Redes sociais ajudam idosas brusquenses a manter contato com familiares distantes
Diariamente elas mandam mensagens, postam fotos e compartilham posts
A tecnologia está cada vez mais presente em nossas vidas, mas para muitas pessoas ela ainda pode parecer um bicho de sete cabeças. Muitos idosos não usam os smartphones e computadores por não entenderem como funcionam e por não terem alguém para ensiná-los a usar. No entanto, não é o caso, por exemplo, de Adelina Müeller Scharf, 93 anos, e Matilde Zanon, 71.
Adelina aprendeu a usar o celular com o genro, hoje falecido. Há três anos a neta dela, Alessandra Tonelli, 47, deu um celular para o pai e um irmão presenteou a mãe, filha de dona Adelina, Lucia Scharf Tonelli, 72. Como os três moravam juntos, Adelina também queria um celular para aprender a usar.
Dos três, a que aprendeu mais rápido foi Adelina. Para ensinar, a família fez uma força tarefa: os filhos e netos ensinavam um pouco cada um. “Hoje, ela me ensina”, conta a filha Lucia aos risos.
“Às vezes não consigo falar com a minha mãe porque ela está com o celular desligado ou não vê. Mando uma mensagem para a bisa e ela já avisa a mãe”, afirma Alessandra.
Segundo Lucia, quando dona Adelina vê alguém mexendo no celular, ela vai atrás para conhecer as novidades. “Tem que aproveitar, se não nem dá mais tempo”, brinca a moradora do bairro Jardim Maluche.
A idosa conta que sempre gostou de aprender coisas novas. Apesar de ter apenas o primeiro ano do ensino fundamental, ela diz que sempre foi muito esperta. Toda sabedoria e conhecimento que possui é reconhecido pelos familiares que ficam admirados com Adelina.
Adelina até queria aprender a mexer no computador, mas infelizmente não tem ninguém para ensiná-la.
Ajuda na depressão
Matilde conta que o primeiro contato com as novas tecnologias foi com um computador. Segundo ela, o esposo Carlos Rubens Zanon, 71, comprou o equipamento há 10 anos para os dois aprenderam a usar. Ela foi aprendendo aos poucos e pedindo ajuda para cunhada. Além disso, a curiosidade também serviu de motivação.
Na época ela chegou a fazer aulas com um professor para aprender a mexer, mas sentiu dificuldade com as explicações e decidiu deixar o curso. “Me sinto bem quando consigo aprender sozinha, porque às vezes me sinto mal de ter que pedir ajuda para os outros”, diz.
Ela conta que na época adorava jogar paciência. Com o passar do tempo, o computador foi trocado por um notebook e depois foi substituído por um celular. “Com a ajuda do meu neto e do meu esposo fui mexendo no celular”, diz.
Matilde conta que sofreu depressão há alguns anos e que as atividades a ajudaram a espairecer. O crochê, clube de amigas e o próprio celular servem como terapia para a moradora do bairro Primeiro de Maio, que hoje usa poucos medicamentos.
De tempo em tempo, o esposo de Matilde troca o celular dela e com isso ela precisava aprender a mexer no novo aparelho. “Eu custei para pegar e quando peguei (o jeito de mexer) ele ia lá e trocava. Depois eu tinha que começar a aprender de novo”. Agora ela brinca e diz que não quer ganhar um novo celular. “É muita coisa para a minha cabeça”.
Redes sociais
Adelina usa o Facebook, WhatsApp e o Instagram, mas o último ela ainda está aprendendo a usar e geralmente abre o aplicativo para curtir as fotos dos familiares.
Já Matilde começou pelo Facebook, depois foi o WhatsApp e mais recentemente o Instagram, que ela ainda está aprendendo. “Tomo cuidado para não fazer besteira. Quando eu quero mandar alguma coisa, eu mando para o meu marido ou para as minhas noras”, explica.
Toda família adora o fato da dona Adelina ser conectada nas redes sociais. Como alguns familiares moram em outras cidades, estados e até países, ela acaba usando a internet para se aproximar e manter a conversa em dia. “É uma família grande e espalhada, mas bem conectada”, afirma Lucia. Os familiares de Matilde também gostam de ver ela usando as redes sociais.
Adelina também faz parte de um grupo de amigas que se encontram semanalmente para jogar cacheta. Elas também têm um grupo no WhatsApp onde conversam diariamente.
Rotina
Adelina explica que prefere acordar e tomar o café matinal com calma. Depois faz as coisas de casa, toma os medicamentos, assiste televisão, faz as orações da manhã e ajuda a fazer o almoço. Perto do almoço ela usa o celular e responde as mensagens que recebeu.
Já Matilde diz que só mexe no celular a partir das 10h. “Se eles vêm que eu estou online eles me chamam”, brinca. Ela toma o café, faz os afazeres e só então responde as mensagens.
Quando está no bingo, Matilde prefere deixar o celular na bolsa para aproveitar os momentos com as amigas. “Se é para jogar bingo e ficar com a atenção no celular, eu prefiro jogar bingo”, afirma.
Contato com os familiares
Tanto Adelaide quanto Matilde aproveitam a tecnologia para conversar com os familiares e amigos que moram longe. Matilde conta que a família até criou um grupo no WhatsApp para conversar, mas ele foi fechado durante o período eleitoral. Além disso, ela também conversa com os parentes que moram em Palhoça e Florianópolis.
Adelaide ainda participa dos grupos da família e entra em contato com os parentes mais distantes que moram em outros estados e países. Além disso, ela também compartilha fotos antigas com eles no Facebook e encaminha mensagens de bom dia aos familiares.