Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Dados históricos: 66% dos colonizadores de Brusque eram italianos

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Dados históricos: 66% dos colonizadores de Brusque eram italianos

Rosemari Glatz

Colonizada inicialmente por imigrantes alemães, aos quais se somaram os poloneses e os italianos, Brusque hoje é uma cidade miscigenada. Ainda assim, em 2022 perto de 50% dos estudantes da Unifebe se declaram descendentes de italianos. Mostra que a região preserva bastante da composição étnica que se constituiu a partir do ano de 1875, quando os italianos começaram a chegar por aqui.

A política oficial de colonização no Brasil era de 1820 e, com o término da Guerra do Paraguai em 1870, as atenções do Governo se voltaram novamente para a questão da imigração, numa tentativa de povoar o interior. Como o fluxo imigratório para o Brasil havia diminuído, o Governo passou a adotar providências para incrementar novas correntes migratórias, medidas que despertassem a atenção do homem do campo europeu para uma melhoria da sua situação econômica nas terras do interior brasileiro. Com esse objetivo, em 1874, foi firmado um contrato entre o Império do Brasil e o Comendador Joaquim Caetano Pinto Júnior, conhecido como Contrato Caetano Pinto.

As cláusulas do referido contrato estimulavam a imigração europeia, pois eram atrativas para as populações que na sua pátria sofriam com os problemas decorrentes de uma situação econômica desfavorável, agravada pela exiguidade do espaço físico dos lotes de terra. Na Itália, normalmente o lote não pertencia àquele que cultivava a terra que, além de tirar o sustento para a sua família, ainda pagava aluguel pelo seu uso. Aliciados por agenciadores e atraídos pela possibilidade de ser o proprietário e pela fertilidade das terras, a partir de 1875 o Império do Brasil passou a receber novo contingente de imigrantes, quase todos italianos.

Em Brusque, os primeiros 108 colonos italianos chegaram em 1875. Eram umas vinte famílias originárias de Valsugana e de Monza, e a partir de então a região passou a ser colonizada também com imigrantes italianos. Graças às boas informações prestadas pelos que se estabeleceram aqui primeiro, no ano seguinte (1876), foi um contínuo chegar de gente do Trentino, da Lombardia e do Vêneto.

Os lotes junto à sede já estavam ocupados pelos alemães, cuja chegada oficial se deu a partir de 1860. Das terras destinadas à colonização, restou a periferia. Assim, as áreas de concentração de elementos italianos foram as localidades de Cedro; Águas Negras, Porto Franco e Ribeirão do Ouro (ambos em Botuverá); Alferes (hoje Nova Trento), e um pequeno grupo foi instalado na localidade de Lageado Alto (Guabiruba).

O número de imigrantes que chegou em Brusque por força do Contrato Caetano Pinto não é conhecido com exatidão, mas se sabe que entre os anos de 1875 e 1877 entraram 5.616 imigrantes. Quanto à procedência, a maioria veio do norte italiano: Vêneto, Piemonte, Lombardia e Trento (Tirol). Alguns desses imigrantes eram bilíngues, falavam o alemão e o italiano, outros, somente o italiano.

Em 1875, a população de Brusque era de 4.568 habitantes. Em 1976, Ayres Gevaerd publicou que a situação estatística da população de Brusque no ano de 1876 era de pouco mais de 8 mil habitantes, com a seguinte nacionalidade: 2.620 alemães; 2.214 austríacos (assim denominados os imigrantes trentinos vindos do Tirol, atual norte da Itália); 2.018 italianos; 996 brasileiros; 36 ingleses; 25 espanhóis; 18 portugueses e 7 belgas. 154 habitantes eram de outras nacionalidades.

Passados menos de três anos, a população de Brusque chegou a cerca de 11 mil habitantes. Considerando que a imigração alemã havia estagnado, e que os poloneses só chegariam em quantidade a partir de 1889, podemos concluir que em 1878 aproximadamente 66% da população era etnicamente italiana, e essa superioridade quantitativa prevalece até os tempos atuais. Basta prestar atenção aos sobrenomes.

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