Relembre a história da Fideb, que permanece viva na memória de Brusque
Espaço concentrava áreas de lazer, instituições públicas e foi palco comercial e esportivo por cerca de 40 anos
Espaço concentrava áreas de lazer, instituições públicas e foi palco comercial e esportivo por cerca de 40 anos
Antes da construção da praça da Cidadania, no Centro da cidade, a Feira Industrial de Brusque (Fideb) era um dos principais pontos para prática esportiva e de eventos do município. O pavilhão, criado ainda na década de 1970, recebia desde jogos de diferentes modalidades, competições regulares e as primeiras feiras comerciais do município. Ele operou até a construção da Arena Multiuso, em 2005.
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O processo de desativação, segundo o historiador Paulo Vendelino Kons, foi gradual. De acordo com ele, no local eram mantidos órgãos como a Câmara de Vereadores, biblioteca pública, além de um centro cultural. O espaço arborizado ainda contava com homenagens aos imigrantes alemães, italianos e portugueses, além de abrigar um parque e um chafariz.
A construção da infraestrutura, lembra, foi uma forma de aproveitar uma área inutilizada até então, pela proximidade com o rio Itajaí-Mirim. Na época ele passava próximo onde opera o terminal urbano. Com o pavilhão, segundo ele, a cidade passou a organizar programações comerciais de destaque. “As famosas feiras da indústria eram grandes eventos”.
Pioneira
Entre os expositores que fizeram parte da história do pavilhão, Anilcon Schulenburg, o Nilo, 80 anos, lembra bem do papel das feiras de pronta entrega, organizadas no espaço. Para ele, o modelo era pioneiro e atraía muito a atenção de compradores de diferentes regiões. O principal movimento de compras ocorria em janeiro e chegava a reunir cerca de 50 expositores.
O motivo estava no clima e, principalmente, na localização do município, considerada estratégica para o movimento comercial. Com a proximidade com centros turísticos como Blumenau, Florianópolis e a recém-fundada Balneário Camboriú, muito do movimento gerado nas épocas de temporada acabavam tendo reflexos em Brusque.
O perfil de quem buscava as feiras no local também era diferente do habitual. Enquanto a rua Azambuja era procurada por lojistas, famílias eram responsáveis pela maior parte do movimento das feiras da Fideb.
“Se vendia para os turistas que vinham para a praia. O turismo já era forte nestas cidades e, muitos deles paravam ou vinham para cá para aproveitar os preços e produtos daqui”, lembra o representante comercial.
Recuperação pelo trabalho
Segundo Nilo, apesar da rotina intensa da época, as pessoas que participavam das atividades estavam felizes pela oportunidade de produzir, gerar renda e melhorar condição de educação para os filhos. A produção de roupas, descreve, era uma das poucas opções que as famílias locais para conseguir superar tanto as crises econômicas do período quanto as intempéries.
Em 1984, lembra, uma enchente abalou a economia da cidade cerca de três meses antes das feiras comerciais. Os estragos ganharam repercussão e os comerciantes se mobilizaram para manter a programação, considerada importante para amenizar os prejuízos gerados. Quando chegou o momento das feiras, destaca, o pavilhão estava recuperado para o evento.
De acordo com ele, a disponibilidade do local foi importante não só para a recuperação das famílias locais, mas para a criação de um espírito empreendedor e de associativismo entre os empresários. Para ele, o pavilhão onde eram organizados os eventos teve uma contribuição importante na retomada do crescimento do município. “É difícil saber como a cidade teria se recuperado sem a feira, talvez teria mais dificuldades”.
O coração do esporte
Se para os comerciantes o espaço representava oportunidades de negócios, para os amantes de esporte, o local era um importante ponto de encontro e formação de atletas na década de 1980. “A Fideb foi o coração do esporte de Brusque”, lembra o ex-presidente da Liga Brusquense de Futebol de Salão, Francisco Simas, 72, o Chico.
Ao longo de cerca de vinte anos, ele acompanhou a rotina esportiva do local. Futebol de salão, basquete e vôlei. As partidas aconteciam todos os dias, com jogos que se estendiam até 1h. O horário alternativo, lembra, era uma forma de possibilitar que as equipes pudessem aproveitar maior tempo possível.
Boa parte delas era composta por funcionários das empresas da cidade e municípios vizinhos. Grupos de amigos e organizações de bairro também faziam jogos regulares. Além do Centro, representantes de bairros como Santa Luzia, Águas Claras, Limeira e São Pedro eram frequentes nas disputas.
A estimativa do ex-presidente é que cerca de 3 mil pessoas chegavam a passar pelo ginásio em função do esporte. Ele também era alternativa para as práticas esportivas por parte das escolas locais. Um dos orgulhos de Chico é reconhecer que boa parte dos alunos que frequentavam a Fideb, hoje, são esportistas, professores ou incentivadores das atividades físicas.
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A decadência
Ele lembra que o movimento no local era tão intenso e tradicional, que muitos dos jogadores que frequentavam o ginásio bancavam as partidas para possíveis atletas de última hora. Equipes formadas internamente também participavam de campeonatos como os Jogos Abertos.
Mesmo após ter deixado o comando da entidade esportiva, Chico acompanhou os últimos momentos da Fideb. Segundo ele, ainda antes do ato, uma tentativa de remoção dos prédios do local já havia ocorrido no fim da década de 1990.
Na época, a mobilização do grupo conseguiu articular a permanência das atividades e uma reforma chegou a ser desenvolvida na estrutura existente. Para ele, a existência do ginásio no Centro ajudava na integração da cidade e há uma carência de espaços semelhantes na atualidade.