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Regulamentação é meta para Günther Lother Pertschy, novo presidente da Acafe

Reitor da Unifebe avalia cenário atual, traça objetivos e reconhece desafios pontuais das universidades comunitárias

O reitor da Unifebe, Günther Lother Pertschy, é o novo presidente da Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe), após ter sido eleito em chapa única na última quarta-feira, 6. A instituição reúne 16 fundações acadêmicas comunitárias e tem como função proporcionar o desenvolvimento do Ensino Superior catarinense nas diferentes regiões do estado.

Pertschy era vice-presidente da gestão 2016-18 do reitor da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), Sebastião Salésio Herdt. Ele cumprirá sua gestão até 2020, e já adianta que não buscará a reeleição para o biênio seguinte. Doutor em Educação pela Universidade de Santa Fé, na Argentina, o reitor ingressou na Unifebe como acadêmico de direito em 1999 e já lecionou nos cursos de Administração, Turismo e Gestão Empresarial. Ele assumiu a reitoria do Centro Universitário de Brusque em 2011 e, reeleito, deixará a função no início de 2019.

Em entrevista exclusiva, o novo presidente da Acafe fala sobre seus desafios à frente da instituição, como a regulamentação do modelo comunitário das universidades, a integração entre as fundações-membros da associação, ensino à distância e evasão acadêmica.

Preparação e integração
“Desde 2011 nos envolvemos bastante junto à Acafe, junto às nossas 16 instituições comunitárias. Em 2013 foi sancionada a Lei das Comunitárias, que são o terceiro modelo de Ensino Superior do país, foi uma grande vitória. Ainda continuamos na luta pela regulamentação, pois o MEC muitas vezes ainda não observa esta alternativa.

A partir do momento em que assumimos a vice-presidência, fomos sendo preparados de forma a assumir a presidência da Acafe. Foi o que aconteceu no último pleito, em chapa única, com o reitor Claudio Alcides Jacoski, da Universidade Comunitária Regional de Chapecó (Unochapecó). A ideia é sempre compôr uma chapa de reitores e instituições de diferentes regiões do estado, até mesmo com diferentes portes, mostrando a importância de unir forças.

Nosso modelo da Acafe tem sido procurado inclusive por outros estados. O único que possui estrutura mais semelhante é o Conselho das Universidades Comunitárias do Rio Grande do Sul (Comung).”

Evasão
“O problema do momento é que a economia retraiu bastante. Se o jovem que passa por uma dificuldade econômica observa que a solução é buscar uma instituição que requeira menor investimento, é algo que preocupa. Entretanto, nossas instituições da Acafe prezam pela qualidade. São preocupadas com pesquisa e extensão, não se contentam apenas com repasse de conhecimentos existentes.

Quando a economia dá sinais de melhoria, percebemos um fluxo diferente. As pessoas reconhecem o valor das instituições que fazem com qualidade, e o resultado é uma maior adesão. Não que outras não tenham qualidade, mas algumas realmente não investem tanto quanto as nossas, muitas delas com mais de 45 anos de atuação. A preocupação existe, mas o sistema Acafe tem a preocupação em unir forças para se adequar a modelos tecnológicos, digitais, apresentando estes formatos com qualidade. Nunca entraremos em um leilão, em situações nas quais apenas a questão monetária prevaleça. Claro que podemos sofrer um pouco de evasão em alguns períodos, mas nosso intuito é manter a qualidade acima de tudo. Não transformaremos a educação em um produto.”

Ensino à distância
“É uma solução para o nosso país, que tem tamanho continental. Em países de primeira linha, não há muito esta diferenciação entre presencial e à distância. É necessário quebrar este estigma, esta diferenciação, ainda mais em um país deste tamanho, com regiões que possuem acesso complicado, regiões distantes dos centros.

Nos sistema Acafe, entendemos que o ensino à distância requer tecnologias, utilizaremos e aperfeiçoaremos estas ferramentas. Há os sistemas que se chamam ‘blend’ no exterior, ‘híbrido’ ou ‘semi-presencial’ aqui. É neste formato que temos ainda mais vantagem. Recebemos este avanço tecnológico de forma muito natural. Há muitas iniciativas individuais das instituições. Temos vários grupos de estudo na Acafe, as chamadas câmaras. Temos a Câmara de Serviços Compartilhados, que possibilita um volume maior de barganha. A Câmara está atuando e já repercute nas nossas instituições.”

Regulamentação
“Precisamos trabalhar em cima da regulamentação das comunitárias. A lei foi sancionada em 2013, mas nossos direitos e deveres ainda não estão muito explícitos. Editais, linhas de financiamento, sistemas que contentem a comunitária. Dentro do próprio MEC, muitas vezes só existem as divisões ‘pública’, com municipal, estadual, federal, institutos federais, e ‘privada’. E as comunitárias.

Poderíamos ter um modelo específico. Um modelo de FIES diferente do que há nas privadas, porque temos diferenças em relação a elas. É uma das nossas grandes lutas, a regulamentação.”

Resultados da Acafe
“O sistema Acafe foi importante, está sendo importante e será importante para Santa Catarina. Nosso estado é o único que, apesar das diferenças regionais, possui um equilíbrio econômico, social e cultural. Isto ocorre porque, nas décadas de 60 e 70, criamos as fundações de Ensino Superior em diversas regiões e mantivemos os jovens no interior. Fizemos a interiorização, uma das metas das universidades públicas. Mas elas não conseguem atingir em função da complexidade do processo. Até mesmo a Udesc, que faz parte do sistema Acafe, tenta.

Sem a Acafe, provavelmente teríamos uma concentração de lideranças e intelectuais na capital sem o objetivo de voltarem para suas cidades de origem. E nosso sistema, através de bolsas do governo estadual, ainda proporciona inclusão e mudam muitas vidas.”