Três acusados de aplicar golpe em fiéis de Brusque são presos pelo Gaeco

Jhonatan de Oliveira Henschel e Tiago Haveroth estiveram no município para vender falsos pacotes

Três acusados de aplicar golpe em fiéis de Brusque são presos pelo Gaeco

Jhonatan de Oliveira Henschel e Tiago Haveroth estiveram no município para vender falsos pacotes

Um evento que oferecia descanso, adoração e fé resultou em uma gigante dor de cabeça para dezenas de pessoas. Em Brusque, pelo menos cinco pessoas foram enganadas pela empresa Cardume Eventos e Promoções, a qual vendeu um falso pacote de três dias no Fazzenda Park Hotel, em Gaspar, com direito a dois shows das cantoras gospel Bruna Karla e Gisele Nascimento, em um evento chamado Encontro Gospel.

Na noite de segunda-feira, 31, as vítimas foram até a Delegacia de Polícia Civil para registrar o boletim de ocorrência por estelionato contra a empresa e os representantes Jhonatan de Oliveira Henschel e Tiago Haveroth, os quais estiveram em uma igreja evangélica do município para oferecer o pacote.

Um pastor de 34 anos, que permitiu a divulgação dos acusados aos fiéis, relatou que a promessa da dupla era que os membros da igreja teriam “um fim de semana abençoado para você e sua família, em contato com a natureza”, como dizia o folder promocional.

O Encontro Gospel estava previsto para ocorrer nos dias 1, 2 e 3 de setembro, com valores que variavam de acordo com as acomodações escolhidas: de R$ 1,3 mil a mais de R$ 2 mil, com possibilidade de parcelamento no cartão de crédito em até dez vezes. Quando a primeira parcela de uma das vítimas chegou com valor acima do estipulado – acima de R$ 200, quando o combinado era R$ 150 -, as suspeitas aumentaram.

O pastor Dias afirmou que a igreja tomou todas as precauções necessárias, checando o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), fotografando os dois vendedores no momento da visita e do veículo utilizado por eles, uma Evoque Dinamic, de Blumenau.

Após desconfiar que o preço do pacote era muito barato, o pastor decidiu visitar a sede da Cardume, na rua Sete de Setembro, no Centro de Blumenau. No local, ele foi informado que a empresa alugou uma sala por três meses, mas teria ficado por menos de 30 dias e já não funcionava. A funcionária que atendia os clientes, inclusive, havia sido demitida.

No retorno, o pastor passou pelo hotel fazenda em Gaspar e, em conversa com o responsável pelas reservas, foi informado que de fato havia uma pré-reserva para aquele período, mas que o prazo para pagamento venceu e não foi honrado pela Cardume.

Em contato com a assessoria jurídica do Fazzenda Park Hotel, a reportagem foi informada que é comum produtores de eventos realizarem pré-reservas, mas por algum motivo, o cliente cancelou. “Para o hotel, a situação está esclarecida e não houve nenhum prejuízo”.

Para o delegado Leandro Sales, esse crime é tipificado como estelionato e é importante que todas as vítimas registrem um boletim de ocorrência para que os culpados pelo golpe sejam responsabilizados e penalizados individualmente.

Empresa fez vítimas em várias cidades

A empresa Cardume fez vítimas em diversas cidades do estado. Foram pelo menos cinco em Balneário Camboriú e duas em Camboriú, que registraram o boletim de ocorrência. Em Biguaçu, na Grande Florianópolis, um grupo de seis amigos também foi vítima dos estelionatários. Um músico de 33 anos, foi uma das vítimas e além de ter sido lesado financeiramente, também foi ameaçado por Jhonatan quando passou a cobrar esclarecimentos sobre o pacote.

Ele conta que a divulgação do falso Encontro Gospel ocorreu durante um evento no Centro Multiuso, em Biguaçu. “Eles entregaram folders e eu e meus amigos nos interessamos em participar”, conta. Antes de fechar o pacote, o músico entrou em contato com o hotel para confirmar se o evento aconteceria. Em seguida, fez contato com a assessoria da cantora Bruna Karla, que informou que a empresa Cardume já havia feito o pagamento de R$ 15 mil antecipado.

Foi então que a vítima fez o contato com Jhonatan para a negociação. “Passei os meus dados e de meus amigos pelo WhatsApp em 30 de junho, e então combinamos que ele passaria na minha casa para entregar o contrato e a nota fiscal”, conta.

Jhonatan e outro companheiro estiveram em Biguaçu, onde fizeram a negociação na casa do músico. Dias mais tarde, a vítima passou a pedir esclarecimentos sobre o evento, pois começaram a surgir os boatos do golpe na região, foi quando Jhonatan passou a ameaçá-lo de morte. “Tenho as conversas salvas em meu celular, em que ele diz que vem até minha casa me matar”.

Pelo contrato, o músico fez a consulta do CNPJ da empresa, que está em nome de Luis Alexandre Schubert.

Operação do Gaeco prende suspeitos

Pelo menos três dos envolvidos com a empresa Cardume, Jhonatan de Oliveira Henschel, Tiago Haveroth e Luis Alexandre Schubert já estão presos. Eles foram detidos durante a operação Off-line, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), de Blumenau, que investiga um grupo suspeito de fraudes em vendas virtuais em Santa Catarina. Jhonatan e Tiago, inclusive, são apontados como “chefões” do grupo.

A operação foi deflagrada na quarta-feira, 26, quando foram cumpridos sete prisões preventivas, nove temporárias, três conduções coercitivas e 20 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 1ª Vara Criminal de Blumenau.

Na segunda-feira, 31, mais duas pessoa foram presas quando foram expedidos quatro novos mandados de prisão. Apenas dois deles foram cumpridos, um em Blumenau e outro em Ilhota. Ao todo, até o momento, 12 pessoas permanecem presas.

As investigações iniciaram em março, a partir de um procedimento instaurado pela 15ª Promotoria de Blumenau para apurar a prática de reiteradas fraudes em vendas virtuais realizadas em todo o Brasil.

O Gaeco apurou a existência de uma organização criminosa que atua na criação de falsas empresas virtuais e realiza vendas de produtos variados pelo site, recebendo os pagamentos por meio de boletos ou depósitos bancários, sem fazer qualquer tipo de entrega.

Para parecer que é real, o grupo alugava um espaço físico e fazia uma plotagem na frente, que era fotografada, simulando a existência de endereço físico. Ao colocarem as fotos no site, levam os consumidores a acreditar que a atividade é licita.

Quando a fraude vem à tona, por meio de registros policiais e pelas reclamações postadas na própria internet, o grupo imediatamente elimina a loja denunciada e cria outra loja virtual para seguir enganando os consumidores.

Até agora, o Gaeco identificou pelo menos 18 lojas virtuais criadas pela organização criminosa e estima que o montante dos golpes ultrapassa a cifra de milhões de reais.

Com informações de Levi de Oliveira

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