Rosemari Glatz, nova reitora da Unifebe, busca reequilibrar contas da instituição
Ela assume o centro universitário com o objetivo de mantê-lo financeiramente sustentável
Ela assume o centro universitário com o objetivo de mantê-lo financeiramente sustentável
Rosemari Glatz assume o Centro Universitário de Brusque (Unifebe) com uma meta definida: consolidar a instituição no patamar que ela alcançou nos últimos anos e torná-la mais sólida em todos os aspectos.
A objetividade é uma característica da nova reitora da maior instituição de ensino superior de Brusque. Servidora de carreira da Receita Federal, onde chegou a chefiar a agência no município, Rosemari se define como pragmática.
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No caso da Unifebe, o diagnóstico foi algo quase natural, afinal, Rosemari é professora na instituição desde 1997. Além disso, ela foi eleita no fim do ano passado e durante o período de transição já teve acesso aos números e pôde tomar algumas medidas, com algumas demissões em setores que não atingem diretamente o aluno.
Ela classifica a Unifebe como uma instituição de pequeno porte que, fundada há 46 anos, só deu uma guinada mais forte de crescimento nos últimos 20 anos. Na gestão de Günther Lother Pertschy, que deixou o cargo na terça-feira, 9, o centro universitário lançou diversos cursos, ganhou projeção e subiu de patamar no cenário educacional.
Agora, Rosemari assume com o objetivo de aparar as arestas. O principal é colocar as contas em dia.
“Com relação à saúde financeira, vamos demorar um bom tempo para restabelecer isso porque somos uma instituição de ensino”, comenta Rosemari. Segundo ela, a atual situação não permite que a instituição faça “investimentos vultosos” no futuro próximo.
Pragmática, Rosemari identificou que o caminho para reduzir os problemas financeiros e consolidar a Unifebe como uma referência na região é rever os cursos. Mas ela adianta que tudo será feito comresponsabilidade e com o aluno em primeiro lugar.
“Não estamos mais entrando com turmas pequenas. Cursos com entrada de turmas muito pequenas serão revistos. Não tem sentido entrar com dez alunos”, diz a reitora.
“Faremos uma revisão de todos, os que não têm sustentabilidade serão concluídos e encerrados. Aí começamos a estancar [o déficit]”, completa.
“Levaremos pelo menos um ano com esse processo, porque o nosso foco é o aluno. Será feito tudo com responsabilidade. Minha perspectiva de um ano para sair do vermelho é dentro do que estamos vendo”, projeta a nova reitora.
Ela também afirma que todos os cursos e pesquisas serão feitos ou abertos com o foco de atender a demanda regional de Brusque.
Além de ter alguns cursos deficitários, a Unifebe também sofre com um problema endêmico no sistema educacional: a inadimplência. Os índices chegam a 20% na instituição.
“Enquanto isso, os custos fixos acontecem, então temos um descompasso de fluxo de caixa. Não que esse aluno não vá pagar, mas até lá temos que segurar”, comenta Rosemari. Ela afirma que a ideia, agora, é criar um “colchão”, para que a Unifebe possa aguentar essa inadimplência para algum tempo até o dinheiro voltar a entrar.
EAD
O Ensino a Distância (EAD) é uma tendência nacional e mundial. Grande parte das maiores universidades do país entrou nesse mercado, assim como a Unifebe recentemente.
Contudo, sem o resultado esperado, a nova reitora deve reposicionar o EAD. “Tenho estudado bastante essa questão, tenho conversado com outras lideranças da área de ensino e, sinceramente, esse EAD hoje instituído não funciona para a nossa região porque muita gente não conhece a Unifebe fora”, avalia.
Segundo a reitora, seria necessário investir alto em marketing para tornar a Unifebe mais conhecida. Hoje, ela avalia que nem mesmo em Blumenau, que fica a 40 quilômetros de distância, a instituição é bem difundida.
O mercado de EAD é dominado por gigantes do setor. Competir com elas exige muito investimento, que nem sempre se paga. Por isso a ideia é aproveitar a estrutura que já existe para criar um ensino a distância como apoio às aulas presenciais.
A direção irá verificar quais disciplinas que podem ser ministradas EAD dentro dos cursos regulares. Serão matérias em comum eque são obrigatórias conforme o Ministério da Educação (MEC), como Língua Portuguesa e Cultura e Diversidade.
A ideia é que os professores sejam capacitados e que, com isso, eles possam ministrar essas aulas para vários cursos. Isso também refletirá na redução do custo.
O curso de Design da Unifebe deverá ser o primeiro a passar por uma mudança substancial na sua grade. Após conhecer experiências na Alemanha e em outros locais, Rosemari pretende, gradativamente, adotar um programa mais flexível.
No caso do Design, por exemplo, o aluno fará dois anos de aulas em comum. Depois, ele montará sua grade com o direcionamento que preferir, seja para a área gráfica, moda etc.
Essa modalidade permite que o estudante tenha mais autonomia na sua formação e também se alinha com a proposta de redução de custos da nova reitora. Como parte das disciplinas integrarão mais de um curso, as aulas terão mais alunos e, consequentemente, a despesa cai.
Rosemari diz que o corpo docente será capacitado para que entenda o novo momento da Unifebe. Os professores terão uma didática mais generalista, para que o conteúdo possa ser aprendido por estudantes de diferentes áreas.
“Essa revisão é necessária também para a redução do custo das mensalidades, vamos trabalhar nesse sentido. Isso passa pela otimização dos processos, tem que dar mais velocidade e melhor aproveitamento”, declara.
Afeita aos números, Rosemari analisa que, estatisticamente, o potencial de crescimento do público jovem para a Unifebe é pequeno. A taxa de natalidade no estado tem caído vertiginosamente, enquanto a longevidade tem crescido.
