nas dependências do Parque Leopoldo Moritz, visando a promoção e sensibilização sobre a importância e cuidados com a saúde mental, o CAPS II realizará atividades lúdicas tais como tabuleiro humano, com perguntas e respostas referentes ao tratamento na unidade, jogo da velha humano, bingo da saúde mental, show de talentos. Ao final do evento será oferecido aos participantes também um café da manhã.
No Caps infantil, a temática será trabalhada com as crianças e adolescentes através da cineterapia com o filme “Divertidamente”, e também com rodas de conversa e painel feito durante as oficinas terapêuticas do serviço.
No serviço Caps Ad, a abordagem também ocorre também nos grupos e oficinas desenvolvidas no serviço, como na oficina de Tsurus, e o tema as inovações nas políticas públicas para a saúde mental das pessoas em situação de rua e também através de uma formação continuada para os profissionais.
Assista agora mesmo!
Botuveraenses mantêm tradição de jogos trazidos por imigrantes bergamascos: