Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

154 anos da imigração polonesa

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

154 anos da imigração polonesa

Rosemari Glatz

Somos ligados a nossa história e a usamos como fonte de nossa força. Somos conhecidos por sermos inabaláveis e por mantermos acesa a esperança, mesmo nos momentos mais difíceis de nossa história. Enfrentamos os desafios futuros mantendo a fé no apoio da Providência, graças à qual sobrevivemos às maiores turbulências e desgraças em nossa história. Foi com essa frase, de Jaroslaw Szarek, que abri o livro O Voo da Águia: 150 anos de imigração polonesa no Brasil, que lancei no ano de 2021.

E novamente estamos comemorando mais um ano da imigração polonesa no Brasil, que começou por Brusque, no ano de 1869 e, por isso a cidade é considerada o Berço da Imigração Polonesa no Brasil. Agora, já são 154 anos!

Quando os poloneses emigravam da Europa, normalmente embarcavam em portos alemães e quando chegavam ao Rio de Janeiro, então capital do Brasil, a inspeção de saúde era obrigatória. Depois os poloneses seguiam até Paranaguá, Desterro (atual Florianópolis), Itajaí, São Francisco do Sul, ou Laguna, de onde seguiam viagem em barcos menores até o seu destino final (como Brusque). Normalmente, ficavam um tempo no chamado barracão dos imigrantes antes de se estabelecerem em seu próprio lote de terras, onde normalmente chegavam por terra, viajando de carroça, carro de boi ou a cavalo.

Em Santa Catarina, a imigração polonesa ocorreu de maneira diferente da imigração alemã e italiana. Como não houve núcleos coloniais exclusivos de imigrantes polacos, eles foram assentados em várias partes do território catarinense, geralmente nas áreas periféricas de outras colônias e baseados em pequenas propriedades rurais. Brusque foi exceção, pois, como muitos imigrantes eram tecelões, em pouco tempo uma parte significativa dos imigrantes polacos se envolveu com a indústria têxtil. Além de Brusque, os polacos se estabeleceram principalmente nas áreas rurais das cidades de Blumenau, Canoinhas, Criciúma, Indaial, Itaiópolis, Mafra, Massaranduba e São Bento do Sul, onde deixaram nítidas marcas da sua cultura, difundida no forte dogmatismo religioso, na arquitetura, no transporte, na culinária e nos costumes.

Um dos pontos de atração dos poloneses para Santa Catarina, bem como para outros estados do sul do Brasil, era a possibilidade de liberdade. Usufruir de liberdade era algo inédito para os polacos – assim considerados aqueles que nasceram no território que hoje integra a Polônia -, ainda que, de uma forma ou de outra, devessem prestar contas como cidadãos brasileiros. Aqui eles podiam falar livremente em seu idioma, cultuar suas tradições, religião e costumes, sem se sentirem vigiados.

Mas as coisas não foram fáceis por aqui. Tiveram que se acostumar com o clima, que é muito diferente da Polônia. Igualmente foi difícil se acostumarem com a nova alimentação. Até do açúcar eles sentiam falta, pois lá na Europa era feito da beterraba. Eles ficaram frustrados também com o abandono do governo, e se pudessem muitos teriam voltado. Mas como? O pouco dinheiro que tinham logo acabou.

Passados alguns anos, as coisas começaram a melhorar. Os imigrantes plantaram e a terra virgem produzia os alimentos. Havia caça e pesca em abundância. Difícil era o dinheiro. Por isso, feito o plantio a família ficava cuidando da roça e o chefe da família saía para procurar trabalho onde pudesse ganhar algum dinheiro para comprar o que a terra não produzia, como sal, tecidos, querosene e ferramentas. Os que tinham profissão encontravam trabalho na região central, como nas tecelagens, por exemplo, e os que não tinham aceitavam qualquer trabalho. Para superar era mesmo necessário ser um herói.

 

 

Colabore com o município
Envie sua sugestão de pauta, informação ou denúncia para Redação colabore-municipio
Artigo anterior
Próximo artigo