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199 anos de imigração alemã no Brasil

Em 2024, comemoramos, oficialmente, os 200 anos de imigração alemão no Brasil, que teria começado por São Leopoldo (RS) no ano de 1824. No nosso estado, vamos receber os primeiros imigrantes alemães no final do ano de 1828 e, em 1829, temos a fundação de São Pedro de Alcântara, considerada a primeira colmeia alemã em […]

Em 2024, comemoramos, oficialmente, os 200 anos de imigração alemão no Brasil, que teria começado por São Leopoldo (RS) no ano de 1824. No nosso estado, vamos receber os primeiros imigrantes alemães no final do ano de 1828 e, em 1829, temos a fundação de São Pedro de Alcântara, considerada a primeira colmeia alemã em Santa Catarina. A imigração alemã foi fruto de uma decisão política e, durante alguns anos após a independência do Brasil, o foco foi recrutar soldados e marinheiros mercenários, com o objetivo de formar o exército e a marinha brasileiros.

Martin Norberto Dreher, um pastor luterano, tradutor e professor que publicou mais de 50 livros, ao escrever sobre o assunto questiona se não houve alemães no Brasil antes dos de São Leopoldo. E ele mesmo responde: certamente os houve! No século XVI, em São Vicente (SP), encontramos Eobano Hessus, atuando em uma feitoria. Logo nos deparamos com Hans Staden em Bertioga. No Nordeste encontraremos a família Lins e teremos que lembrar que a Inquisição prendeu Anna Lins, por ser luterana, e a enviou para Lisboa, onde foi submetida a um auto da fé e, depois, executada. E continua: Em Pernambuco encontramos a família Holland, os de Holanda. No século XVIII, o Marquês de Pombal colocou alemães em Macapá. Em Sorocaba, alemães e suecos trabalharam na fundição de Ipanema. Ali morou Francisco Adolfo de Varnhagen que escreveu uma História do Brasil, contando os feitos de Dom Pedro I.

De acordo com Dreher, com a vinda da Família Real, muitos oficiais de língua alemã chegaram ao Brasil, número que aumentou com a chegada da comitiva de Maria Leopoldina da Áustria, esposa de Dom Pedro I, nossa primeira imperatriz. Leopoldina foi fundamental no processo de independência do Brasil. Von Oyenhausen, um dos oficiais que chegou com a comitiva de Leopoldina, foi governador de São Paulo. O Major Boehm organizou o exército brasileiro. Em 1818, foram fundadas as colônias de Frankental e Leopoldina no Sul, na Bahia. Poder-se-ia continuar nomeando alemães, sem esquecer de Johann Moritz von Nassau Siegen, governador da colônia neerlandesa no Recife no século XVII.

Mas, oficialmente, a imigração de língua alemã continuada no Brasil iniciou em 1824. Primeiro em Nova Friburgo/RJ (maio), e depois em São Leopoldo/RS. Os primeiros imigrantes de língua alemã, num total de 39 pessoas, sendo 33 luteranos (protestantes) e 6 católicos, chegaram a São Leopoldo no dia 25/07/1824. Lá não se teve mais o latifúndio, e sim a pequena propriedade familiar.

Os primeiros falantes da língua alemã que chegaram a São Leopoldo eram dinamarqueses, que haviam fugido dos latifúndios de Schleswig-Holstein para Hamburgo e lá foram tirados de prisões por von Schaeffer e embarcados para cá. Von Schaeffer foi o principal responsável pela vinda das primeiras levas de imigrantes alemães para o Brasil. Ele era articulado, inteligente, poliglota e adepto de ideias liberais. Amigo da Imperatriz Leopoldina e ligado à maçonaria, rapidamente entendeu-se com José Bonifácio, influente ministro de Dom Pedro. A segunda leva que chegou a São Leopoldo veio das casas de correção e prisões de Mecklenburg-Schwerin, que, assim como Schleswig-Holstein, foi incorporado pela Prússia ao Reino da Prússia anos depois.

E, ainda de acordo com Dreher, se olhamos as relações de imigrantes “alemães”, se constatará que muitos deles nasceram na Suíça, outros vieram da Áustria, da Hungria, da Bessarábia (Romênia), da Sibéria (Rússia), de Luxemburgo, da França (Alsácia-Lorena), da Ucrânia, da Prússia Oriental (hoje Polônia), da Silésia (hoje parte da Silésia integra a Eslováquia). Também boêmios, que agora fazem parte da República Tcheca, e holandeses. Entre os falantes da língua alemã não dá para esquecer dos trentinos, uma vez que a língua do Tirol era o alemão. Todos esses são nossos “alemães”, afirma Dreher.