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#RedeSocial 11: Jeronimo Amaral

O chef Jeronimo Amaral me recebeu com um chá de folhas colhidas na própria horta do restaurante que comanda, e um sorriso de graça que não se calou por toda conversa. Atento aos detalhes, ele revela no tom de voz o amor pela profissão.

O nome Pietro’s Restaurante é origem do nome do filho, Pietro. Perfil de virginiano, ele abriu para o blog algumas particularidades como o perfeccionismo o bom gosto por agradar ao servir.

Nascido em Santo Ângelo – RS, mudou-se para Santa Catarina cedo, para morar com a mãe em Canelinha. Mais tarde voltou para o estado origem, onde trabalhou por 10 anos à frente da cozinha no melhor restaurante suíço do Brasil, premiação concebida pela revista Quatro Rodas.

Jerônimo Amaral. Foto Ricardo Silva/Photuspress

André Groh: Como iniciou a sua relação com a cozinha até se tornar chef?
Jerônimo Amaral: Foi quase sem querer. Eu morava no Moura, interior de Canelinha, e conhecia Brusque, porque vinha pra cá para necessidades como supermercado, as vezes. Nesse tempo, houve um período que me mudei para o Rio Grande do Sul, para morar com meu pai.
Em Gramado fui estudar, e acabei começando a trabalhar na cozinha de um hotel. Eu queria na padaria. Não tinha nem 20 anos ainda. Foi lá que comecei a carreira, na limpeza de louças. Posteriormente fiz cursos profissionalizantes de gastronomia no Senac além de workshops.
A gastronomia exige que você corra atrás e se atualize. Não pode parar no tempo, é necessário essa evolução. Nenhum chef tem uma base soberana.

A.G.: O que é gastronomia para você?
J.A.: Acho que amor define. Quando adquire o amor, é uma introspecção. É o momento de servir alguém, e isso é muito positivo quando você consegue agradar um paladar. Respeito aos alimentos também é importante, e ter a técnica de manuseio. É uma simbiose que o alimento, cozinheiro, a chama, o sal e o açúcar vão se agregando e entrando numa conexão um com o outro. Tudo se resume no amor para a cozinha.

A.G.: Como você vê o fenômeno de “gourmetização”?
J.A.: Acho magnifico. É uma valorização do prato. Nossa cultura gastronômica brasileira durante muito tempo ficou para trás. Nós temos 500 anos e a Europa mais de 2 mil anos, e isso inclui uma qualificação maior na gastronomia do continente. Por questão histórica, o Brasil acabou se atrasando um pouco no século passado. Mas agora, com a tecnologia da informação e a facilidade de estudar fora, ficou mais fácil trocar conhecimento. Agora você pode comer arroz e feijão totalmente gourmetizado, por exemplo.

A.G.: Como você enxerga o cenário gastronômico em Brusque atualmente?
J.A.: Eu fiquei surpreso com o que vi. Tem uma cultura gastronômica com ótimos restaurantes, e pessoas muito engajadas em dar seu melhor. Tem ótimas casas e excelente chefs. Mas precisamos crescer mais e fidelizar o povo daqui como apreciadores da boa gastronomia. Mas está indo num caminho bom, que vai dar ainda mais certo.
Comer é cultura, e precisa respeitar a existente. Tem que respeitar o que se come aqui: marreco, chucrute. Alguns pratos como confit de pato tem hoje no cardápio da casa (Pietro’s). Penso também em agregar o marreco. Isso tá no DNA da região.
Mas todos estão abertos ainda a experimentar e querer. Gastronomia não é só comer, é uma experiência. Entender o que você está degustando.

A.G.: Como foi a chegada na cidade?
J.A.: Sou muito grato a população que me recebeu. Esta é uma cidade empreendedora, e as pessoas foram muito receptivas. As pessoas acreditaram em tudo, e me fizeram acreditar que o restaurante iria dar certo. Nossa tendência é sempre adaptar-se ao púbico brusquense que é muito exigente.

A.G.: O que falta em Brusque na gastronomia?
J.A.: Falta um fortalecimento. Não é em virtude da falta de qualidade, porque os restaurantes fornecem um bom trabalho. Poderia ter uma variedade de etnias culturais à mesa. A delicadeza no processamento dos alimentos também é importante. Variedade de técnicas, sabores e aromas. Isso faz com que o cérebro dê um nó, algo que se busca na hora de ter uma boa experiência gastronômica.

A.G.: O que você mais valoriza aqui?
J.A.: Esse charme que Brusque tem de não perder a cara cidade interiorana, como também é uma cidade muito evoluída em entretenimento, lojas, cinema… Essa proximidade que as pessoas que moram aqui tem entre si eu valorizo muito: todo mundo se conhece no supermercado! [rs]

Jerônimo Amaral Curte:

Na música: rock e MPB
Na TV: séries
No Cinema: Dr. Jivago (1965)
Cidade: Brusque
Paixão: família
Viagem marcante: Quatro Ilhas
Próximo destino: felicidade
Inspiração: meu filho
Hobby: vôlei
Mania: perfeccionismo