Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

150 Anos da Imigração no Brasil – Brusque – Parte II

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

150 Anos da Imigração no Brasil – Brusque – Parte II

Rosemari Glatz

A partir da chegada do primeiro grupo de imigrantes polacos em 1869, em Brusque, o movimento migratório de poloneses para o Brasil foi sendo intensificado e se estendeu até o século XX.

A maior parte dos poloneses se estabeleceu no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Grupos menores se instalaram nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás, e também participaram da colonização do Estado do Espírito Santo. Graves problemas sociais, fome, miséria e falta de independência estão entre as causas que impulsionaram a emigração dos poloneses em busca de melhores condições de vida e liberdade no além-mar.

Crise econômica e o “Levante de Janeiro”

No século XIX, sob o domínio dos impérios da Rússia, Prússia e Austro-Húngaro, a Polônia sofria todo tipo de dificuldades provenientes da falta de independência e exploração por parte dos opressores. Sem as reformas necessárias na área rural, com grandes latifúndios e excesso de mão de obra, graves problemas sociais começaram a surgir. Os movimentos em prol da independência, que levaram ao sangrento e malsucedido “Levante de Janeiro” nos anos de 1863-1864, provocaram mais represálias e fizeram com que muitos poloneses procurassem fugir do país.

O “Levante de Janeiro” foi a mais longa insurreição polonesa contra a ocupação russa. Combatentes italianos, húngaros e franceses se aliaram aos revoltosos poloneses e até mesmo religiosos entraram para a resistência, mas dois anos depois o levante sucumbiu e foi seguido de severas represálias.

Centenas de revoltosos foram executados, e milhares foram condenados e enviados para a Sibéria, na Rússia, para trabalhar em regime de escravidão. Após o Levante, os impostos aumentaram, propriedades foram confiscadas, conventos e monastérios foram fechados. A região polaca ocupada pelo Império da Prússia também foi atingida por forte repressão.

A falta de esperança e a liberação da emigração polaca

A língua polonesa foi proibida nas escolas e na administração pública. O serviço militar tinha que ser cumprido nas forças armadas dos países ocupantes. A miséria, a fome, a falta de quaisquer esperanças de mudança na vida dos mais pobres igualmente era um fator importante na procura de uma nova “terra prometida”. E, ao final do século XIX, a crise econômica generalizada na Europa, agravada pela Guerra da Crimeia, forçou os ocupantes a liberar a emigração de poloneses.

Passe livre para a emigração para a América

Ao mesmo tempo em que se desenrolava a crise econômica generalizada na Europa, o Brasil procurava meios e pessoas para colonizar suas enormes áreas de terra e desenvolver no seu território uma agricultura variada e relativamente moderna. Os imigrantes poloneses, em sua maioria agricultores, trabalhadores honestos e perseverantes, encaixavam-se muito bem nas necessidades do país.

Nas últimas décadas do século XIX, a tendência de emigração assumiu uma dimensão massiva na região de Opole e, embora as autoridades tentassem contê-la, inúmeras famílias decidiram emigrar.

Muitos formalizaram o pedido de liberação da cidadania prussiana, justificando o pedido com a intenção de deixar a Prússia e de se estabelecer no Brasil e, depois de alguns dias, recebiam o chamado “Entlassungsschein”, que significa “passe livre” para a emigração para a América desejada. No entanto, há notícias de que muitos também emigraram ilegalmente.

Atualmente, estima-se que haja cerca de 1,5 milhões de descendentes de poloneses no Brasil, sendo a terceira maior população de ascendência polonesa no mundo, depois dos Estados Unidos e da Alemanha. Na América Latina, o Brasil é o país com mais imigrantes dessa etnia.

 Continua na coluna do dia 13 de setembro.

Fontes: Mari Inês Piekas, na palestra sobre Sebastião Edmundo Woś-Saporski (2018)
Siołkowice. A História de Siołkowice.
Zdzisław Malczewski. Os poloneses e seus descendentes no Brasil.

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