Parque Zoobotânico de Brusque será extinto caso projeto de lei for aprovado
Senadora Gleisi Hoffmann sugere que animais que vivem em cidades do interior sejam transferidos para capitais
Alguns dos itens do projeto de lei 650 de 2015, da senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR), que propõe o fechamento dos zoológicos fora das capitais, “são impossíveis de serem aplicados” na visão do presidente da Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB) – entidade que representa o setor – Cláudio Hermes Maas e também da responsável pelo Zoobotânico de Brusque, Milene Pugliesi Zapala Roza.
O projeto de mais de 40 páginas sugere alterações na legislação em defesa dos animais domésticos e exóticos, inclusive prevendo a criação de um Sistema Nacional de Proteção e Defesa do Bem-Estar dos Animais (Sinapra) e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa do Bem-Estar dos Animais (Conapra).
No entanto, ao fim do projeto, na página 35, Gleici sugere que sejam fechados, em até dois anos, todos os zoológicos que não estejam em capitais. Ela também propõe que sejam vetadas aquisição de novos animais para o acervo de zoológicos, ressalvados os casos de animais de apreensões, doações, em condições de maus-tratos, acidentados, mutilados ou que não possam mais ser devolvidos ao seu habitat natural, mediante autorização do órgão competente.
Entre as justificativas do projeto, a senadora afirma que busca “dar efetividade ao princípio da sustentabilidade ambiental, bem como se direciona à defesa de valores éticos e de responsabilidade para com todos os seres viventes e sensíveis, consagrados em nosso texto constitucional”.
Ela também diz que “defender os animais e protegê-los de abusos é defender a vida humana digna e contribuir para uma sociedade mais evoluída”.
Caso o projeto for aprovado no Congresso Nacional e sancionado pelo presidente Michel Temer, cinco cidades seriam afetadas: Brusque, Pomerode, Balneário Camboriú (Santur), Penha (Beto Carrero World) e Joinville.
Sobrevivência animal
Milene, do Zoobotânico de Brusque, é contrária ao projeto. Ela diz que há muitos aspectos negativos na proposta, já que, o objetivo principal dos zoológicos é oferecer aos animais que não conseguem retornar ao seu habitat natural um lugar com bem-estar para que possam viver.
“Como técnicos da área, somos contrários ao projeto. Queremos conservar as espécies”, diz Milene, que destaca que o Zoobotânico também é responsável por gerar empregos no município e por movimentar a economia, já que é um dos pontos turísticos de Brusque. Atualmente são mais de 30 funcionários que cuidam de cerca de 200 animais de 51 espécies.
Para Maas, que além de ser presidente da SZB é biológo do Zoológico de Pomerode, é preciso considerar dois pontos do projeto. Ele diz que há uma importância na proposta quando se fala nos cuidados relacionados ao bem-estar do animal, porém, o que deixa o setor preocupado são os itens que propõe o fechamento dos zoológicos das cidades do interior.
Maas observa que as instituições das capitais, atualmente, “não têm a menor condição física e orçamentária de absorver o contingente de animais” que estão nos zoos do interior. Segundo ele, são 100 zoos nos municípios do interior e 25 em atividade ou fechados nas capitais. A estimativa é que no interior são abrigados cerca de 40 mil animais e nas capitais 10 mil.
“É um projeto impossível de ser aplicado na prática. Compromete a sobrevivência de milhares de animais e impacta negativamente no país, não somente numa região”, diz o presidente da SZB.