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Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Brusque: 153 anos de imigração polonesa no Brasil

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Brusque: 153 anos de imigração polonesa no Brasil

Rosemari Glatz

No próximo dia 25 de agosto celebramos os 153 anos de imigração polonesa no Brasil, que começou por Brusque em 1869 num tempo em que a Polônia havia desaparecido do mapa.

Desde a constituição da Polônia, em 966, os poloneses vivenciaram muitas mudanças. A situação geográfica, fragilizada por ser um país de extensas planícies e destituída de proteções naturais, modelaram a vida e a história da Polônia.

As constantes disputas que envolveram o país durante séculos fizeram com que, em 1795, a Polônia desaparecesse do mapa político da Europa, na chamada Terceira Partilha da Polônia. A resistência polonesa foi esmagada e todo o território foi dividido entre Rússia, Áustria e Prússia. À Rússia coube a área de 120.000 km² e 1,2 milhão de pessoas, aos prussianos a área de 55.000 km² e 1 milhão de pessoas incluindo Varsóvia, aos austríacos coube 47.000 km² com 1,2 milhão de habitantes mais Lublin e Cracóvia. O Reino da Polônia deixou de existir. Todo o território polaco permaneceu dividido entre os Impérios Austro-Húngaro, da Prússia e da Rússia durante 123 anos, ao longo dos quais houveram várias tentativas militares e políticas do povo polonês para romper com a opressão.

A mais longa revolta polonesa contra a Rússia começou em janeiro de 1863, e os últimos insurgentes foram capturados apenas em 1865. Esta insurreição ficou conhecida como “Levante de Janeiro”. Depois do fracasso da revolta, seguiram-se severas represálias. Pessoas foram executadas e milhares foram exilados na Sibéria. Ao todo, cerca de 70.000 pessoas, homens e mulheres, foram aprisionados e, posteriormente, enviados para fora da Polônia: para o interior da Rússia, para o Cáucaso, Urais e outras regiões. O governo confiscou todas as propriedades e fundos da igreja, fechou monastérios e conventos. Com exceção das instruções religiosas, todos os outros estudos nas escolas eram feitos no idioma russo, que se tornou a língua oficial, obrigatoriamente usado em todos os cargos do governo local e geral. Os vestígios da antiga autonomia polonesa foram removidos e o reinado foi dividido em dez províncias, cada uma com um governador militar russo designado e todas sob o completo controle do Governador-Geral de Varsóvia. Os antigos funcionários do governo foram destituídos de suas posições. O fracasso da insurreição pela independência resultou na maciça emigração dos perseguidos e oprimidos poloneses: França, Estados Unidos e Brasil foram os principais destinos. Data desta época o início da emigração polonesa para o Brasil.

Em agosto de 1869, Brusque recebeu o primeiro grupo organizado de imigrantes poloneses, o que faz de Brusque o “Berço da Imigração Polonesa no Brasil”. Eles eram agricultores vindos da aldeia Stare Siołkowice (em alemão: Alt Schalkowitz), na Alta Silésia, sudeste da Polônia, região que, desde 1742, estava tomada pela Prússia.

Mas foi em 1890-1891 que ocorreu a emigração maciça de poloneses para o Brasil. O movimento ficou conhecido como “febre emigratória brasileira” e foi motivado, principalmente, pela crescente superpopulação do campo e pelo agravamento dos problemas sociais e econômicos na Polônia. A maioria das pessoas que emigraram nesta época viviam nos territórios que, após as Partilhas da Polônia, couberam aos Impérios Russo e Austro-Húngaros. Eram principalmente agricultores, com famílias e até aldeias inteiras emigrando.

Mesmo destituídos de seu país e divididos entre seus invasores durante 123 anos, os poloneses conseguiram manter as suas tradições, laços de cultura, identidade e valores. A resiliência do povo polonês moldou a sua essência cidadã, foi efetiva para a preservação da identidade da nação, e essencial para a recuperação da independência da Polônia ao final da Primeira Guerra Mundial, em 11/11/1918.

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