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Regularização dos jogos de azar divide opiniões em Brusque

Possibilidade de implantação de cassinos no município gera divergência entre especialistas

A legalização de jogos de azar, como máquinas caça-níqueis e bingos, voltou à pauta de discussões no Brasil após o ministro do Turismo do governo de Michel Temer, Henrique Eduardo Alves, mostrar-se a favor da medida.

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Para Alves, a regularização permitiria ampliar a arrecadação tributária do país e permitiria também gerar mais empregos. Embora o ministro e outros parlamentares defendam a medida, o Ministério Público Federal (MPF) é contra.

O órgão argumenta que a exploração dos jogos de azar, em geral, é ligada à lavagem de dinheiro, à evasão de divisas, à sonegação de impostos e à corrupção. Em Brusque, a regularização dos jogos divide a opinião de especialistas.

A possibilidade, por exemplo, de implantar cassinos no município gera pontos de vista diferentes. Para a coordenadora do núcleo de turismo da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Roselaine Erthal, o benefício da implantação de cassinos seria praticamente nulo.

“Em Las Vegas e em Punta del Este há cassinos famosos e as pessoas que vão para lá vão só para jogar. É um público focado e o município dificilmente ganha muito dinheiro. O que acontece é que os turistas vão no hotel, geralmente o hotel já tem cassino, e eles ficam somente naquilo e dificilmente vão usar algum restaurante fora dali ou fazer compras fora”, argumenta.

A coordenadora diz ainda que além do município não arrecadar, novos viciados em jogos podem surgir. Para Roselaine, a dependência psicológica que os caça-níqueis pode gerar é pior do que a dependência química. Por isso, ela também é contra a implantação de cassinos em Brusque e no país.

Na contramão do que diz a coordenadora, o diretor de Turismo de Brusque, Ademir José Moraes, é a favor da liberação dos jogos de azar, desde que a legislação estabeleça regras que impeçam o uso desordeiro.

Para Moraes, os cassinos foram responsáveis pelos fenômenos turísticos em alguns países. Com a proibição no Brasil, argumenta ele, o país deixou de arrecadar recursos.

“A gente está deixando de arrecadar bilhões de reais e deixando de gerar muitos empregos. Um estudo mostrou que estamos deixando de gerar mais de 200 mil empregos diretamente ligados aos jogos e isso representaria muito para a economia de um município”, diz.

Ainda de acordo com o secretário interino, Brusque teria capacidade para abrigar cassinos. Ele diz que há muitas pessoas que gostam de jogos de azar e que jogam mesmo sem a legalização. Embora apoie a regularização, Moraes ressalta que o turismo não pode aceitar qualquer atividade que gere dano, por isso, para ele, a discussão sobre a medida é válida.

Segurança

Caso os jogos sejam legalizados, o comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar de Brusque, Moacir Gomes Ribeiro, afirma que, por parte da instituição, a maior preocupação é em relação à fiscalização rigorosa das casas.

“Temos de fiscalizar para que não haja nenhuma lavagem de dinheiro, nenhum tráfico de influência e não incite as pessoas que já têm alguns distúrbios a jogarem ainda mais. A gente espera que a legislação tenha esse cuidado e esse zelo para que realmente haja um controle sério e eficiente nessas casas de jogos”, argumenta.

O comandante afirma ainda que o número de apreensões de caça-níqueis diminuiu em Brusque, porém, os jogos de azar, em geral, ainda são realidade não apenas no município como também no restante do país.