Por isso a ideia, já a partir do meio do ano que, é que a Unifebe passe a mirar também as pessoas mais velhas sem ensino superior. “Há uma demanda reprimida de pessoas com idade, estabelecidas e com filhos e que devem se preparar. Estudar também é saúde, pois se você trabalha a sua mente, aumenta a sua autoestima”.
Ao mesmo tempo que tentará captar mais pessoas mais velhas, a reitora não quer descuidar dos jovens recém-formados no Ensino Médio. Nesse contexto, o Colégio Universitário tem um papel importante.
A escola terá continuidade com suas turmas de primeiro, segundo e terceiro anos. Rosemari diz que o retorno tem sido positivo, pois as pessoas entenderam a proposta diferenciada, com o ensino de educação para a cidade e outras disciplinas no contraturno.
Os custos que envolvem a implantação da Medicina na Unifebe já estão assegurados e serão mantidos, conforme a reitora. A construção do novo prédio, que fica também no Santa Terezinha, terá início em breve e deve ficar pronta ainda neste ano, para que o primeiro semestre de 2020 já ocorra nas novas instalações.
“O curso de Medicina está dentro do programado, pegamos capital de um terceiro para a construção. Está dentro do fluxo de caixa para o curso”, afirma Rosemari. Ela diz que os aparelhos e laboratórios necessários para este anos já estão em funcionamento.
Com relação ao corpo docente, não faltam profissionais para lecionar. A reitora diz que a instituição fará um esforço no sentido de capacitar esses médicos para que tenham didática para ensinar os estudantes.
O curso é voltado à prática desde o início e o objetivo é formar um médico mais humano e preparado para lidar com pessoas no cotidiano. “Vamos trabalhar para que seja o curso mais completo, mais pleno do estado”.
Currículo da nova reitora
Família
Neta de imigrantes, filha, sobrinha e neta de comerciantes, nasceu em Taió, SC, filha de Edda Catharina (Klein) Glatz e de Daniel Glatz.
É casada com Carlos Roberto Meyer, mãe de Ariel, Luan, Anna, Marcele e Sarah, e avó de Helena. Reside no centro de Brusque desde 2009.
Formação
É Mestre em Administração pela FURB.
É Pós-Graduada em Auditoria Contábil pela UNIVALI.
É graduada em Administração pela UNIVALI.
É Técnico em Contabilidade, tendo cursado o ensino médio de no Colégio Estadual Luiz Bértoli (Taió, SC).
Atividades na UNIFEBE
É professora do Centro Universitário de Brusque (Unifebe) desde 1997, tendo atuado nos cursos de Ciências Contábeis, Gestão Comercial, Administração e Pós-Graduação desde 1997.
Foi Coordenadora dos cursos de graduação de Logística e Comércio Exterior. Foi Assessora da Pró Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura – Proppex.
Coordenou o Grupo de Pesquisa HiMPaC – História, Memória e Patrimônio Cultural (CNPq).
Presidiu e coordenou o Conselho Editorial da Editora da Unifebe.
Membro do Conselho Universitário (Consuni). É pesquisadora da imigração alemã e polonesa para os Vales do Itajaí e Itajaí-Mirim. É pesquisadora da vida e obra do Cônsul Carlos Renaux.
Outras atividades profissionais
Receita Federal: aprovada em concurso público, trabalhou na Receita Federal do Brasil entre dezembro de 1990 e março de 2018, onde ocupava o cargo de Analista Tributário da Receita Federal do Brasil. De abril de 2009, até sua aposentadoria, em março de 2018, ocupou a função de Chefe da Agência da Receita Federal do Brasil em Brusque.
Escola de Administração Fazendária do Governo Federal – ESAF: Atuou como instrutora da nos cursos de formação para os cargos de Auditor e Analista da Receita Federal.
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Reportagem especial: O pouco tempo de uma vida que mal começou
Governo de Santa Catarina: entre janeiro de 1986 e dezembro de 1990, trabalhou na Exatoria Estadual do Governo de Santa Catarina.
Prefeitura de Taió: entre fevereiro de 1984 e janeiro de 1986, trabalhou como Coordenadora de Pré-Escolar na Prefeitura de Taió, onde, entre fevereiro de 1980 e janeiro de 1986 foi estagiária de pré-escolar.
Atividades associativas:
É presidente da Associação Visite Guabiruba (Avigua).
Foi presidente da Associação do Professores e Funcionários da Unifebe (Aprofebe).
Integra a diretoria executiva da Sociedade Amigos de Brusque e de Apoio ao Museu Histórico do Vale do Itajaí-Mirim – Casa de Brusque.
É membro do Conselho Municipal de Turismo de Brusque – Comtur.
É membro do Vale Teares Convention & Visitors Bureau.
Publicações:
Brusque – Os 60 e o 160: Elementos da nossa história (2018);
História, Cultura e Gostosura: Receitas culinárias de família como expressão de patrimônio cultural regional” (2018, organizadora).
Famílias de Origem Alemã no Estado de Santa Catarina (2017, em coautoria).
Coletânea de Histórias de Trabalho da Receita Federal do Brasil (Ministério da Fazenda. Edições dos anos de 2014, 2015. 2016, em coautoria).
Publica uma coluna semanal no jornal O Município (Brusque).
Publica anualmente na Revista Notícias de Vicente Só – Brusque e região.
Academia de Letras do Brasil: foi diplomada e empossada na Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina, Seccional de Guabiruba. O diploma Ad Immortalitatem foi conferido à acadêmica pelo título de dignidade e honra, como titular da Cadeira Perpétua número 02, tendo como Patronesse da cadeira a escritora brusquense Maria Luiza Renaux (Bia Renaux).