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Região de Brusque está entre as mais propícias para vendavais

Relevo e alta umidade do ar contribuem para formação de fenômenos climáticos

Com o tornado que atingiu Xanxerê, no Oeste catarinense, os fenômenos climáticos voltaram a dominar a pauta de discussão das autoridades municipais. Segundo o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais – desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) -, entre 1991 e 2012, foram registrados 658 ocorrências de vendavais em Santa Catarina, sendo que cinco foram em Brusque, Guabiruba e Botuverá.

De acordo com o estudo, Brusque registrou, oficialmente, dois vendavais: um em 2003 e outro em 2009. O estudo usa como referência a Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (Cobrade), que define vendaval como o deslocamento intenso de ar na superfície terrestre. No caso dos vendavais, não há “olho”, como no caso do furacão. Outra diferença é que furacões e tornados possuem redemoinho, formado no centro e no qual o vento pode ultrapassar os 100 km/h.

O diretor geral da Defesa Civil de Brusque, Valberto Dell’Antonia, afirma que a pasta está preparada para ocorrências deste tipo, embora o foco da prevenção na região seja enxurradas e enchentes. A Defesa Civil municipal possui um plano de contingência que congrega também secretarias, como Obras, que possui o maquinário para abrir ruas em caso de caminhos obstruídos.

“Estamos preparados para qualquer evento. Temos abrigos e os materiais necessários”, diz Dell’Antonia. A Defesa Civil conta com um estoque de lonas e outros materiais que podem ser utilizados tanto em casos de enchentes como em destelhamentos, o que é comum em vendavais.
Relevo do Vale favorece fenômenos

O meteorologista Marcelo Martins, da Epagri/Ciram, diz que por ser um vale, a região de Brusque reúne mais condições para fenômenos climáticos. “O relevo da região é altamente favorável e também porque é muito úmido. O Vale do Itajaí é muito propício a ter tempestades severas”, afirma.

Guabiruba registrou duas ocorrências de vendaval, em 2001 e 2002, de acordo com o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais. O diretor da Defesa Civil municipal, Claudio Correia Junior, afirma que o plano de contingência do município – que está em fase final – não trata destas ocorrências. “O foco é em inundações e deslizamentos, que acontecem mais aqui”, explica. Com relação aos vendavais, o diretor da Defesa Civil de Guabiruba diz que o município depende de um aviso do governo do estado. Em Botuverá, a única ocorrência foi registrada em 2009.

Estado é polo de furacões e vendavais

O levantamento do Atlas mostra que os 658 registros oficiais de vendavais atingiram 242 dos 293 municípios existentes durante o período do estudo (hoje, são 295, mas até 2012 eram 293). Isso corresponde a 82,6% do território catarinense. O Oeste foi a região mais atingida, com 290 ocorrências.

Já com relação à frequência anual, o Atlas aponta que 2009 teve o maior pico, com 101 ocorrências, em seguida vem o ano de 1998, com 90. Em 2003, foram 61 vendavais. Em todos os demais anos, os registros indicam menos de 35 fenômenos naturais.

A pesquisa também traz os danos causados por estes vendavais. Mais de 813 mil pessoas foram afetadas de alguma forma pelos fenômenos, sendo que destes 45 mil ficaram desalojados e 7,6 mil desabrigados. No que se refere a vítimas, oito pessoas morreram por ocorrência de ventos fortes, outras 385 foram feridas e 244 ficaram doentes.

O meteorologista da Epagri/Ciram, Marcelo Martins, explica que Santa Catarina e região Sul do Brasil registram muitos vendavais e outros fenômenos deste tipo porque o estado recebe os sistemas do Norte do país e dos polos, o que causa um choque térmico.

Radar é fundamental para prevenção
O radar de Lontras é peça integrante do sistema de prevenção da Secretaria de Estado da Defesa Civil, o equipamento, contudo, não poderia ter ajudado no caso de Xanxerê, porque a cidade fica fora de sua abrangência, diz o gerente de Monitoramento e Alerta, Frederico Rudorff.

O secretário de estado de Defesa Civil, Milton Hobus, e Ruddorff, tiveram uma reunião com a Simtech, que representa a Enterprise Eletronic Corporation, empresa americana responsável pelas peças de reposição do radar de Lontras. Hobus cobrou mais agilidade.

A previsão é de que na semana que vem os componentes sejam despachados para o Brasil. O entrave, então, é com a Receita Federal – responsável por liberar os equipamentos.

O diretor geral de Defesa Civil de Brusque, Valberto Dall’Antonia, afirma que a previsão é fundamental para minimizar os impactos de vendavais e furacões. O gerente de Monitoramento e Alerta do órgão estadual destaca que detectar este tipo de movimentação climática é muito difícil, até mesmo para os Estados Unidos, que conta com um aparato destinado a este tipo de ocorrência.