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RenauxView apresenta Plano de Recuperação Extrajudicial à Justiça

Empresa busca reequilibrar as contas para continuidade das atividades

A Têxtil RenauxView apresentou um Plano de Recuperação Extrajudicial (PRE) à Vara Comercial da Comarca de Brusque no dia 28 de fevereiro. O objetivo é conseguir negociar da melhor forma cerca de R$ 173 milhões em dívidas relativas ao passado.

A negociação extrajudicial é um procedimento diferente da recuperação judicial, que foi adotada pela Buettner e a Schlösser, por exemplo. Na extrajudicial, o processo é mais simples e menos intervencionista.

O advogado Guilherme Caprara explica que a opção pela recuperação extrajudicial deve-se, sobretudo, ao perfil dos credores.

Diferentemente de outras empresas que têm débitos, não há credores trabalhistas ou fornecedores para receber. Além disso, Caprara diz que são poucos, dois ou três, que não aceitaram o plano de pagamentos apresentado pela indústria.

O instituto da recuperação extrajudicial contempla justamente casos como esse, no qual a maioria dos credores aceita um plano e poucos emperram o andamento.

Para poder apresentar um pedido de recuperação extrajudicial, a RenauxView teve de buscar a aprovação de credores que representem, no mínimo, 60% do total dos créditos.

A indústria brusquense conseguiu ultrapassar esse percentual e, com isso, apresentou o pedido na Vara Comercial. O próximo passo é a RenauxView publicar um edital, no qual informará mais detalhes do PRE.

Além disso, todos os credores que não aderiram ao plano terão de recebê-lo por carta. Eles terão 30 dias para se manifestar.

Depois, a empresa poderá se manifestar de novo e posteriormente a juíza da Vara Comercial homologará ou não o PRE. A expectativa de Caprara é que em cerca de 45 dias úteis o plano esteja homologado e em vigor.

Crise financeira e inflação dificultaram vida da empresa

A RenauxView enviou um comunicado ao mercado financeiro no qual informa sobre o pedido de recuperação extrajudicial. A empresa também apresentou o PRE à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ao qual O Município obteve acesso.

De acordo com o documento, a dívida da fábrica é de R$ 173.267.572,98. O plano propõe os seguintes termos para pagamento: prazo de 240 meses, sendo que nos primeiros 24 meses são previstos pagamentos que totalizam 5% do total devido e o restante é amortizado em 216 pagamentos mensais, iguais e sucessivos; deságio de metade ou mais, dependendo do tipo de credor; correção monetária pela variação da taxa referencial (TR) relativa ao mês anterior ao pagamento; e juros remuneratórios de 2% ao ano.

Motivos
No plano, a empresa elenca quais foram os fatores que a levaram a não quitar as dívidas e a pedir a recuperação. Um dos principais é quantidade de dívidas que existia da gestão anterior a 2006, quando a empresa foi adquirida pelos donos atuais.

A RenauxView também teve dificuldades porque, com crise instalada e aumento das taxas nominais de juros, balizadas no Brasil pela Selic, a taxa básica permitiu que as instituições financeiras e creditícias praticassem juros maiores em suas operações de concessão de crédito: tanto empréstimos, com fins de curto prazo, como financiamentos, com objetivos de prazo mais alongado.

A empresa também cita que a economia brasileira é indexada à inflação. Basicamente, tudo sobe conforme ela, contudo, em tempos de crise, a indústria não consegue repassar a subida dos custos aos clientes e vê sua situação se deteriorar.

Ainda no PRE, a indústria diz que para sustentar esse crescimento inflacionário nos custos, muitas empresas recorrem a recursos de terceiros, ou seja, dinheiro emprestado, a uma taxa de juros muito alta.

Aliado à dificuldade interna, a empresa também sofreu com a elevação das importações de têxteis pela economia brasileira, beneficiada pelo câmbio reduzido e a expansão da indústria chinesa.

O aumento no preço do algodão também afetou a empresa, assim como a alta carga tributária no Brasil.

Empresa continua a operar normalmente, garante diretor

O diretor financeiro da RenauxView, Márcio Luiz Bertoldi, garante que a apresentação do PRE é apenas a alternativa encontrada para sanar uma situação referente à gestão anterior.

Em 2006, a Indústrias Têxteis Renaux SA, em crise, foi negociada. A Breda Participações, tendo como sócios principais Bertoldi e Armando Hess de Souza, comprou a fábrica e a rebatizou como RenauxView.

“Desde 2006, lutamos muito com muitas dívidas, assumimos a empresa bem quebrada e viemos negociando”, explica o diretor. Ao mesmo tempo em que negociava com os credores, a empresa buscou se renovar.

Nos últimos 13 anos, Bertoldi viajou à Europa para conhecer tendências. A empresa também passou a atuar também na moda feminina e investiu em maquinário.

Ele afirma que mesmo com os esforços, as dívidas do passado continuaram a incomodar. Atrapalharam, por exemplo, para obtenção de financiamentos junto a bancos.

Bertoldi diz que foram 13 anos de negociação com os credores, mas ainda assim não houve consenso, por isso optou-se pela recuperação extrajudicial.

O diretor afirma que a empresa não tem dívidas atuais. Os pagamentos de fornecedores, bancos e funcionários está em dia.

Bertoldi garante a continuidade da empresa e diz que, inclusive, chegará maquinário novo para incrementar o parque fabril.