Brusque em 1907: dados e fatos
Tendo como diretores Rodrigo Octavio e o pintor Henrique Bernardelli, e como editores proprietários E. Bevilacqua & Companhia, surgiu, em março de 1904, no Rio de Janeiro, a revista Renascença. Publicada em papel couchê, repleta de ilustrações e com a colaboração de vários escritores, a Biblioteca Nacional possui 53 dos 55 exemplares publicados, que tiveram […]
Tendo como diretores Rodrigo Octavio e o pintor Henrique Bernardelli, e como editores proprietários E. Bevilacqua & Companhia, surgiu, em março de 1904, no Rio de Janeiro, a revista Renascença.
Publicada em papel couchê, repleta de ilustrações e com a colaboração de vários escritores, a Biblioteca Nacional possui 53 dos 55 exemplares publicados, que tiveram publicidade mensal, entre março e setembro de 1908. Uma particularidade da revista Renascença é trazer, ao final de muitos artigos, ou, ao final de cada um dos poemas publicados, o “autógrafo” de seu autor.
A edição de nº 42, publicada em agosto de 1907, traz uma série de artigos sobre Blumenau, Florianópolis, Itajaí, Joinville e São Francisco do Sul. Aquela edição da revista traz, também, um artigo, de uma página sobre Brusque, o qual aqui transcrevo, sinteticamente, e com a escrita atualizada aos dias de hoje.
Brusque – 1907
A Colônia de Brusque foi fundada no ano de 1860 pelo Barão de Schneeburg, debaixo da proteção do Governo Imperial Brasileiro. O território do município foi dividido em três distritos ou núcleos coloniais com as denominações de Gaspar, Cedro Grande e Porto Franco. Estes mesmos distritos foram, por sua vez, divididos em linhas e lotes, tendo hoje (1907), um total de 2.273 lotes dos quais 63% estão pagos.
Origem dos colonizadores
Foram introduzidos colonos das nacionalidades italiana, alemã e austríaca: Bolonheses, Pomeranos, Badenses, Tiroleses e Trentinos, o que tem contribuído para o desenvolvimento agrícola que já se nota neste município (em 1907).
Ligação com outras cidades
A sede de Brusque está ligada a cidade de Itajaí pela estrada de rodagem Betim Paes Leme (atual Rodovia Antonio Heil), com um desenvolvimento de 38 km. Também está ligada à cidade de Blumenau e à Villa de Nova Trento. Ainda se aproveita a viação fluvial pelo rio Itajaí-mirim, que é feita com o auxílio de lanchas, entre estas uma com motor a petróleo.
Desenvolvimento econômico
O comércio de Brusque tem acompanhado o desenvolvimento da lavoura do município. Assim é que as mais importantes firmas comerciais de Brusque importam diretamente diversos produtos da indústria alemã e “exportam” (vendem para outras cidades e estados) para quase todas as principais praças de consumo brasileiras, os produtos da sua lavoura. Contribuem principalmente as “exportações” de madeira, que vem em primeiro plano e, em seguida, o açúcar, a farinha de mandioca, a aguardente, o álcool, os tecidos de algodão, os produtos farmacêuticos, a cera, o mel, a manteiga, a banha, os ovos, o milho, o polvilho, o fumo, charutos, etc.
A indústria também não é descurada, pois além do grande estabelecimento de fiação do Sr. Carlos Renaux, fábrica bem montada, nota-se uma fábrica de tricotagem, assim como diversos teres movidos a mão. Contam-se ainda: olarias, oficinas de carros e carroças, marcenarias e tanoarias (fábrica de vasilhames em madeira para o armazenamento do vinho e aguardente/cachaça), e um número considerável de engenhos de serra.
Ensino
O ensino elementar é ministrado em cerca de 20 escolas, atendendo cerca 600 alunos, no total. Na sede de Brusque, além de duas escolas públicas de ambos os sexos, existem mais três particulares.
Área e População em 1907 e em 2020
Em 1907, a área territorial de Brusque era de 2.200 km² e, em 2020, é de 283 km². Segundo recenseamento, a população de Brusque em 1900 era de 9.124 almas, sendo 2/3 de alemães e italianos, e 1/3 brasileiros. Em 2020, a população estimada de Brusque é de 134.723 habitantes, sendo considerada a 12ª maior do estado de Santa Catarina.
Fonte: Renascença: revista mensal de letras, ciências e artes.
RJ, Ano 1907\Edição 0042 (2). Disponível na Biblioteca Nacional Digital, em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=138622&pesq=